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Comportamento

Na varanda de casa, cesárea salva Deise e emociona médica do Samu

Paula Maciulevicius | 04/02/2016 19:07
A cada hora que pode, médica vai visitar menininha, que segue na Pediatria do Pronto Socorro. (Fotos: Arquivo Pessoal)
A cada hora que pode, médica vai visitar menininha, que segue na Pediatria do Pronto Socorro. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Na madrugada desta quinta-feira, Deise veio ao mundo de forma inesperada. Nasceu pelas mãos da médica e de socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) na varanda de casa, no bairro Coronel Antonino, em Campo Grande. Em meio à tristeza de perder a mãe, a equipe toda sorriu ao ver que a menininha já nasceu guerreira.

O chamado entrou para a viatura avançada do Samu, que conta com médico, por volta das 4h da manhã, em "código terceiro", que indica que o caso é urgente. Do outro lado da linha, a informação era de que uma paciente em parada cardíaca, uma gestante de 35 anos.

"Aí a gente já se prepara de outra maneira, sabe que tem que levar material para um possível parto", descreve a médica socorrista do Samu, Vânia Esteves Silva. Quando a equipe chegou, a primeira viatura do Samu já prestava socorro e tentava reanimar a paciente, Rosângela.

Deise ainda não sabe, mas segura com a mãozinha o dedo de quem a salvou.
Deise ainda não sabe, mas segura com a mãozinha o dedo de quem a salvou.

"Ela estava caída na varanda de casa, a gente chegou e continuou a reanimação dela. Ela estava com a pupila aberta e sem reação. O monitor não mudou em nenhum momento...", explica Vânia. A família não sabia, em meio ao nervosismo, precisar há quanto tempo Rosângela estava em parada cardíaca até a chegada do socorro.

"Se a gente continuasse ali, corria o risco de perder as duas. A gente tinha que optar, pela condição clínica da mãe. Então optei por fazer a cesariana ali mesmo, na varanda", conta a médica. Este foi o primeiro caso assim do Samu, de cesariana de emergência. Nos oito anos de ambulância de Vânia, a médica já realizou diversos partos normais em carros ou em casa mesmo, onde não houve tempo de chegar ao hospital.

Do pedido da bandeja de cirurgia até a retirada do bebê, o relógio marcou minutos. "Foi rápido, em 1 minuto eu estava com o nenê na mão". A parada cardíaca da mãe não dava outra opção à equipe. "O neném também nasceu em parada cardíaca, tecnicamente, ele estava morto dentro da barriga da mãe. Passamos então a reanimar o bebê".

A concentração no neném salvou Deise, emocionou Vânia, a enfermeira Marcela Bertoldi de Melo e o socorrista César Lemes. "O bebê voltou e foi emocionante. Corremos para estabilizá-lo e saímos. Avisamos a central que ele tinha sido reanimado com sucesso, mas precisava se deslocar para o hospital mais próximo", descreve a médica.

Deise deu entrada na Santa Casa às 4h39, na UTI neo-natal e está internada na Pediatria do Pronto Socorro até o momento. Vânia, por coincidência, está de plantão no Pronto Socorro do mesmo hospital e a hora que pode, vai ver a menina que nasceu em suas mãos.

Mãe de duas meninas, de 5 e 2 anos, ela sabe que na hora precisava pensar como médica, mas o coração de mãe bateu forte. "Depois todos nós ficamos arrasados. Não sabíamos se ficávamos contentes ou tristes. Foi uma tragédia, mas saber que você e sua equipe ajudaram a salvar pelo menos uma vida... Não conseguimos salvar as duas. Mas ela é fofa, muito bonitinha e dá uma felicidade!", narra.

Deise ainda não foi registrada, mas o pai já tem o nome definido: Deise Laudirce Alves da Silva Rojas. A família se divide entre hospital e a funerária, porque o corpo da mãe, Rosângela, já está sendo velado. Rosângela havia procurado, na madrugada, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Coronel Antonino, foi atendida e liberada. Em casa, voltou a se sentir mal. 

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