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Comportamento

Nem ataque derrubou Rômulo e HIV virou só um detalhe em sua vida

Rômulo conta como deu a volta por cima depois de ser exposto na internet por ter o vírus HIV

Thailla Torres | 17/05/2021 06:05

O barbeiro Rômulo Laines Camargo Pilotto é campo-grandense, tem 24 anos e foi diagnosticado com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) em 2017. Ele se lembra perfeitamente como chegou até o laboratório em busca de respostas para sintomas que não melhoravam. O resultado veio dias depois como uma escuridão na vida de Rômulo. Mas no contexto do sofrimento e vulnerabilidade não só física, mas emocional, em que pessoas com HIV podem chegar, o barbeiro deu a volta por cima e decidiu falar abertamente sobre o assunto para ajudar quem vive com o vírus. Esse recomeço ele conta no Voz da Experiência.

Rômulo com as medicações que toma diariamente durante tratamento. (Foto: Arquivo Pessoal)
Rômulo com as medicações que toma diariamente durante tratamento. (Foto: Arquivo Pessoal)

Descobri o HIV em março de 2017. O que me levou a fazer o teste de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) foram inúmeras tonturas no horário de trabalho. Uma semana depois comecei com uma leve irritação nas amígdalas que permaneceu por três dias e foi piorando como uma gripe forte. Passei duas semanas de cama chegando tomar dois antigripais para tentar melhorar, além muita náusea e diarreias. Foi quando percebi que algo estranho acontecia comigo. Na terceira semana de sintoma tive uma melhora e resolvi fazer o teste de ISTs.

Fiz o teste em um laboratório, mas não soube o resultado positivo no primeiro momento pois minha mãe foi quem viu meus exames. Tudo ocorreu no mês do Carnaval de 2017 em que eu precisava acompanhar minha mãe no interior de São Paulo.

Minha mãe soube do meu resultado, mas não me disse a verdade. Falou apenas que era colesterol alto, mas que eu deveria repetir o exame. Passou Carnaval e voltei a Campo Grande, foi quando minha mãe me chamou para conversar dizendo que não era colesterol e sim que havia dado positivo para HIV, e que teria que repetir o exame. Assim fiz.

Hoje Rômulo quer falar do assunto abertamente.
Hoje Rômulo quer falar do assunto abertamente.

Lembro-me que peguei o exame e estava ao lado da minha irmã antes de passar no médico. Na curiosidade e desespero decidi conferir antes o resultado. Quando li reagente meu mundo caiu como um prédio desmoronando sobre minha cabeça. Minha visão se escureceu e eu só ouvia minha voz dizendo que ia morrer para minha irmã, sem entender nada e leigo sobre assunto, sem saber em que médico passar e a luta diária que teria que enfrentar e o medo da rejeição e preconceito.

Naquele momento eu falei várias vezes que iria morrer. Durante um mês vivi entre 4 paredes refletindo sobre minha vida e levantando nas madrugadas com choros e gritos. Passei a ter ansiedade e depressão no segundo  mês após o diagnóstico.

Só me levantei quando passei a fazer o tratamento certinho. Procurei estudar mais sobre a doença e recebi apoio de amigos e familiares.

No começo de 2020 tive um relacionamento complicado e abusivo, onde fui exposto pelo ex numa hashtag do Twitter chamada #exposedCG com uma mensagem que dizia sobre ter a vírus.

Desde o começo do namoro a pessoa sabia da minha sorologia. Conforme os dias foram passando comecei a receber muitas mensagens com questionamento se sou HIV positivo. Foi quando decidi assumir minha sorologia nas redes sociais e lutar contra o preconceito que ainda existe. Decidi lutar por aqueles que vivem com HIV, por crianças que nascem e mostrar que o HIV não é mais um tabu no meio da sociedade.

Hoje minha relação com o HIV é diferente e ele é só um detalhe sobre minha vida. Sim, ainda existe preconceito no mundo que vivemos e é por isso que estou aqui para abraçar essa ideia. HIV não é um bicho de sete cabeças e o melhor de tudo é transbordar e ensinar o amor para seguir em frente de forma saudável e feliz.

Teve uma mudança ou experiência transformadora em sua vida? Mande seu relato para a nossa série Voz da Experiência através do Facebook, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.

Hoje minha relação com o HIV é diferente e ele é só um detalhe sobre minha vida.
Hoje minha relação com o HIV é diferente e ele é só um detalhe sobre minha vida.


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