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Comportamento

O povo até se benze, mas feirante resiste vendendo imagem de Exu

Além de incensos, pedras e banhos, Efigênia vende imagens de bruxas, duendes e imagens de entidades da umbanda

Por Clayton Neves | 19/07/2025 07:32
O povo até se benze, mas feirante resiste vendendo imagem de Exu
Aos 47 anos, Efigênia vende artigos esotéricos e religiosos de matriz africana. (Foto: Juliano Almeida)

Em meio às barracas de pastel e verduras da Feira do Trilho, no Bairro Rita Vieira, uma banca se destaca pelo cheiro dos incensos, mas também pela coragem de quem está por trás dela. Aos 47 anos, Efigênia Rampagni Fernandez  vende artigos esotéricos e religiosos de matriz africana, e defende com firmeza e afeto o direito de existir, mesmo diante de olhares tortos, cochichos e até gente que passa fazendo o sinal da cruz.

“Tem pessoas que olham minha barraca e quando veêm as imagens de Exu, Zé Pilintra, Preto Velho, se benzem e até falam que isso aqui é coisa do diabo. Eu ouço isso, mas eu não ligo. Não falo nada, apenas sigo firme”, conta.

Umbandista de berço e com 30 anos de vivência religiosa, Efigênia faz do seu pequeno espaço um templo de acolhimento, sabedoria ancestral e fé.

O povo até se benze, mas feirante resiste vendendo imagem de Exu
Incensos, pedras e imagens são levados com cuidado para todas as feiras que a empreendedora participa. (Foto: Juliano Almeida)

Natural de Corumbá, ela chegou a Campo Grande há cerca de cinco anos. Durante uma fase difícil da vida, ela diz que encontrou nas feiras e no artesanato um recomeço. “Vim pra cá e entrei em depressão, não conhecia ninguém. Aí comecei a fazer artesanato”, conta.

Hoje, ela pinta imagens religiosas da umbanda, produz incensos artesanais, sabonetes, duendes, bruxas, banhos de descarrego e velas com sal grosso, tudo com um cuidado místico que reflete sua ligação profunda com o sagrado.

Os produtos têm preços variados, desde incensos artesanais a R$ 5, até imagens de R$ 140. Na banca cheia de axé, dá para comprar variedade de velas, pedras e objetos de proteção. No entanto, muito além do que vender, Efigênia oferece acolhimento e orientação espiritual, contrariando comentários de quem só sabe julgar.

O povo até se benze, mas feirante resiste vendendo imagem de Exu
Alem de Exu, barraca tem Preto Velho, Zé Pilintra e diversas outras imagens. (Foto: Juliano Almeida)

“De vez em quando dou umas consulta básica para quem precisa. Às vezes passa uma pessoa tristinha, e você sente que precisa falar, ajudar com um banho, um ensinamento. Estou aqui pra isso”, comenta.

Apesar dos desafios, ela segue ocupando seu lugar com coragem. “Das feiras, acho que sou a única que coloca as imagens sem esconder. A maioria coloca uma pedrinha, uma bolsa no meio pra disfarçar. Eu não, coloco tudo e o pessoal sai abençoando o corpo com o axé”, conta.

Efigênia marca presença em diversas feiras e praças de Campo Grande, está no Rita Vieira nas quintas e também faz a Bosque da Paz, Ziriguidum e Borogodó. Para além dos produtos, Efigênia afirma que oferece vivência.

O povo até se benze, mas feirante resiste vendendo imagem de Exu
Efigênia é de Corumbá e está há 5 anos em Campo Grande. (Foto: Juliano Almeida)

“Enquanto tem gente que aponta e julga aquilo que não sabe, eu permaneço aqui oferecendo amor, tentando ajudar o próximo da melhor maneira que eu conseguir. Tenho maior orgulho da minha religião porque ela é sobre isso, sobre o amor”, finaliza.

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