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Comportamento

Página sobre empresário tem acesso recorde, mas "homenagem" incomoda

Elverson Cardozo | 15/04/2014 06:55
Até o fechamento desta reportagem, página já tinha 17.272 mil seguidores. (Foto: Reprodução/Facebook)
Até o fechamento desta reportagem, página já tinha 17.272 mil seguidores. (Foto: Reprodução/Facebook)

Em situações de perda, enquanto alguns utilizam a internet para aplacar a dor, compartilhando mensagens, vídeos e fotos, outros querem se ver longe dela. É o caso da família de Erlon Peterson Pereira Bernal, de 32 anos, assassinado brutalmente por um bando especializado em roubo de carros, no início deste mês, em Campo Grande.

Os parentes, pelo menos os mais próximos, vivem uma situação complicada. No Facebook, uma página com o nome de Erlon, criada no dia 8 de abril, já tem mais de 17 mil seguidores e virou um verdadeiro "muro de lamentações" de desconhecidos, com exageros que incomodam.

O problema é que, pelo visto, a tentativa de “homenagem”, se era esse o objetivo, não agradou. “Eu preciso saber quem fez isso. Se vocês puderem me avisar... Estou sofrendo muito por causa desse negócio. Não foi ninguém da família, porque não temos interesse”, diz o pai do empresário, o comerciante Lino Bernal.

Ele não chegou a ler o conteúdo, porque ainda não teve coragem, mas ouviu comentários logo após o enterro do filho e ficou surpreso. “Não tenho nada contra, mas soube que estão divulgando coisas que não é verdade. Falando até que ele enfrentou os bandidos e não tinha medo de morrer”, desabafa, ao dizer que o conforto veio antes e não depende de atitudes como essa. “Não sei se é um oportunista, mas eu sofro mais com isso”, completa.

Mensagens de apoio - Pelo teor das mensagens, o (a) responsável pela Fan Page, possivelmente um membro da CCB (Congregação Cristã no Brasil), a criou com a melhor das intenções.

Fotos e notícias sobre o caso são compartilhadas diariamente. (Foto: Reprodução/Facebook)
Fotos e notícias sobre o caso são compartilhadas diariamente. (Foto: Reprodução/Facebook)

Apresenta Erlon como um “servo do senhor que cumpriu sua missão terrena”, pede justiça, relembra o funeral que atraiu mais de 2 mil pessoas, compartilha notícias sobre o caso, alerta para a impunidade e divulga até fotos da vítima ao lado da esposa e dos filhos.

Com isso, a caba gerando um clima de comoção e provocando discursos emocionados. “Muita crueldade fazer isso com um pai de família e deixar dois anjinhos sem pai tão cedo, mas a justiça divina vai ser feita. Deus é fiel”, escreve a usuária Joana Darc Martins Rafael.

“[...] Estou tão triste e fragilizada com tamanha monstruosidade que sinto uma cratera aqui dentro do meu peito. É como se tivessem enfiado as mãos e tirado um pedaço do meu coração”, diz Solange Martins Meira.

Pai de Erlon, Lino Bernal, disse que ficou surpreso com a página. (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)
Pai de Erlon, Lino Bernal, disse que ficou surpreso com a página. (Foto: Cleber Gellio/Arquivo)

A maioria dos seguidores comenta que ficou comovida com a morte e revoltada com o crime. Entre as declarações, depoimentos de moradores de outros estados e países.

“Aqui en España tambien estamos muy triste con lo que paso. La verdad que damos sin palabras. Que Dios pueda consolar el corazón de la familia. Par nosotros aquí fue como un chok cuando vimos las noticias”, conta Meire da Silva.

Lino Bernal acredita que o (a) responsável tenha criado isso “movido por forte emoção” e por gostar do empresário, mas comenta que a família deveria, pelo menos, ser consultada. “Eu não gostei muito. Expõe mais a gente”, conclui.

"Consolação?" -  Na própria página, o administrador, em publicação do dia 10 de abril, pergunta de onde (qual região) os seguidores curtem a Fan Page e deixa claro que o objetivo é "promover a consolação para que todos os amigos e amados da CCB".

Mas, na verdade, parece algo para reforçar a fé na Igreja, porque chega a citar, inclusive, o que nem a polícia divulgou: "Nas últimas palavras antes de ser assassinado, [Erlon disse] "podem me matar, pois sei que vou morar com o grande Deus que sirvo na Congregação Cristã no Brasil".

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