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Comportamento

Para continuar ofício do avô, neta vai a Okinawa aprender a fabricar sanshin

Instrumento é de origem japonesa e, em Campo Grande, só há uma pessoa que sabe fabricá-lo

Thaís Pimenta | 25/03/2018 08:50
Sarita Sayuri com o sanshin de seu avô, que foi a pessoa que lhe ensinou a tocar o instrumento. (Foto: Thaís Pimenta)
Sarita Sayuri com o sanshin de seu avô, que foi a pessoa que lhe ensinou a tocar o instrumento. (Foto: Thaís Pimenta)

Sarita Sayuri Shirado Michels, de 27 anos, é uma jovem que tem consciência da importância de manter viva a cultura trazida pela família de Okinawa para o Brasil. Aos 26 anos, ela notou o que pouca gente percebe, que os métodos para preservar a música de seus ancestrais, tocadas com o sanshin, uma espécie de violão japonês, estava se perdendo.

Por isso, foi atrás de ajuda do governo brasileiro para conseguir uma passagem de ida à ilha de Okinawa, para aprender a fabricar o instrumento, que ela aprendeu a tocar com seu avô, já falecido. ''As pessoas que faziam ele aqui, que restauravam, eram quatro. Ano passado, três deles faleceram, ou seja, no futuro não teria ninguém aqui para fazer isso'', diz.

Para quem não sabe, o sanshin é um instrumento musical da província japonesa de Okinawa e precursor do shamisen. Frequentemente comparado ao banjo, tem um corpo feito de couro de cobra e de um braço com três cordas, as nakajiru, mijuru e uujiru.

Sarita mostra um dos 19  sanshin feitos na viagem. (Foto: Thaís Pimenta)
Sarita mostra um dos 19 sanshin feitos na viagem. (Foto: Thaís Pimenta)

Sarita voltou do Japão ontem, depois de um ano distante. Junto dela, uma mala carregada com 19 sanshins. ''Por sermos descendentes, conseguimos bolsa pra ir, porque Campo Grande tem muitas pessoas que vieram de lá. É uma parceria entre o Japão e o Brasil''.

No país, Sarita morou na casa de seu sensei, o Kishimoto, de 48 anos. ''Foi uma experiência muito incrível. Eu morava em uma espécie de fábrica que ficava na casa dele. Aprendi todos os detalhes da fabricação dele'', explica.

A continuação de uma arte, é também uma homenagem ao avô. ''Por meio da música e da cultura somos capazes de sentirmos emoções, de nos sentirmos seres humanos, por isso achei tão importante ir até lá e continuar esse legado, que o meu avô, Paulo Shirado, passou a mim e minhas primas''

O primeiro passo da jovem em Campo Grande é restaurar os instrumentos antigos, que já estão se deteriorando pelo tempo. Depois, ela quer criar uma oficina para ensinar os interessados dentro da Associação Okinawa. ''A gente deve montar uma apresentação também, no próximo mês', finaliza ela.

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