Pedido surpresa de filha para Papai Noel salvou família de ser despejada
Lorena, de 7 anos, mostrou a realidade da mãe e a dívida de R$ 5 mil que ameaçava tirar todos da casa

Esse ano, o pedido de Lorena Mendes Vilela, de 7 anos, ao Papai Noel surpreendeu a mãe, Fabíola Conceição Mendes, 35 anos, e impediu que a família fosse despejada da casa onde moram no bairro Jardim Anache. Na cartinha enviada ao projeto anual dos Correios, a menina pediu que o bom velhinho a ajudasse a pagar os aluguéis atrasados que somavam R$ 5 mil.
“A gente precisa, não temos onde ficar. Minha mãe está doente e eu fico muito triste com isso, fico triste vendo minha mãe assim”. No final do texto, Lorena ainda faz outro pedido, dessa vez para ela, mas só se o bom velhinho pudesse: um tablet de verdade. “É meu sonho”, ela escreveu.
Na casa alugada na Rua Minira Anache, Fabíola conta que os problemas com a saúde começaram aos 27 anos e se agravaram com o tempo. Lorena não comentou com a mãe sobre o conteúdo da cartinha e Fabíola não leu antes de mandar no site.
“Eu uso óculos e só enviei a cartinha, eu não li. Ela perguntou se iriam dar o presente dela. Ficava em uma angústia, eu reparando que ela não estava comendo direito, não tava dormindo. Não esperava que ela fosse fazer isso, nem é coisa de criança. A gente passa dificuldade, eu adoeci e tem 3 anos que estou desempregada. No meu ver não seria coisa de criança pedir, mas ela vê a situação difícil, ela vê faltar as coisas. Não temos um guarda-roupa. Uma televisão boa. Ela vê tudo isso”.
Segundo Fabíola, o pedido da menina e a vaquinha organizada depois de ela saber de tudo foram feitos exclusivamente para pagar as contas atrasadas. Ela, Lorena e os outros dois filhos, de 11 e 14 anos, tinham até esta quarta-feira (10) para ficarem na casa, caso Fabíola não pagasse.
“O dono do imóvel queria me despejar. Consegui pagar as dívidas, recebi R$ 4.990. Estou aliviada porque minha ansiedade ataca muito sem saber o que fazer”.
Tímida, Lorena é de poucas palavras. Repetiu o pedido da cartinha feita para o Papai Noel e disse estar feliz por ter conseguido.
“Pedi para ajudar minha mãe porque eu vejo ela assim e fico triste. Tô feliz que a cartinha fez sucesso. Pedi um tablet também. Eu adoro dar beijinho na minha mãe e abraço, durmo cheirando ela”. Devido à repercussão da carta, Lorena ganhou o tablet pedido de um "padrinho" e espera ansiosa para receber o presente.
Fabíola conta que Lorena é o chicletinho dela, que vive junto, é carinhosa e amorosa. “Minha companheirinha”. Essa é a segunda cartinha que a criança escreve ao bom velhinho. A primeira foi na escola no ano passado. Na data, ela ganhou um patins de presente.
Sobre os problemas de saúde, ela fala que tudo começou com dores no braço que viraram tendinite e bursite. A vaga para um especialista pelo SUS demorou anos e as dores causaram sua demissão do trabalho que tinha. “O médico disse que eu era muito jovem e que provavelmente, em cerca de três anos, teria complicações no outro braço.”
"Três anos depois tive, no direito, tendinite distensora espinhal e epicondilite medial no cotovelo. Eu trabalhava em uma fábrica de costura em Dois Irmãos do Buriti e fui dispensada enquanto ainda estava em tratamento. Tentei ingressar com um processo trabalhista, mas o advogado informou que, antes, seria necessário acionar o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), pois eu receberia o benefício enquanto o processo andasse".
Fabíola não conseguiu nenhum dos dois e ficou apenas com benefícios dados pelo governo. Mãe solo, ela comenta que a situação adoece ainda mais e que ela gostaria de voltar a trabalhar.
“Fiquei sem trabalhar e, nesse período, comecei a sentir dores intensas no joelho e também desenvolver fascite nos dois pés. Agora suspeitam de fibromialgia, mas o médico disse que ainda vai demorar pra me atender. Eu queria voltar a trabalhar, a minha vida. Quando eu trabalhava tinha tudo certo, coisas para as crianças, contas em dia”.
A saída de Dois Irmãos do Buriti aconteceu pelas consultas serem na Capital e não ter com quem deixar os filhos. “Essa casa na época era mais barata, mas com o passar dos anos subiu o aluguel. Aconteceu que chegou em um ponto que não consegui mais pagar”.
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