Pole dance virou esporte, mas preconceito ainda fala alto

Campeã mundial, brasileira e pan-americana de pole sport, uma vertente do pole dance, a atleta paulista Alessandra Rancan está em Campo Grande trazendo muitas medalhas e uma história de disciplina e amor pelo esporte que, apesar de exigir força e muita técnica, ainda enfrenta preconceito.

O pole sport, modalidade que ela representa em competições no Brasil e fora do País, é uma fusão de dança e acrobacia em uma barra vertical, uma versão mais técnica do pole dance. “É um esporte completo, que exige força, flexibilidade, resistência e expressão artística. É uma ginástica na barra vertical”, explica.

Antes de subir ao pódio mundial, Alessandra trilhou um caminho que começou ainda na infância, com o balé e a ginástica rítmica. Foram dez anos como ginasta, até que a faculdade e o trabalho na área administração de empresas afastaram a jovem dos treinos.

A paixão pelo pole surgiu em 2010, quando ela viu fotos de uma amiga competindo. “Foi amor à primeira vista. Lembrava muito a ginástica e eu me identifiquei na hora. Na primeira aula, já soube que eu queria fazer aquilo”, lembra.

Seis meses depois da primeira aula, Alessandra competiu pela primeira vez, e venceu. De lá para cá,ela nunca mais parou. Hoje, a atleta acumula dezenas de conquistas na área, entre elas, oito títulos brasileiros, duas conquistas em duplas, o Pan-Americano de 2015 no México, e agora celebra o título de campeã mundial de Pole Sport, além do ouro no Pêndulo Acrobático e a prata na Lira Acrobática.

“É um sonho que eu carrego desde a ginástica. Sempre quis chegar a um mundial, e o pole me levou até lá”, afirma.

Apesar dos avanços, Alessandra sabe que a luta vai além das competições. O preconceito ainda é um obstáculo real. “O Brasil é um país de contrastes. Em cidades grandes, como São Paulo e Rio, o pole já é mais aceito, mas em regiões mais conservadoras, ainda existe muito julgamento”, comenta.

Segundo a atleta, a resistência aparece tanto pelo desconhecimento quanto pelos estereótipos. “Muita gente julga não ser coisa para homem e quando é mulher, ligam à vulgaridade. Inclusive, poucos homens héteros têm coragem de praticar por causa do preconceito”, pontua.

Mesmo sem ter sofrido diretamente ataques, Alessandra conta que muitas de suas alunas enfrentam esse tipo de situação. “Tem aluna que esconde das redes sociais porque o trabalho não pode saber que ela faz pole, por exemplo. É surreal, porque pra quem conhece de perto, sabe que é um esporte de altíssimo rendimento. Quando você perde o preconceito, passa a ver a beleza da técnica e da arte envolvidas”, afirma.

Hoje, Alessandra também dedica o tempo a dar aulas e promover workshops pelo País. Em Campo Grande, participa do MS Acro Fest, evento que acontece neste sábado (1º) e vai reunir 65 artistas em duas sessões no Teatro Aracy Balabanian.

“Meu objetivo é inspirar e mostrar que o corpo pode ser instrumento de liberdade, não de julgamento”, finaliza a campeã mundial.

O MS Acro Fest começa a partir das 16h. Os ingressos serão vendidos no local.

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