Ponta Porã cria jardim que transforma chuva em aliada contra enchentes
Cidade é única do Centro-Oeste selecionada em programa nacional de inovação climática
Imagine um jardim que, em vez de temer a chuva, a acolhe e transforma em aliada contra os alagamentos. Assim funciona o jardim de chuva, um espaço verde planejado com camadas de solo mais profundas, capazes de reter e infiltrar a água, ajudando a reduzir enchentes e a refrescar o ambiente urbano.
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Ponta Porã foi selecionada entre 29 cidades brasileiras para implementar um projeto inovador de jardim de chuva, uma solução verde que combate enchentes através de camadas de solo especialmente preparadas para reter e infiltrar água. A cidade é a única representante do Centro-Oeste na iniciativa da Fundação Grupo Boticário. O projeto piloto será instalado em frente à Escola Municipal Marly Rojas, em uma área inicial de 10 metros quadrados, com previsão de expansão para 6,9 mil metros quadrados. Com orçamento estimado em R$ 5 milhões, a proposta inclui ações de educação ambiental e participação comunitária.
A ideia vai além de ser uma solução paisagística e torna-se uma estratégia inteligente de adaptação às mudanças climáticas, já adotada em cidades como São Paulo. Com essa proposta, Ponta Porã foi uma das 29 cidades brasileiras selecionadas pela Incubadora de Projetos Solução Natureza, iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a C40 Cities.
O município sul-mato-grossense, que fica a 313 km de Campo Grande, destacou-se entre mais de 100 propostas enviadas de todo o país e conquistou o posto de único representante do Centro-Oeste na seleção. O projeto local, intitulado “Jardim de chuva em área pública”, vai receber suporte técnico e capacitação para ser implantado com base nas SBN (Soluções Baseadas na Natureza), práticas que utilizam os próprios recursos naturais para enfrentar desafios como enchentes, ondas de calor e períodos de seca.
Além dos benefícios ambientais, a iniciativa prevê ações de educação ambiental e a participação das escolas públicas, ampliando o impacto do projeto para além do espaço físico onde será construído.
Proposta - Segundo a secretária de Governo de Ponta Porã, Paula Consalter Campos, o projeto é gerido pelo NIPE (Núcleo de Inovação e Planejamento Estratégico), com gestão técnica da Secretaria Municipal de Obras.
“Considerando o perfil da cidade, decidimos propor um projeto de jardins de chuva com orçamento de até R$ 5 milhões”, explica a secretária. A ideia é implantar o projeto piloto em uma área de 10 metros quadrados, em frente à Escola Municipal Marly Rojas, e depois expandi-lo para até 6,9 mil metros quadrados.
Paula destaca que a proposta vai além da infraestrutura urbana. “Mais do que uma solução baseada na natureza, nossa meta é trabalhar com educação ambiental e inclusão da comunidade. É como criar um ecossistema de soluções integradas para enfrentar a crise climática”, afirma.
As cidades selecionadas participarão de mentorias e capacitações individualizadas, com preparação para apresentações de impacto (pitch) e conexão direta com financiadores nacionais e internacionais. O objetivo é aprimorar os projetos e ampliar as chances de captação de recursos.
Busca de financiamento - O pitch final está marcado para o dia 5 de novembro, em uma apresentação fechada para cerca de 180 representantes de bancos e instituições financeiras internacionais, com tradução simultânea. A secretária afirma que será a oportunidade de garantir o financiamento para a execução da proposta.
Os projetos também serão apresentados durante o C40 World Mayors Summit, que acontece em novembro, no Rio de Janeiro, dentro do Fórum de Líderes Locais da COP30 (30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU). O evento reunirá prefeitos, líderes climáticos, investidores e cientistas de todo o mundo.
De acordo com Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, a iniciativa busca “acelerar o surgimento de bons projetos e reforçar o papel da natureza como aliada das cidades na adaptação climática”.
A Incubadora de Projetos Solução Natureza conta ainda com o apoio do CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), da Aliança Bioconexão Urbana, da FNP (Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos), do Pacto Global de Prefeitos para o Clima e Energia, do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) e do World Resources Institute.
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