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Comportamento

Poucos sabiam que Jonir carregava um santo no nome e no coração

Mato Grosso do Sul se despede do artista Jonir Figueiredo

Bosco Martins* | 27/07/2025 09:49
Poucos sabiam que Jonir carregava um santo no nome e no coração
Jonir cresceu entre as águas e as artes.

Poucos sabiam que Jonir Figueiredo carregava um santo no nome e no coração. Jonir Benedito de Figueiredo, promessa feita por sua mãe ao povo de Cuiabá, onde fé e arte se entrelaçam como raízes profundas no cerrado.

RESUMO

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Jonir Benedito de Figueiredo, artista plástico sul-mato-grossense, faleceu em Bonito aos 73 anos. Filho do comandante Totó Figueiredo e Nhanhã, Jonir cresceu entre a arte e a navegação na Bacia do Prata. Conhecido por sua arte expressiva e singular, ele pintava "o tempo" com cores, palavras e gestos, eternizando a crônica sul-mato-grossense.Pilar do Movimento Guaicuru, Jonir desafiou o conservadorismo nos anos 60 e 70, renovando a arte visual no estado. Sua obra está registrada no livro "Vozes das Artes Plásticas". Jonir deixa um legado de rebeldia, beleza e cultura, imortalizado como um dos mestres da arte regional.

Neste domingo, 27 de julho, Mato Grosso do Sul se despede de um de seus filhos mais singulares e luminosos, que será sepultado. Jonir partiu em Bonito na madrugada de sábado (26), aos 73 anos, pouco antes de completar 74, no dia 23 de setembro.

Filho do comandante prático Totó Figueiredo, da lendária navegação da Bacia do Prata, e de Nhanhã, mulher de fé e força, Jonir cresceu entre as águas e as artes. Teve três irmãos: José, Joacir, e a irmã gêmea, Janice, como se já viesse do ventre em dupla, em contraste e harmonia.

Artista de essência inconfundível, Jonir não pintava apenas telas, pintava o tempo. Pintava com palavras, gestos, sons, silêncios. Com ele, a arte deixou de ser ornamento e virou grito, memória, provocação.

Disse a professora Maria da Glória Sá Rosa:

A arte de Jonir faz parte de um mural de narrativas nas quais se podem ler espaços da crônica da vida sul-matogrossense."

E assim é. Suas cores e traços estão eternizados no livro "Vozes das Artes Plásticas", publicado pela Fundação de Cultura de MS sob a gestão de Américo Calheiros — um ato que resistirá ao tempo e seguirá iluminando as gerações sobre os verdadeiros mestres da arte regional.

Jonir foi um dos pilares do Movimento Guaicuru, que nos anos 60 e 70 desafiou a pasmaceira conservadora e deu novo fôlego à arte visual em MS. Neste vídeo-depoimento, ele revive essa saga com brilho nos olhos, como quem atravessa novamente os rios da própria juventude criadora.

Viva Jonir! Viva o Benedito da rebeldia, da beleza e da cultura. Viva a Unidade Guaicuru.

Porque certos artistas não morrem. Eles se tornam cor.

**Bosco Martins é escritor e jornalista

Poucos sabiam que Jonir carregava um santo no nome e no coração
Homenagem a Jonir na casa de amigos em Bonito