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Comportamento

Recado à mão fez Amadeu chorar e ganhar 2 mil cartões de visita

Seu Amadeu, de 64 anos, chorou ao ver solidariedade das pessoas após um singelo papelzinho com seu telefone

Thailla Torres | 23/01/2022 10:58
Amadeu vende picolés há 5 meses no interior, desde que saiu de SP para ficar perto dos filhos. (Foto: José Carlos dos Santos)
Amadeu vende picolés há 5 meses no interior, desde que saiu de SP para ficar perto dos filhos. (Foto: José Carlos dos Santos)

Na última semana, um singelo papel com nome e telefone do vendedor de picolé Amadeu de Oliveira Rocha, de 64 anos, emocionou uma moradora de Caarapó – a 274 quilômetros de Campo Grande – e a história ganhou a cidade em pouquíssimo tempo. O que ele não esperava era que um pedaço de papel pudesse também mudar sua vida como sorveteiro.

Durante as buzinadas e caminhadas pela cidade, ele decidiu escreveu no papelzinho seu contato para deixar “um cartão de visita” a uma das moradoras. “Era para caso ela precisasse novamente de picolé. Bastava me ligar e eu ia até lá”, conta o vendedor sobre o papel feito à mão.

Em seguida, a moradora enviou o cartão feito à mão para o jornal local da cidade como sugestão de pauta, que decidiu contar a história de Amadeu, mas foi além. O repórter do CaarapoNews procurou uma gráfica para imprimir cartões de visita para que Amadeu pudesse entregá-los durante suas vendas.

Com a iniciativa do jornalista José Carlos dos Santos, uma gráfica e um médico da cidade, além de outros moradores decidiram contribuir para confecção dos cartões, previstos para serem entregues nesta semana.

Esse foi o recadinho entregue à moradora, que decidiu sugerir pauta para jornal local da cidade. (Foto: José Carlos dos Santos)
Esse foi o recadinho entregue à moradora, que decidiu sugerir pauta para jornal local da cidade. (Foto: José Carlos dos Santos)

Outra pessoa deixou doação de R$ 100,00, que foi entregue ontem (22) ao Amadeu. Cada gesto de solidariedade da cidade com pouco mais de 31 mil habitantes emocionou o vendedor, que não segurou as lágrimas. “Sim, eu chorei. Chorei de emoção. É impossível não se emocionar ao ver que ainda tem muita gente boa nesse mundo”, diz seu Amadeu ao Lado B.

Ansioso pela entrega dos cartões, agora, ele já se programa para trocar de celular e ter acesso a aplicativo que possibilite pagamentos e recebimentos com o pix. “O meu é daqueles antigos, então, eu não consigo ver ali na hora, né?”.

Além dos cartões, doações em dinheiro que chegarem através do WhatsApp que foi disponibilizado para doações, também serão entregues ao vendedor, diz o jornalista. “Tudo que chegar vai ser destinado ao seu Amadeu, uma pessoa muito simples e que merece”, acrescenta José Carlos .

Um novo ofício – Natural de Brumado (BA), Amadeu se mudou com a família para interior de São Paulo quando tinha 6 anos de idade. “Chegamos de caminhão, que antigamente, era chamado de ‘pau de arara”, recorda.

Trabalhou anos em fazendas, foi da área gráfica e, nos últimos anos, viveu com uma irmã em Lucélia, interior de São Paulo. Mas se mudou há 8 meses para Caarapó para ficar perto dos filhos. “Minha filha e meu filho foram me buscar para ficar perto deles”.

Mas sem nenhuma paciência para ficar parado em casa, Amadeu decidiu se tornar picolezeiro e sair buzinando pela cidade, que na maior parte do ano, faz um calorão. “Ninguém mais dá emprego na minha idade”, lamenta.

Apesar do sol quente e das andanças quase todos os dias da semana, ele se diz feliz com o novo trabalho há cinco meses. “Assim, eu conheço as pessoas, faço amizades, me aproximo mais da cidade e ainda tem o pão de cada dia”.

Em abril, ele completa 65 anos de vida e bem-humorado reforça:

“Sou do terceiro decanato do signo de touro, não vai esquecer. Signo bom”, finaliza.

Apesar do calorão durante as vendas, o homem se diz feliz por "fazer amizades e ter o pão de cada dia". (Foto: José Carlos dos Santos)
Apesar do calorão durante as vendas, o homem se diz feliz por "fazer amizades e ter o pão de cada dia". (Foto: José Carlos dos Santos)

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