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Comportamento

Ruivas fazem encontro e reclamam que ainda ouvem que precisam ser "discretas"

Thailla Torres | 21/08/2016 20:02
Meninas discutem cuidados e o direito de terem o cabelo ruivo. (Foto: Alcides Neto)
Meninas discutem cuidados e o direito de terem o cabelo ruivo. (Foto: Alcides Neto)

Não importa se é liso ou crespo, o que elas querem é ter um cabelo lindo em tom avermelhado. Por isso, em Campo Grande, meninas de cabelos ruivos promoveram um encontro para trocar experiências sobre cuidados na hora de ser ruiva. Para quem não tem o tom, pode parecer inacreditável, mas algumas dizem que sofrem pressões por causa das madeixas.

Tudo começou pela internet, quando a estudante e cabeleireira Jenifer Insauraldes, de 21 anos, procurava dicas sobre o cabelo ruivo. "A gente tinha um grupo no Facebook para trocar dicas sobre produtos, cuidados e o desejo que muita mulher tinha de ser ruiva, mas que não tinha coragem. Só que foi tomando uma proporção maior e a gente resolveu se encontrar em um evento maior", explica a organizadora.

Jenifer promoveu o evento para trocar dicas. (Foto: Alcides Neto)
Jenifer promoveu o evento para trocar dicas. (Foto: Alcides Neto)

No evento, nem todo mundo era ruiva verdadeira, a maioria usa tinta no cabelo, mas isso pouco importou.

A ideia surge depois do encontro das crespas, que discutiu empoderamento. No caso das ruivas, o momento foi mais para falar de cuidados com os cabelos. Também foram comercializados produtos especiais, com direito às dicas profissionais e sorteios. 

Mas preconceito também veio à tona. O cabelo vermelho, principalmente os artificiais, para algumas pessoas, carrega um peso. Muitas sofrem com pedido para "serem discretas". "No grupo a gente começou a receber muitos casos de meninas que sofrem pressão por serem ruivas. E aqui a gente quer mostrar que ninguém precisa mudar a cor do cabelo por nenhum motivo. Teve gente que relatou preconceito no trabalho em que o chefe pediu para a funcionária pintar o cabelo de uma cor "normal". Ou que o namorado não aceita o vermelho e até força a menina a mudar o tom", descreve.

Decidida, Aline Luany, de 19 anos, conta que já perdeu as contas das implicâncias com o tom cabelo. "Nasci com cabelo crespo e na cor loiro claro, mas sempre gostei do ruivo. As pessoas dizem que cabelo crespo ou cacheado não combina com vermelho, principalmente, quando a menina é negra, mas eu acho isso um preconceito e amo meu cabelo do jeito que ele é", afirma.

Aline resiste a pressão de alisar e manter o cabelo de outra cor. (Foto: Alcides Neto)
Aline resiste a pressão de alisar e manter o cabelo de outra cor. (Foto: Alcides Neto)
Fabiane superou o bullyng e aceitou o ruivo natural. (Foto: Alcides Neto)
Fabiane superou o bullyng e aceitou o ruivo natural. (Foto: Alcides Neto)

Fabiane Macedo, de 17 anos, é ruiva natural e chegou a mudar a cor do cabelo, por não aguentar as brincadeiras de mal gosto na escola

"É um preconceito que as pessoas não acreditam, mas existe. Eu sofria muito bullyng, diziam que meu cabelo que era estranho, faziam brincadeiras e me chamavam de cara de ferrugem. Como eu era nova, isso me deixava muito triste, até o dia que eu decidi pintar o cabelo. Pintei duas vezes de preto, mas hoje resolvi assumir e voltar para o ruivo", conta.

E para quem não tem coragem de pintar ou não sabe o tom que deseja, as meninas trocaram informações sobre a importância do melhor produto e bons profissionais no assunto. 

"A gente vê muitas meninas desapontadas depois que pintam o cabelo, dizendo que não ficou da cor que queriam ou então que o cabelo acabou. Isso é comum, porque muitas se arriscam utilizando química sem o mínimo de conhecimento", comenta a ruiva Adriely Calixto, de 24 anos.

As organizadoras pretendem continuar o evento. (Foto: Roberto Kelsson)
As organizadoras pretendem continuar o evento. (Foto: Roberto Kelsson)

E não é por menos, Adriely, já sofreu na mão de cabeleireiro que não entendia nada do assunto. "A primeira vez que fui ficar ruiva, ela me disse que eu precisava fazer luzes e isso acaba quebrando o cabelo, deixando os fios ainda mais frágeis. Não precisa", ensina.

Para que acidentes não aconteçam, ela reforça que é preciso pesquisar e até se profissionalizar para gastar menos.

"A gente entende quem quer economizar porque não é fácil manter o tom. Todo mês a gente precisa fazer tratamento especial, hidratar e tonalizar o cabelo, porque assim que hidrata, ele desbota e precisamos realçar a cor novamente. Isso no salão de beleza tem um valor muito maior, por isso se a ruiva for pintar em casa, eu oriento a pesquisar e falar com quem entende. E se quiser ser ruiva pra sempre, vale a pena até se profissionalizar, isso pode garantir economia e a saúde do cabelo", sugere. 

No primeiro encontro não apareceu muita gente. Apenas cerca de 30 meninas. Mas as organizadoras pretendem continuar a mobilização para futuros eventos do tipo.

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  • (Foto: Alcides Neto)
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