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Comportamento

Só "morte" faria palmeirenses e corintianos não verem o clássico

Em dia de clássico e final, o que faria palmeirenses e corintianos não assistirem ao jogo?

Lucas Mamédio | 08/08/2020 07:34
Jogo desse sábado é cheio de significados (Foto:Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
Jogo desse sábado é cheio de significados (Foto:Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)

Por dever de ofício e transparência com leitores, já digo que essa é uma crônica escrita por um palmeirense fanático. Vou, ao longo do texto, lutar contra o ímpeto natural de proteger o Verdão e ironizar o Corinthians. Não fiquem ofendidos, mas eu tenho o monopólio da função jornalística nesse caso. Porém, sou um cara justo, se não for, minha editora é.

Hoje, depois de um morno 0 a 0, será realizado o segundo e derradeiro jogo entre Palmeiras e Corinthians, válido pela final do conturbado Campeonato Paulista de 2020.

Para Leonardo, nada é tão importante que não possa esperar 90 minutos (Foto: Arquivo Pessoal)
Para Leonardo, nada é tão importante que não possa esperar 90 minutos (Foto: Arquivo Pessoal)

Esse jogo não é só um jogo por tantos motivos que é até difícil falar. Primeiro que é considerado por muitos um dos maiores clássicos do Brasil; regional não há nem discussão, nenhum jogo em São Paulo causa tanto frisson. Segundo que viemos de um período de meses sem jogos de futebol no país e, logo no retorno, há algumas semanas, os arquirrivais se enfrentaram com o time alvinegro levando a melhor. Terceiro que é uma final. Só que não acaba aí.

De novo, do ponto de vista pessoal, a expectativa é maior porque em 2018 as duas equipes também se enfrentaram na final do Paulistão (que desde então virou “paulistinha” para alguns palmeirenses, não pra mim). Nessa ocasião o Palmeiras teve um pênalti marcado, depois anulado, o que levou o jogo para as penalidades, vencido pelo Corinthians, em pleno Allianz Parque.

Houve uma longa discussão sobre uma possível interferência externa, na época ilegal, houve pedido de anulação da partida, utilização de perícia internacional, mas ficou nisso. Até hoje esse título está com eles e acho que já é um pouco tarde para pensar que essa situação vai mudar. E pior, o retrospecto desde essa partida não é bom para o Verdão, acumulamos seguidas derrotas, estamos com o ego ferido.

Eis então que chegamos ao sábado, dia 8 de agosto de 2020, e só o que eu penso é: em que circunstâncias eu perderia esse jogo? O que teria que acontecer no mundo pra eu deixar de ver o meu Palmeiras promover a redenção de sua torcida? Olha, poucas coisas, pouquíssimas.

Felipe acha que só nascimento do próprio filho impediria de assitir ao jogo (Foto: Arquivo Pessoal)
Felipe acha que só nascimento do próprio filho impediria de assitir ao jogo (Foto: Arquivo Pessoal)

Penso primeiro na morte de alguém, principalmente na minha. Essa acho que seria a mais difícil de ignorar. Brincadeiras à parte, mas com certa verdade, penso que só morte de entes próximos me tiraria a atenção do jogo.

Não adianta uma nave alienígena estacionar sobre o céu de Campo Grande, por exemplo. Se dependerem de mim para o Independence Day, viraremos escravos de extraterrestres. Só não atrapalha o sinal, gurizada.

Aliás, morte e nascimento, alvorada e crepúsculo da vida, parecem ser realmente os únicos motivos capazes de fazer palmeirenses e corintianos não verem o jogo.

Rômulo Luis Pereira da Silva, fanático pelo Timão, diz que só a própria morte o impediria de acompanhar o derby, ainda assim ele tem uma esperança. “Eu só deixaria de assistir o jogo se Deus me chamar antes e espero que lá tenha um TV pra gente conseguir ver junto. Nunca perdi nenhum jogo Corinthians x Palmeiras desde que me entendo por gente”.

Um grande amigo de longa data, o também jornalista Leonardo Barbosa, que tem o amor pelo Corinthians tatuado no antebraço, também vê a morte como único impeditivo possível.

“Se tratando de uma final e um clássico, são poucas as possibilidades, acho que alguma fatalidade, família, uma emergência, em outras situações eu não consigo ver. E olha que acho que teria que ser parente bem próximo viu. Eu não seria a pessoa ideal pra estar correndo atrás de burocracia. Acho que não tem nada que não possa esperar 90 minutos”.

“Acho que não tem nada que não possa esperar 90 minutos”. Olha a potência semântica dessa frase. Ela é tão simples e tão contundente, diz tudo que queria falar. Acho que nem precisaria escrever tantas palavras, só essa sentença.

Rômulo diz que só deixa de assitir se Deus levá-lo, ainda assim espera que haja uma TV no céu (Foto: Arquivo Pessoal)
Rômulo diz que só deixa de assitir se Deus levá-lo, ainda assim espera que haja uma TV no céu (Foto: Arquivo Pessoal)

A morte também passa pela cabeça do palmeirense Felipe Braga como motivo pra não ver o jogo, mas só passa mesmo. Na verdade, a única coisa que faria o advogado não ver a partida seria o nascimento de um filho. “Só se fosse o nascimento do meu filho. Ia falar velório de um familiar, mas já que morreu mesmo, não tem o que fazer”.

Rômulo e Leonardo acham que o jogo terminará empatado e o Corinthians vai ganhar nos pênaltis (tão achando que toda final vai ser assim agora, cada uma que tenho que aguentar).

Felipe acha que vai ser 1 a 0 para o alviverde, o que daria o título direto ao Palmeiras. Eu acho que será 2 a 0 Verdão. Porém, depois desse texto, o que mais quero é que ninguém morra nem nasça nesses 90 minutos. Afinal, “não há nada que não possa esperar” esse tempo.

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