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Comportamento

Sobre preconceito, hipocrisia e a minha mania de julgar, mesmo sem querer

Mariana Lopes | 01/04/2015 06:53
Afinal de contas, quem me garante que nesta história aqui a esquisita não seja eu? (Foto: Roberta Lopes)
Afinal de contas, quem me garante que nesta história aqui a esquisita não seja eu? (Foto: Roberta Lopes)

Antes de tudo, quero pedir perdão por todas as vezes que julguei e não compreendi uma realidade que fosse um pouco diferente da minha. Mas hoje, quero me despir da capa da hipocrisia e confessar que já tive preconceitos, mesmo nunca querendo tê-los. Hoje, não quero escrever na tentativa de representar uma opinião da massa. Quero apenas expor a mim mesma.

Confesso: já julguei, e muitas vezes foi com uma severidade que eu jamais gostaria de ser julgada. E tudo teve um único motivo: o preconceito. Mas o que é pior e o que me deixa com o nó no peito ainda maior é que na maioria das vezes o sentimento de me achar a dona da razão me parecia normal. Pensava que ninguém estaria livre disso, portanto, eu não iria sozinha para o cantinho do castigo para refletir sobre minha postura errante.

Mesmo sem ninguém me chamar a atenção e me puxar a orelha pelo o meu comportamento duvidoso na hora de acolher a realidade do meu próximo, esses dias parei para pensar nas tantas vezes que tentei aceitar as diferenças, mas no fundo elas me causavam certo constrangimento.

(Talvez, a esta altura do campeonato, você, caro leitor, esteja me julgando e deduzindo mil coisas a meu respeito. Sobre o que especificamente estou falando? A que preconceito me refiro? Ah, não ferva sua mente com achismos, pois foram eles que me amargaram para eu escrever este texto hoje.)

Preconceito a homossexual? Negro? Pobre? Gordo? Índio? Feio? Deficiente? Ou simplesmente por tudo aquilo que não se encaixa em um padrão imposto, culturalmente enraizado em uma sociedade precária, que luta para vencer barreiras, mas às vezes dá alguns tiros no próprio pé, e na qual eu não consigo achar a saída.

"- Calma, Mariana! É assim mesmo, isso é normal, você não é a única, muitas pessoas, ou a maioria delas, sentem isso também". Talvez alguém me diria isso, como forma de consolo ou por ser a realidade mesmo.

Mas não quero que este discurso me convença. Não quero me nivelar pelo inferior, nem que este seja a maioria. Desejo ser melhor do que isso. Aliás, ser melhor é tudo o que desejo. Não no sentido competitivo, mas na realização pessoal de somente ter o coração mais humilde, manso e puro.

Seja lá qual for o preconceito, com certeza ele se resume a uma falta de respeito sem tamanho. Não me cabe julgar a diferença que existe no outro, mas sim acolher qualquer pessoa na totalidade do que ela simplesmente é. Afinal de contas, quem me garante que nesta história aqui a esquisita não seja eu?

*Mariana Lopes é jornalista e colaboradora do Lado B. 

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