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Comportamento

Universitários que não curtem "folga na greve" organizam as próprias aulas

Aline Araújo | 18/07/2015 07:12
A ideia surgiu para movimentar e não parar de aprender.  (Foto: Fernando Antunes)
A ideia surgiu para movimentar e não parar de aprender. (Foto: Fernando Antunes)

O lugar, geralmente movimentado pelo tráfego de pessoas e as conversas, há um mês está bem mais vazio. O silêncio predomina nos corredores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), desde que a greve começou. Os alunos consideram a manifestação legitima, apoiam os professores em busca de seus direitos, mas decidiram dar um jeito de não ficarem de folga.

Em algumas salas, o burburinho ainda movimenta a universidade, são os alunos que mesmo sem aulas continuam com a sede de aprender e organizaram um calendário de greve.O cronograma de atividades tem mostra de filmes, debates e aulas públicas para manter produtivo o tempo que escolheram passar na faculdade. Vários cursos se organizaram, um deles é o de Psicologia.

As atividades acontecem duas vezes por semana. Na terça-feira, o convidado pode ser um professor, aluno do mestrado, ou alguém envolvido com o tema do trabalhado em pauta.

Os assuntos são definidos em assembleias. (Foto: Fernando Antunes)
Os assuntos são definidos em assembleias. (Foto: Fernando Antunes)

Nos primeiros dias, assuntos como a relação entre a greve e a Psicologia estiveram presentes nos encontros. Na quinta-feira é dia de mostra de cinema, quando os alunos escolhem um filme e, depois de assistir, abrem o debate.

“Tudo começou com a ideia de manter uma movimentação, outros cursos já faziam, e a gente decidiu agir também. A nossa proposta é aberta ao público, mas voltada para a Psicologia. É um jeito de complementar assuntos que a gente também não tem como matéria e tem o interesse em aprender”, comenta a aluna Thais Barros, de 19 anos.

A ideia é adquirir conhecimento de uma maneira prazerosa e não parar de estudar mesmo em meio a greve, ainda que apoiando o movimento dos professores. Por isso, um dos assuntos que entra nas discussões é a importância do movimento grevista.

As aulas acabam atingindo públicos distintos, não só estudantes do curso, mas pessoas de diversos setores, interessadas nos debates. “A gente se surpreendeu com os perfis das pessoas que vem participar. São muito distintos, o que acaba agregando muito ao evento, que é realmente aberto ao público, para qualquer pessoa interessada”, ressalta Thais.

Os filmes são exibidos e em seguida acontece um debate.  (Foto: Fernando Antunes)
Os filmes são exibidos e em seguida acontece um debate. (Foto: Fernando Antunes)

Os encontros acontecem sempre na mesma sala, 60-405, no Bloco VI da UFMS. A divulgação é no boca a boca. Alguém que já foi, conta para o outro e o público que participa das atividades vai crescendo de maneira espontânea. Na última quinta, cerca de 25 pessoas foram à mostra de filmes.

O movimento começou em uma assembleia entre os alunos do curso, que procuravam uma maneira de aproveitar o tempo e solucionar os problemas internos do grupo.

Além de continuar aprendendo, mesmo com a paralisação, a iniciativa ajudou a melhorar a unidade dentro do curso de Psicologia, fortalecer as relações entre os alunos.

“Nosso curso é muito divergente em âmbito social. E as aulas são uma maneira da gente melhorar isso”, avalia Wesley Avelar, 19 anos.

Para chamar atenção dos alunos, as sessões de cinema também têm pipoca e suco, tudo feito pelos próprios universitários. O único objetivo ali é obter conhecimento, as aulas não contam no cronograma tradicional da faculdade, mas movimentam quem está interessado e disposto a aprender.

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