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Comportamento

Vender copo é o passaporte para crianças que nunca viram o mar irem à praia

Crianças e adolescentes de ONG, estão vendendo copos para realizar sonho de ir para Peruíbe

Alana Portela | 11/11/2019 08:43
Ana Vitória tem 7 anos e diz que está contando os dias para viajar (Foto: Alana Portela)
Ana Vitória tem 7 anos e diz que está contando os dias para viajar (Foto: Alana Portela)

Azul, imenso e cheio de conchas, é assim que as crianças do Instituto Maná do Céu sonham que seja a praia. Na imaginação, até o cheiro do mar elas já sentiram e o sabor também. Há quem aposte que, além dos grãos de areia, a praia é cheia de arroz carreteiro. 

Desde agosto, o instituto que atua no bairro Jardim Canguru, organiza um “tour” fora do Estado e os alunos vão embarcar na aventura de conhecer a praia. A ideia é sair de Campo Grande, passar dois dias em São Paulo depois seguir para o litoral, onde ficarão mais três dias na praia de Peruíbe. Das 52 crianças e adolescentes, entre 6 e 17 anos, que participam do projeto, 30 delas serão selecionadas. Os critérios são bom comportamento, participação, presença e boas notas. 

Para conseguir fazer do sonho uma realidade, as crianças precisam vencer o desafio de vender 1,3 mil copos no total, o que dá 26 para cada um. O desejo parece distante, mas os alunos são otimistas e contam com o impulso da imaginação nas vendas. “Nunca viajei pra fora. Imagino que o mar seja grande, azul, cheio de areia e peixes. Esses dias sonhei que estava na praia e encontrei um tubarão, acordei assustada. Quando chegar lá, vou correr na areia e me jogar no mar”, diz Ana Vitória, de 7 anos. 

“Tem um monte de conchas e pessoas andando na areia, nadando nas ondas. Esses dias sonhei que estávamos em um hotel de frente para o mar, cheguei a sentir o cheiro dele. Eu apontava para a aquela água e gritava de tanta felicidade”, conta Daniel Ramos. Ele tem 13 anos e relata que está muito empolgado com a possibilidade de conhecer o mar. Daniel mora no bairro Canguru e acredita que conhecer a praia é apenas um caminho. “Não é só porque somos da periferia que não podemos conhecer o local com nossos amigos. Podemos ser o que quisermos, se persistirmos naquilo. Será uma porta que abrirá pra gente conquistar mais coisas”.

Aos 10 anos, Ester Santos comenta que está ansiosa para a viagem. Acredita que será uma das selecionadas para o passeio, pois vem se comportando. Esses dias, durante a aula de artes, a professora pediu um desenho e ela coloriu a praia que não lhe sai da cabeça. “Tenho essa vontade antes mesmo de falarem da viagem. Quando soube da ideia contei pra minha mãe e passei a imaginar em cima de uma casa, vendo as águas do mar e até sinto o cheiro já. Quero brincar muito na areia”.

Diferente da colega, Bryan Camargo pensa em encontrar muita comida na praia. Ele tem 14 anos, e acredita que quando chegar no destino vai comer à vontade. “Penso que vai ter carreteiro e estou há dias sonhando com isso. Conheço o mar apenas pelos filmes, é lindo”.

Na inocência infantil, tem até espaço para mosquitos. Daniel de Jesus, 8 anos, acredita que na praia vai ter muito pernilongo. “Imagino um monte me picando porque é aberto, não vou estar dentro de uma casa e é muito quente. Mas quando chegar lá, quero muito pular nas ondas”, conta. 

Daniel Ramos tem 13 anos e fala sobre a vontade de conhecer o mar (Foto: Alana Portela)
Daniel Ramos tem 13 anos e fala sobre a vontade de conhecer o mar (Foto: Alana Portela)
A alegria Ester Santos é tanta que ela até faz pose para foto.  (Foto: Alana Portela)
A alegria Ester Santos é tanta que ela até faz pose para foto. (Foto: Alana Portela)

A coletividade também está presente entre os adolescentes. Aos 14 anos, Henrique Santos de Souza Júnior quer embarcar na viagem ao lado dos amigos. “Será legal se estivermos todos juntos. Quando chegar lá, quero abraçar todos e cantar com eles na praia. Nos imagino pisando naquela areia e agradecendo por estar alí. Vai ser uma experiência para vida inteira”, diz todo empolgado.

Até para quem já conheceu a praia, o sonho agora é outro. “Chegarmos lá e uma pessoa falar que podemos pegar o que tivermos vontade, para beber e comer. Penso em nós sentados tomando água de coco depois saindo pelas ruas cantando”, descreve Beatriz Melissa Rodrigues.

Ana Vitória segurando os copos personalizados que estão vendendo (Foto: Alana Portela)
Ana Vitória segurando os copos personalizados que estão vendendo (Foto: Alana Portela)

Os valores dos copos variam de R$ 15,00 a R$ 17,00 e a viagem acontece após arrecadar o dinheiro necessário para o passeio. Além das vendas, a instituição realiza até dia 8 de janeiro de 2020, a vaquinha on-line. A meta é conseguir mais R$ 7 mil para ajudar nas despesas.

Agora, o coral sonha junto, porém, enquanto não consegue realizar o objetivo, canta para alegrar os dias. 

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As crianças ensaiando o coral  (Foto: Alana Portela)
As crianças ensaiando o coral (Foto: Alana Portela)
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