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Comportamento

Vila Alba envelhece, mas as histórias em comum preservam os moradores no bairro

Naiane Mesquita | 07/06/2015 07:12
Muitas casas da Vila Alba foram construídas há mais de 40 anos   (foto: Marcelo Calazans)
Muitas casas da Vila Alba foram construídas há mais de 40 anos (foto: Marcelo Calazans)

Ao percorrer as ruas antigas da Vila Alba percebemos um bairro que cresceu junto com Campo Grande. Assim como a Cidade Morena, o local tem suas belezas interioranas preservadas em casas de tijolinhos pequenos com mais de meio século de história.

Os jardins que deveriam ser uma atração há alguns anos, hoje são suprimidos por calçadas, se encaixando em novos padrões da arquitetura e da construção em massa.

Ali, também estão placas de vende-se ou aluga-se, assim como vários locais da região, a antiga vila que já abrigou militares e os primeiros moradores da Capital se transformou com o desenvolvimento intenso da avenida Júlio de Castilhos.

Zilda chegou com o marido há 30 anos quando bairro nem era asfaltado
Zilda chegou com o marido há 30 anos quando bairro nem era asfaltado

Dona Zilda lembra bem dessas mudanças. Moradora de uma casinha amarela na rua Maori, a pensionista de 75 anos criou três gerações da família na Vila Alba. “Meu marido era militar do exército e foi transferido para Campo Grande. Escolhemos o lugar que fosse mais próximo do quartel”, relembra.

Há 30 anos morando no mesmo local, Zilda Gasparetto acompanhou todas as fases do bairro. “Quando chegamos aqui não tinha asfalto, eram poucas casinhas em volta. A vila não era tão populosa, mas sempre foi um lugar bom de morar, calmo, tranquilo. Tive quatro filhos e sete netos morando nessa casa”, diz, orgulhosa.

A matriarca afirma que a família nunca pensou em se mudar. “Alguns filhos moram perto e agora tem um neto morando conosco. Gostamos muito daqui, não acho que o bairro perdeu o que tem de bom, que é a tranquilidade. Graças a Deus nunca fomos assaltados”, afirma.

Tranquilidade do bairro atrai moradores ilustres
Tranquilidade do bairro atrai moradores ilustres

Na história da Vila Alba os militares aparecem como os principais impulsionadores do crescimento da região. Não é de se espantar de encontrar pelo caminho coronéis e sargentos aposentados. 

Mas, apesar dessa ser a história mais famosa, muitos moradores contam outra versão, a de uma espanhola chamada Alba que seria a detentora das terras da região. “As casinhas da vila foram construídas pela construtora Beta e antes chamava Vila dos Comerciários. Dizem que ela inspirou o nome dessa vila e também da Vila Espanhola, que fica ao lado da Alba”, conta a desenhista MariceChencarek.

Marice pisou pela primeira vez na Vila Alba no início dos anos 70, quando tinha cerca de 14 anos. “Meus pais se mudaram para cá, minha mãe ainda tem a casa dela na avenida Madrid. Agora ela está morando comigo devido a uma cirurgia, mas morou todos esses anos no mesmo local”, explica.

A cabeleireira Iza Mara Silva mora há mais de um ano para a vila
A cabeleireira Iza Mara Silva mora há mais de um ano para a vila

Apaixonada pela região, mesmo depois de casada, Marice escolheu viver na Vila Alba, onde criou três filhos e um labrador de 10 anos. Para ela, nesses últimos anos, o local começou a sofrer muitas transformações.

“Muitas casas viraram comércio, a Júlio de Castilhos cresceu, trouxe bancos e lojas com ela. Tudo acabou interferindo aqui também. Mudaram o sentido de algumas ruas e os carros passam todos na avenida Madrid, você tem dificuldade até de atravessar a rua. Antes não era assim. Meus filhos cresceram jogando bete aqui em frente, com os vizinhos. Lembro sempre disso”, diz.

Hoje, dois dos três filhos moram longe.“Foram buscar oportunidades”, diz. Quando relembra de um deles, que é músico e vive atualmente no Rio de Janeiro, Marice demonstra saudade. “Eles brincavam com a vizinha aqui da frente. Hoje, mesmo depois da morte do pai, essa vizinha resiste em sair da casa, diz que não tem coragem e a gente entende o porquê. Temos muita história aqui”.

O jeitinho interiorano da vila conquista os velhos e novos moradores, quem cresceu ali e quem chegou há pouco. A cabeleireira Iza Mara Silva, 44 anos, trocou o endereço na saída de Sidrolândia por uma casa e um comércio na região. “Aqui tem boas escolas, meus filhos voltam a pé para casa. Hoje vivemos em paz porque eu sei que eles não precisam andar de ônibus, ficar muitas horas no caminho para casa”, explica.

Com três filhos, dois cachorros e uma gata, ela diz que sempre ficou encantada com todo o ar pitoresco da casa em que vive. “Aqui tem um ar de bairro de antigamente”.

Bairro está envelhecendo, mas ainda atrai novos moradores
Bairro está envelhecendo, mas ainda atrai novos moradores
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