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Comportamento

A mulher que coleciona micos e se considera a rainha das gafes

Elverson Cardozo | 02/05/2012 09:37
Marlene perdeu as contas de quantas gafes já cometeu. (Foto: Elverson Cardozo)
Marlene perdeu as contas de quantas gafes já cometeu. (Foto: Elverson Cardozo)

Partindo do pressuposto de que ninguém é perfeito, atire a primeira pedra quem nunca cometeu uma gafe. Se houvesse uma premiação pela quantidade de “atos falhos”, Marlene Limiere Dualibe, sem dúvida, sairia vencedora. A paulista de 42 anos, radicada em Campo Grande, dá um fora atrás do outro e, sem qualquer constrangimento, se autointitula a “rainha das gafes”.

São tantas mancadas que ela até já perdeu as contas. Para a entrevista teve de fazer uma lista e relacionar os “principais foras”. O “acervo” é tão grande que precisou da ajuda da família.

Esbanjando simpatia e bom humor, Marlene recebeu o Lado B em casa. Conta que sempre foi muito esquecida e que as gafes que comete são, "praticamente", uma herança da família.

Entre todas as situações que já passou, destaque para o dia em que chorou no velório errado. O pior de tudo, relembra, foi descobrir que o defunto era um homem e não a mãe do marido de uma tia.

“Não sabia que tinha várias pessoas sendo veladas ali. O primeiro caixão que eu vi eu cheguei lá e comecei a chorar. E... Coitadinha, poxa vida, era uma pessoa tão batalhadora...”, relata, acrescentando que só se deu conta quando uma moça perguntou porque ela estava chamando ele de ela.

Esposo se diverte com as "mancadas" da mulher. (Foto: Elverson Cardozo)
Esposo se diverte com as "mancadas" da mulher. (Foto: Elverson Cardozo)

Outro dia, atendendo a convite, foi a uma missa. Chegando lá perguntou se a “bolachinha” (hóstia) era servida com algum acompanhamento. “Eu via fila e queria ir lá. Daí perguntei se era pura, se não podia acompanhar com algum mel, uma geléia, uma manteiga”, relembra.

Já em uma igreja evangélica ela foi porque a avó disse que teria uma festa. “Nem jantei, né? Cheguei lá começou o culto e vai, vai e vai... Terminou. Eu perguntei: Cadê a festa? Não serve nada para comer? Daí ela respondeu que era festa espiritual”.

Em 2003, desempregada, Marlene saiu para distribuir currículos pelo centro de Campo Grande. Passou a tarde toda na labuta. Quando chegou em casa descobriu que havia dado mais uma mancada.

Ao invés de colocar “experiências profissionais”, inseriu no documento o tópico “experiências profissioanais”. “Meu irmão que viu e me avisou, mas ele não pode falar muita coisa porque ele escreveu no dele ‘Currículo Vital’”, relembra, caindo na gargalhada.

Marlene também já perguntou a uma colega de trabalho se ela estava prestes a dar à luz, mas depois, ao se dar conta da gafe, tentou consertar a situação dizendo que só grávidas ficam com a pele tão radiante.

Mas o mico foi pouco se comparado ao dia em que tentou impressionar a sogra, professora de língua portuguesa, que foi almoçar na casa dela pela primeira vez.

“Eu fui mostrar meus conhecimentos e fui falar do ator Mário Lago que o nome dele simbolizava todas as águas do mundo: mar, rio e lago. Eu falei, esperei ela fazer algum comentário e como ela não falou nada eu disse: É tanta água no nome que só de falar o nome dele eu fico toda molhada. Ela olhou para mim, tentou se controlar, mas não aguentou”, relembra.

Filha diz que mãe não pensa para falar. "Ela é muito transparente". (Foto: Elverson Cardozo)
Filha diz que mãe não pensa para falar. "Ela é muito transparente". (Foto: Elverson Cardozo)

Depois do fora, o marido, Walter Antunes Limiere, de 43 anos, não sabia aonde enfiar a cara. “Eu fiquei com muita vergonha”, conta. Depois de tanto tempo convivendo com Marlene, o professor de música, que se diz tímido, já se acostumou. “Às vezes eu fico irritado”, revela.

A filha, Sabrina dos Santos Limiere Dualibe, de 21 anos, se diverte com as mancadas da mãe. “Em casa é todo mundo rindo”, disse. Marlene, conta a filha, não pensa antes de falar, mas é transparente, verdadeira. “A gente até pega algumas coisas dela”, finaliza.

Dificuldades -“Quando o mico é só meu não tem muito problema. O ruim é quando você coloca outras pessoas em situações estranhas”, diz a “rainha das gafes”.

Esquecer nomes, trocar datas e endereços, por exemplo, são algumas das dificuldades que enfrenta. “Tem gente que não gosta, acha que estou brincando”, conta.

Marlene diz que já tentou se controlar, mas fala muito e, por isso, é involuntário. Quando percebe que deu aquela mancada, tenta consertar. “Nunca consegui. Às vezes piora”, admite.

Gafe, mancada, fora, ato falho, seja qual for o nome, o fato é que todos nós estamos sujeitos a passar por situações semelhantes. No final, como seres imperfeitos, o que resta é contar a história e dar risada do passado, muitas vezes recente.

São tantos foras que Marlene fez uma lista para lembrar dos principais. (Foto: Elverson Cardozo)
São tantos foras que Marlene fez uma lista para lembrar dos principais. (Foto: Elverson Cardozo)
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