ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 23º

Comportamento

Grupo viaja para a África e leva na mala uma bagagem diferente: solidariedade

Luciana Brazil | 24/08/2012 10:50
Grupo se reúne na igreja para falar da missão na África. (Fotos:Rodrigo Pazinato)
Grupo se reúne na igreja para falar da missão na África. (Fotos:Rodrigo Pazinato)

A 700 km de Maputo, capital de Moçambique, na África, o vilarejo Vilanculos sofre com a miséria. A fome e a pobreza fazem parte do cotidiano. A sorte dos desprovidos é que muitos se sentem prontos em ajudar.

Em breve, o vilarejo vai receber 2 mil kits de roupas e mil escovas de dentes que não resolve o problema, mas vão ajudar, e muito, os habitantes do lugar. O auxílio vem daqui, de Campo Grande. São 16 jovens da 3° Igreja Batista que desejam levar, além do auxílio material, os ensinamentos de Cristo.

Ansiosos com a partida, que será em outubro, os jovens sabem muito bem o que vão encontrar por lá. Os relatos de quem conhece o lugar emocionam facilmente. Além da pobreza, a carência afetiva das crianças é de doer o coração.

Uma capela de alvenaria já está quase pronta no vilarejo. A construção é resultado da parceria entre a igreja 3° Batista e, a também evangélica, Filadélfia. O dinheiro arrecadado nessas comunidades já está sendo enviado há algum tempo para a construção da capela. Missionários da Filadélfia estão no vilarejo ajudando na construção.

O líder do grupo, Niutom Júnior, 35 anos, explica que se a construção ainda não estiver finalizada quando eles chegarem, os voluntários vão colocar a mão na massa. “A igreja deverá estar pronta quando chegarmos, mas senão estiver, vamos ajudar com os tijolos também”.

Dos 16 integrantes que vão à África, 12 fazem parte do Ministério Barcos, grupo de músicos da 3° Batista. Entre os voluntários, um policial, uma militar do Corpo de Bombeiros, além de outros profissionais, estão dispostos a levar mais do que ajuda material.

Davi é um dos voluntários e está ansioso com a partida.
Davi é um dos voluntários e está ansioso com a partida.

Transmitir os ensinamentos de Deus aos que ainda não o conhecem é o principal objetivo da viagem. “Queremos levar a palavra de Deus por meio da música. Deus pode mudar a vida deles”, disse Júnior.

Ele declara que a pobreza e a miséria da África são incomparáveis. “Poucas pessoas querem ir para lá, por isso escolhemos ajudá-los também. Mas a gente também ajuda aqui, se estamos indo para lá não significa que não ajudamos que está perto de nós”.

Para os missionários, abrir mão da comodidade e sentir na pele os sofrimentos pode mudar alguns conceitos. Fernando Rodrigues, 33 anos, integrante do Ministério Barcos, acredita que a experiência será única. “Além de ser um momento único, estamos encarando como um teste. Queremos ter um abrigo em Campo Grande”, lembra.

"Quem sabe se estivermos em um lugar diferente a fé não pode ser ainda maior?", se questionou o policial Davi Pereira, 26 anos.

Para comemorar a construção da capela, no dia 12 de outubro uma Conferência Evangélica será realizada no vilarejo. São esperadas cerca de 5 mil pessoas, entre brasileiros e moçambicanos.

A visita dos 16 jovens será de apenas oito dias, mas todos esperam e acreditam que o pouco poderá ajudar a vida de muitos. “Vamos levar diversão, bola, ensinar algumas brincadeiras, falar de higiene, fazer o melhor”, disse Júnior.

Para ajudar: No próximo dia 22 e 23 de setembro a 3° Batista vai realizar o congresso “Vigiai 2012” com o ministério “Livres para Adorar” do pastor Juliano Som. Todo o dinheiro do evento será arrecadado para comprar os 2 mil kits de roupas que ainda não foram comprados.

“Quem não puder ir ao evento, compre a entrada para ajudar, é uma oferta ao projeto. Mas não queremos nada usado. Vamos dar camisetas e shorts novos”.

Uma estrutura com praça de alimentação e espaço para as crianças será montada na igreja.

Plínio lembra com detalhes como é a vida do povo.
Plínio lembra com detalhes como é a vida do povo.

Relatos de quem foi: “Lá têm poucos que são muito ricos e muitos que são bem pobres”, disse o aposentado Plínio Roberto, 62 anos que participa da 3° Igreja Batista.

Há um mês Roberto esteve em Vilanculos e contou um pouco das histórias que presenciou. “Lá não existe essa cultura de pegar a criança e colocar para dormir, beijar e abraçar, então elas são muito carentes de afeto”, explicou.

Ao se sentar no chão, as crianças logo cercavam o aposentado. “Vinnha uma, duas e de repente tinham várias crianças do meu lado, no meu colo. Elas não queriam brincar, queriam ficar perto”.

As coisas não são caras, mas eles não tem dinheiro porque não tem serviço, explicou Roberto. O povo sobrevive do campo. “Eles vendem banana, laranja e coco, mas todos vendem a mesma coisa. Para ajudar a gente compra banana de um, coco do outro”.

A cidade é arenosa e cercada pelo mar. “Muitos turistas passam por lá porque tem duas ilhas próximas que são destinos turístico”.

Roberto diz que o povo anda muito a pé. Às vezes pegam as “chapas”, espécie de lotação, como as vans no Brasil.

“Eu fazia um kit de dois biscoitos com um pirulito e as crianças não comiam com medo de acabar. Ficavam olhando para o biscoito, apreciando mesmo. Mas apesar da tristeza são sempre alegres”, completou o aposentado.

Ajudar: Além de participar do Congresso Vigiai, as pessoas podem ajudar fazendo doações na conta bancária do projeto. Banco do Brasil, Agência 4211-0 e Conta Corrente 41774-2, Terceira Igreja Batista- Barcos.

Nos siga no Google Notícias