De celulares a cuecas: 1º bazar de hospital atrai centenas de consumidores

A primeira edição do Bazar do Bem, realizada pelo Hospital de Câncer Alfredo Abrão, começou nesta sexta-feira (6) com grande sucesso em Campo Grande. A movimentação foi intensa desde a madrugada, com mais de 100 consumidores formando fila em frente ao hospital. Alguns chegaram a dormir no local para garantir acesso aos produtos com preços muito abaixo do mercado, como roupas íntimas por R$ 5 e celulares por R$ 600.

Os portões foram abertos às 8h, e o público foi liberado para entrada em grupos de 15 pessoas. O bazar segue até as 17h nesta sexta e continua no sábado (7), das 8h às 18h. Com 19 mil itens à venda, doados pela Receita Federal de Ponta Porã, a ação quer arrecadar recursos para a compra de aparelho de radioterapia de última geração.

Entre os produtos disponíveis estão perfumes, eletrônicos, celulares, carregadores, relógios, roupas, armações de óculos e acessórios. Cada pessoa pode comprar até 100 produtos. Os preços acessíveis atraíram famílias e também revendedores.

A empreendedora Vanessa Rodrigues da Silva, de 37 anos, chegou por volta das 7h com o filho José Otávio, de 13. Ela estava de olho em um PlayStation 4 pela metade do preço. “Vim conhecer, dizem que tem PlayStation. Acho que vai estar com preço mais acessível, pelo menos espero”, disse Vanessa. O valor do videogame novo varia dependendo do modelo custando entre R$ 1.299 a R$ 2.690.

Mais ao fundo da fila, a aposentada Gilvanete Lira da Silva, de 61 anos, esperava sentada ao lado de uma construção. “Espero encontrar produtos baratos. Se não tiver, nem levo”, comentou. Ela viu o anúncio do bazar na TV e se interessou principalmente pelos perfumes.

A empresária Édria Subtil Padial, de 55 anos, chegou às 6h da manhã e saiu levando cinco perfumes. “O preço está muito bom, pode aproveitar. Vou levar uns R$ 400 e parcelar em três vezes”, destacou. Já no caixa, a técnica de enfermagem Cássia Conceição de Oliveira, de 50 anos, contou que amanheceu trabalhando na unidade, mas antes de ir embora aproveitou para comprar 20 cuecas para os filhos e marido, além de um perfume. “O preço está ótimo, vai dar uns R$ 200”, disse.

Segundo a presidente do Hospital do Câncer, Sueli Lopes Teles, toda a renda do bazar será destinada à compra de um acelerador linear, equipamento usado em tratamentos de radioterapia com mais precisão, qualidade e menos sessões para os pacientes.

“O valor total do aparelho é de R$ 9,1 milhões. O Ministério da Saúde nos repassa R$ 8 milhões e o hospital precisa entrar com R$ 1,09 milhão. Toda a arrecadação deste bazar vai direto para conta específica da compra do equipamento”, explicou Sueli.

A expectativa é arrecadar R$ 700 mil com a venda dos produtos, todos novos e doados pela Receita Federal, por meio do Programa Cidadania Fiscal. Antes do bazar, o hospital já havia levantado R$ 584 mil com a venda de cabelos também doados pela Receita.

“O novo acelerador será o mais moderno de Mato Grosso do Sul, com tecnologia semelhante à de hospitais dos Estados Unidos, França e do Hospital Albert Einstein, em São Paulo”, destacou Sueli. O bazar ocorre no prédio do hospital, na Rua Marechal Rondon, nº 1053, e os pagamentos podem ser feitos via Pix, dinheiro, débito ou crédito - parcelado em até 3 vezes.

O auditor fiscal José Ricardo Moreira, delegado da Alfândega da Receita Federal em Ponta Porã, destacou a importância da parceria com o Hospital do Câncer Alfredo Abrão. “Foi realizada uma doação no total de mais de R$ 1 milhão em produtos, entre celulares, perfumes e peças variadas”, informou.

Impressionado com a mobilização e a estrutura do hospital, José Ricardo adiantou que a Receita Federal pretende manter e ampliar esse apoio. “Com certeza outras doações virão. Percebemos a grandiosidade do trabalho e a referência que o hospital se tornou na área de radioterapia", destacou.

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