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Consumo

Guavira pode ganhar nova vida em perfumes, cremes e sabonetes

Por Thailla Torres | 19/02/2024 11:25
Equipe de pesquisa da UFMS. (Foto: Leandro Benites)
Equipe de pesquisa da UFMS. (Foto: Leandro Benites)

Fruta icônica de Mato Grosso do Sul, a guavira (Campomanesia adamantium), está prestes a ganhar uma nova vida como ingrediente em perfumes, cremes e sabonetes. Pesquisadores alcançaram um feito significativo: o depósito da primeira patente para a aplicação do óleo essencial e do hidrolato da guavira em composições cosméticas, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

A conquista sob a coordenação da doutora Nídia Cristiane Yoshida foi do Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais Bioativos (PRONABio) do Instituto de Química da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).

O estudo, liderado por Nídia, inicialmente parte de uma pesquisa mais ampla que busca identificar novas fragrâncias e compostos bioativos em frutas do Pantanal e do Cerrado. Além da guavira, foram selecionadas outras frutas como o acuri, envira preta e bocaiúva, visando a obtenção de óleos essenciais, óleos fixos e extratos para análises de composição química e avaliação de propriedades biológicas.

Uma abordagem diferenciada desse estudo foi o aproveitamento de resíduos subutilizados ou descartados pela indústria de alimentos, como cascas e sementes. De acordo com Nídia Cristiane Yoshida, os resíduos da guavira se destacaram não apenas pelo aroma agradável, mas também pela riqueza em propriedades antioxidantes, emolientes e substâncias clareadoras encontradas no óleo essencial e extrato desse material, despertando interesse para seu uso em cosméticos.

Os resíduos da guavira se destacaram não apenas pelo aroma agradável, mas também pela riqueza em propriedades antioxidantes. (Foto: Leandro Benites)
Os resíduos da guavira se destacaram não apenas pelo aroma agradável, mas também pela riqueza em propriedades antioxidantes. (Foto: Leandro Benites)

Foram dois anos de pesquisa intensiva para transformar esses resíduos em produtos viáveis. A equipe conseguiu extrair aproximadamente 5 mililitros de óleo essencial de cada quilo de cascas e sementes da guavira, que agora está sendo testado em sabonetes, perfumes, aromatizadores, cremes e produtos capilares. Além disso, os pesquisadores estão investigando a aplicação do hidrolato, um subproduto do processo de hidrodestilação.

A conquista da patente representa um marco significativo para o projeto, pois protege não apenas a invenção em si, mas também todo o processo de produção dos fitocosméticos desenvolvidos pela equipe de pesquisa. Segundo Nídia Cristiane Yoshida, "O patenteamento foi uma etapa fundamental por nos permitir registrar todo o processo de produção dos fitocosméticos, além de proteger a invenção, de modo que a comunidade científica envolvida no estudo possa participar das decisões acerca do processo produtivo, caso esses resultados se tornem produtos de prateleira para o consumidor."

O projeto contou com o apoio da dra. Érica Luiz dos Santos, especialista em Química de Produtos Naturais, que contribuiu com sua experiência na indústria de matéria-prima para cosméticos, acelerando o processo de pesquisa. Além disso, a pesquisa envolveu alunos de iniciação científica da UFMS e estabeleceu parcerias com especialistas em cadeias produtivas, instituições de pesquisa e organizações locais, visando o cultivo e comercialização sustentáveis da guavira.

Este estudo não apenas promove a inovação na indústria cosmética, mas também integra princípios sustentáveis à bioeconomia da região, incentivando o desenvolvimento econômico sustentável e a preservação da biodiversidade. Ao inserir a pesquisa na Rota Rupestre, um programa da UFMS apoiado pela Fundect, o projeto também contribui para o fortalecimento cultural, turístico e econômico dos municípios sul-mato-grossenses do corredor ecológico Cerrado-Pantanal.

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