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Diversão

“Enrolada” por 26 anos, dama de honra tem casamento surpresa em festa junina

Paula Maciulevicius | 09/06/2014 06:44
Dama de honra do casamento da amiga, Cláudia virou a noiva no altar em festa junina. (Foto: Carlos Javier)
Dama de honra do casamento da amiga, Cláudia virou a noiva no altar em festa junina. (Foto: Carlos Javier)

Nesse casamento não teve noivo fugindo nem pai de noiva armado. O “sim”, além de ter sido surpresa, foi dito por livre e espontânea vontade. Depois de duas décadas sendo “enrolada” por quem já é marido há anos, a dama de honra do casamento que já estava programado teve o pedido feito ali. Ao entrar para dar início à cerimônia de verdade da amiga Rosinha, Cláudia viu o marido pegar o microfone e dizer que, apesar de tímido, queria se casar com ela agora e ali. Os casamentos, agora dois, foram realizados por um pastor durante a 4º edição do Arraial de João de Barro, realizado neste final de semana, na chácara João de Barro, em Campo Grande.

A decoração era mesmo de bandeirinhas. De padrinhos aos convidados, a maioria estava de “caipira”. Na maquiagem das mulheres despontava um blush a mais propositalmente, acompanhado de pintinhas. Nos pés, botas de quem depois do “sim”, trocariam a valsa dos casais pela quadrilha.

Noiva Rosinha foi quem intimou Cláudia para ser dama já com outras intenções. (Foto: Pedro G. Sandim)
Noiva Rosinha foi quem intimou Cláudia para ser dama já com outras intenções. (Foto: Pedro G. Sandim)

São muitos personagens dentro de um contexto só e, no fim das contas, todo mundo estava ali era para pular fogueira, que assim como o casamento, também era de verdade. A festa junina foi criada pela dentista Dirlene Dalbem Silva, de 52 anos, para comemorar o aniversário da mãe, há seis anos. Realizado a cada dois anos, o arraial de pequeno virou grande e se estendeu também para os amigos, a maioria deles da Colônia Paraguaia.

“É muito legal, porque as pessoas ficam à vontade. Eu falo traz uma coisa que você faça, de preferência. Como é a quarta festa, as pessoas ficam esperando e eu falo: vocês já estão convidadas para a próxima, é só confirmar”, explica Dirlene.

Na festa de dois anos atrás, ela que foi a noiva da quadrilha, mas tudo não passou de brincadeira, porque Dirlene já é casada. Esse ano, quando a amiga pediu espaço para a cerimônia, ela abriu as portas e só fez uma advertência, de que deveria ser tudo caipira.

Antes de a marcha nupcial tocar, o Lado B conversou com as noivas, que estavam bem tranquilas. Uma era apenas a dama de honra e nem imaginava que também trocaria as alianças. A noiva Roseni dos Santos prefere ser chamada de Rosinha, tem 42 anos e, quando soube da festa, pediu à dona para que, dessa vez, o casamento fosse de verdade e dela.

Dona da festa, a dentista Dirlene criou o arraial para o aniversário da mãe, festa cresceu e hoje tem até casamento de verdade. (Foto: Pedro G. Sandim)
Dona da festa, a dentista Dirlene criou o arraial para o aniversário da mãe, festa cresceu e hoje tem até casamento de verdade. (Foto: Pedro G. Sandim)

“As pessoas ficam preocupadas com roupa, festa junina é à vontade e todo mundo sabe que a Rosinha é louca e tudo dela é diferente”, explica aos risos. O marido, Adevenilson Gomes da Silva, 43 anos, aceitou de pronto. Para o casal, abre-se aqui um parênteses: os votos de “na saúde e na doença” têm um peso maior. Ela tem histórico de três cânceres, ele de problemas renais e faz hemodiálise.

Foi Rosinha quem escolheu o vestido de dama de honra para a amiga Cláudia, mas com um propósito bem claro, de que ela estivesse também de noiva. Do outro lado, Cláudia não entendeu muito bem, mas entrou na onda. “Fui intimada”, diz sobre o convite para ser dama.

Aos 47 anos, Cláudia Pereira brinca que é enrolada há 26 anos. “Mas eu falo brincando, a gente já passou por tanta coisa junto, que ele é meu marido. Foi meu primeiro namorado, meu primeiro tudo e a gente é muito feliz. Ele é a paixão da minha vida”, declara-se.

Depois de 26 anos juntos, Cláudia e Ricardo se casam de papel passado. (Foto: Carlos Javier)
Depois de 26 anos juntos, Cláudia e Ricardo se casam de papel passado. (Foto: Carlos Javier)

Depois de prontas, a festa junina abriu espaço para o matrimônio. O enlace inicial era apenas de Roseni e Adevenilson. Marcha nupcial rolando, quem entra primeiro é a dama Cláudia. A música deixou todos meio surpresos por ser a trilha sonora de quem vai dizer sim ao altar. Ninguém sabia que o casamento seria duplo.

Lá na frente, diante do pastor, o marido de Cláudia pede o microfone. “Eu sou meio tímido, mas, amor você quer casar comigo?” A surpresa foi geral, rendeu lágrimas e sorrisos de quem sabia que este era um sonho dela. O “sim” deu início à festa.

Marcha nupcial de novo, agora para a noiva Roseni. O olhar das duas exprimia a cumplicidade e o carinho que uma tinha pela outra. “Um casamento é bom, imagina dois? Casamento caipira tem homem sendo escoltado até o altar para não fugir, aqui os homens chegaram primeiro”, comenta o pastor Jhonatan Santos Cáfaro, filho da noiva Rosinha.

A troca de alianças se seguiu como de praxe, até o anúncio “eu vos declaro, maridos e mulheres. Podem beijar...”, do pastor. Feliz da vida, Cláudia mal conseguia explicar o sentimento. “Menina do céu, o que é isso? Foi surpresa total até a hora que ele chegou falando”. Nem ela acreditava que acabava de se casar em plena festa junina. A noiva amiga, junto do marido de Cláudia, Ricardo Fernandes de Almeida, foi quem planejou tudo.

E para encerrar a cerimônia, não teve valsa dos noivos, e sim quadrilha para todos os caipiras.

Casório de festa junina tem quadrilha em vez de valsa dos noivos. (Foto: Pedro G. Sandim)
Casório de festa junina tem quadrilha em vez de valsa dos noivos. (Foto: Pedro G. Sandim)
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