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Diversão

Com avó na torcida, Priscilla Portilho é a nova Miss Transexual de MS

Concurso de beleza que dá visibilidade a travestis e transexuais de MS transformou o Teatro Arena do Horto-florestal em palco no último sábado

Kimberly Teodoro | 09/12/2018 08:34
Avó orgulhosa da neta, Carmelita fez questão de assistir Priscilla vencer o concurso (Foto: Kimberly Teodoro)
Avó orgulhosa da neta, Carmelita fez questão de assistir Priscilla vencer o concurso (Foto: Kimberly Teodoro)

Música animada, bandeira LGBTQ+, e o movimento incomum durante a noite chamaram a atenção de quem passava peça Avenida Fábio Zahran neste sábado (8). O Teatro Arena do Horto Florestal foi palco para mulheres transexuais e travestis, com entrada gratuita, no concurso que destaca a beleza da diversidade há 10 anos no estado, mas pela primeira vez teve edição solo, desvinculada do Miss Gay. 

A quem passa perto, a frase vem logo: “Aquela é minha neta”. Quem diz, em tom de orgulho, é Carmelita de Souza Silva,  a senhora de 77 anos que acompanhou toda a trajetória da vencedora na noite, Priscilla Portilho, Miss Campo Grande. Avó da vencedora, ela se destacou no palco e na plateia, com direito ao prêmio de torcida mais animada, que contou com a família inteira.

Vencedora da noite, Priscilla Portilho realizou pate do sonho de infância, que ainda a levará até os palcos nacionais (Foto: Kimberly Teodoro)
Vencedora da noite, Priscilla Portilho realizou pate do sonho de infância, que ainda a levará até os palcos nacionais (Foto: Kimberly Teodoro)

Carmelita é costureira aposentada e os primeiros modelos de Priscilla foram feitos por ela, que conta ter visto desde cedo a transformação da neta, que ainda criança já brincava de ser Miss, colocando as roupas e maquiagens da mãe para ensaiar em frente ao espelho para o grande momento da premiação.

Descendente de nordestinos, Carmelita e o marido, já falecido, souberam desde cedo o que é carregar o preconceito e lidar com os estereótipos da sociedade, e talvez por entender tão bem essa realidade, nunca impuseram nada disso a neta. Pelo contrário, sempre mantiveram as portas de casa abertas para o menino tímido que sabe, desde os 12 anos, ser mulher em corpo que não era verdadeiramente o dela e que o próprio destino era brilhar.

"Eu sonhava que minha irmã seria miss, na época eu estava em corpo de menino que ainda não tinha coragem para mostrar ao mundo quem realmente era, quando eu entendi tudo o que podia ser e tive o apoio incondicional de toda a minha família, o sonho passou a ser meu", conta Priscilla.

Hoje, aos 25 anos, Priscilla não tem marcas do ocorrido a não ser a determinação de ferro e o incentivo dos amigos acumulados ao longo de toda a trajetória. “Para esse concurso eu fiz treino de fisiculturista, sem a suplementação para perder 5 quilos e a alimentação foi regrada, 1 mês e meio em que não podia comer nenhum tipo de doce. Minha mãe cozinhou para mim, arroz integral, frango e peixe, tudo sem sal e sem gordura”.

Além da avó, a família inteira esteve presente para ver Priscilla brilhar nos palcos (Foto: Kimberly Teodoro)
Além da avó, a família inteira esteve presente para ver Priscilla brilhar nos palcos (Foto: Kimberly Teodoro)
A mãe de Priscilla subiu ao palco depois da coração da filha, como reconhecimento pela melhor torcida da noite (Foto: Kimberly Teodoro)
A mãe de Priscilla subiu ao palco depois da coração da filha, como reconhecimento pela melhor torcida da noite (Foto: Kimberly Teodoro)

Concurso - A ideia este ano, segundo a organizadora Cris Stefanny, era ocupar um espaço público de forma gratuita, para conseguir atingir um número maior de pessoas e direcionar os holofotes para uma parcela da população invisibilizada mesmo dentro das próprias minorias, como é o caso de pessoas transexuais e travestis.

“No país que mais mata LGBTs no mundo, 52% dessas mortes são de travestis e transexuais, desses 52%, mais de 70% são de pessoas negras e pardas que moram na periferia e mais de 90% vivem da prostituição, por isso é tão importante na semana dos direitos humanos conscientizar a população na questão dos direitos e da dignidade de travestis e transexuais. Trazendo o evento para um local público, a ideia é que sejamos vistas e que as pessoas entendam que as diferenças existem e tudo que precisamos é respeito”, explica Cris.

Foram 8 concorrentes, representando Anastácio, Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Coxim, Jateí, Ladário, Ponta Porã e Três Lagoas. Todas avaliadas pela postura no palco, popularidade e traje, além da representavidade social. Em 1º lugar Priscilla Portilho levou a coroa, o 2º foi de Danielle Moratto, e 3º lugar foi de Pamella Martins de Macedo, além do prêmio de Miss simpatia, votado pelas próprias candidatas, que ficou com Val Perez.

Além da coroa, faixa e buquê de flores, a vencedora levou um contrato de 3 meses com a boate patrocinadora, uma posição para representar a Associação das travestis e transexuais de Mato Grosso do Sul (ATMS) em eventos e palestras, um prêmio de R$ 1 mil, e um lugar para representar o estado no concurso nacional que acontecerá em 2019 no Rio de Janeiro e promete abrir muitas portas para as candidatas de mais destaque.

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