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Diversão

Com o famoso “tazo”, jogo mostra a força da literatura indígena

Livro de escritora indígena de MS ganhou versão dinâmica para ensinar e divertir a garotada

Alana Portela | 28/07/2021 06:25
Gleycielli Nonato mostrando o tabuleiro da literatura indígena. (Foto: Arquivo pessoal)
Gleycielli Nonato mostrando o tabuleiro da literatura indígena. (Foto: Arquivo pessoal)

Jogando tazo ou brincando de mímica, Talin é o tabuleiro da literatura indígena no qual os jogadores podem se divertir e aprender sobre cultura. O jogo pedagógico leva 20 nomes de livros de escritores indígenas de vários estados, inclusive da sul-mato-grossense Gleycielli Nonato.

“O tabuleiro é um tanto para incentivar a leitura quanto o conhecimento da cultura indígena”, explica a escritora.

Gleycielli lendo o livro "Vila Pequena, causos, contos e lorotas". (Foto: Arquivo pessoal)
Gleycielli lendo o livro "Vila Pequena, causos, contos e lorotas". (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 34 anos, ela mora em Coxim, 259 quilômetros de Campo Grande, e é a única escritora indígena do Estado a ter um livro publicado. “Sou originária guató, meu povo era nômade, mas fomos expulsos da nossa própria terra para o pantanal ser latifundiário pelos fazendeiros”.

Para falar sobre o jogo, a escritora volta no tempo e relata parte da história sofrida pelo povo guató, que a fez entrar na busca incessante por visibilidade e até lançar livros para mostrar que indígena também merece respeito.

“Nosso povo chegou a ser considerado extinto na década de 60 pela Funai [Fundação Nacional do Índio], mas em 1974 uma missionária católica viu que tinha mais guató e chamou para se reorganizarem. No entanto, só em 2012 isso ocorreu, em um local entre o rio Paraguai e São Lourenço, a quase 160 quilômetros do porto de Corumbá”.

Gleycielli jogando Talin com a filha Angela Gabrieli. (Foto: Arquivo pessoal)
Gleycielli jogando Talin com a filha Angela Gabrieli. (Foto: Arquivo pessoal)

Também na tentativa de incentivar outros indígenas escritores a lançarem obras, ela publicou o livro “Vila Pequena, causas, contos e lorotas” que hoje faz parte do jogo de tabuleiro. “É uma obra folclórica sobre a região do pantanal, tem lendas antigas, conta a história do pé de garrafa”.

Até mesmo uma lenda de Coxim foi parar nas páginas do livro. “É sobre um padre enterrado de cabeça pra baixo na época da ditadura. A história diz que ele amaldiçoou a cidade, que só teria politico bom quando o desenterrasse e o enterrasse novamente como cristão”.

São mais de 100 páginas de histórias e foi por meio dessa obra que o Comin (Conselho de Missão entre Povos Indígenas) de São Paulo e do Rio Grande do sul entraram em contato com a escritora pedindo para participar do jogo. Foi cerca de dois anos em desenvolvimento até ser lançado no dia 26 deste mês.

O tabuleiro com a foto dos escritores indígenas. (Foto: Divulgação)
O tabuleiro com a foto dos escritores indígenas. (Foto: Divulgação)

Jogo – O Talin tem um manual de instrução, tabuleiro que tem traços da pintura indígena e foto dos escritores, além dos tazos dos livros selecionados.

A jogada começa quando o tabuleiro é posto na mesa e os tazos empilhados na lateral.

O primeiro jogador pega um tazo e começa a fazer mímica correspondente ao nome do livro escrito que está na peça. Após a adivinhação, coloca a peça encima da foto do autor da obra.

Dessa forma a brincadeira vai longe e durante a diversão, o jogo vai despertando a curiosidade do jogador em buscar mais informações sobre o assunto e conhecer melhor toda a história por trás do Talin. “Jogo de mímica e memória”, diz a escritora.

O jogo está disponível pelo site do Comin e pode ser visto em no formato digital através desse link.

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