Moradores querem resgatar Carnaval em Rio Verde após quase 10 anos
Grupo tenta articular volta da folia que já foi referência turística no Estado
Rolezeiros dos anos 2000 até a década de 2010 com certeza já curtiram ou pelo menos ouviram falar do Carnaval de Rio Verde. A cidade, conhecida pelos balneários e biodiversidade, também já foi referência de folia carnavalesca em Mato Grosso do Sul, com uma das festas mais disputadas do Estado.
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Quase dez anos após o último Carnaval de rua nos moldes que marcaram gerações, moradores e comerciantes de Rio Verde se mobilizam para resgatar a festa que atraía turistas de várias cidades e movimentava a economia local durante o feriado prolongado.
Para comerciantes, a falta do evento representa também queda no fluxo de visitantes e impacto direto na renda. O apelo ganhou força depois que empresários e moradores perceberam que, sem empenho de recursos ainda em 2025, a cidade chegará novamente a fevereiro “de mãos abanando”, como define um dos comerciantes.
A preocupação é de que Rio Verde perca definitivamente o posto de destino carnavalesco tradicional, espaço que já começa a ser ocupado por cidades vizinhas, como Coxim.
Segundo relatos ouvidos pelo Lado B, o último Carnaval de rua na Praça das Américas aconteceu por volta de 2015. Desde então, a cidade teve apenas pequenas iniciativas isoladas, como matinês ou festas com carro de som dentro do CTN (Centro de Tradições Nordestinas), sem banda e sem estrutura de evento.
“Já são de oito a dez anos sem Carnaval. No ano passado, os jovens até tentaram fazer algo no clube, mas não teve banda, não teve estrutura, era só carro de som. E praticamente não veio turista nenhum”, relata o empresário Luiz Augusto Nogueira, que hoje articula contatos com o setor.

Ele afirma que neste ano houve a proibição de moradores ligarem som no local tradicional da festa, deixando o centro “deserto”.
Para quem vive do turismo das águas da região, a ausência da festa é sentida no caixa e no humor. José de Oliveira Souza, o seu Didi, proprietário do balneário Sete Quedas, lembra de quando o Carnaval lotava a região.
“Já tivemos Carnaval com 10 mil pessoas na cidade. Aqui no balneário, chegavam a 3 mil pessoas em um só dia. Isso gera emprego para todo mundo, para a pasteleira, o segurança, o salva-vidas. É dinheiro circulando”, afirma. Ele diz não entender por que a festa não acontece mais.
A empresária Talita Lima Nogueira, dona de restaurante na praça central, lembra de como era o tempo de Carnaval na praça. “Eu vendia cerveja. Era oportunidade de tirar um dinheiro extra, amanhecia vendendo. O público era educado, não era bagunça como pregam”, relata.
Talita diz que o comércio está “sufocado” e vive uma sequência de meses pesados, com 13º salário, impostos, férias de funcionários, seguidos por dias de chuva e frio. Segundo ela, sem um grande evento para atrair público de fora, pequenos empresários ficam descobertos.
“É desesperador. Eu tenho nove funcionários. Sem Carnaval, a gente entra no ano já no vermelho. Estamos perdendo para Coxim, que já está fazendo bloco de rua”, desabafa.
Moradores também se somam ao movimento. Krislere Gomes diz que a cidade viveu o auge entre 1997 e 2000, quando ônibus chegavam de várias cidades e famílias alugavam quartos e casas inteiras para visitantes.

“O pessoal alugava casa, alugava quarto dentro de casa, fazia uma pensão durante os dias de Carnaval e todo mundo ganhava. Com o tempo, acabou o Carnaval de Rio Verde e eles querem tornar um Carnaval elitizado. Isso não funciona. No Carnaval, quem vai é o povo”, comenta.
Apesar de anos sem festa, estrutura não falta, segundo seu Didi. “Aqui está tudo pronto. Tem hotel, restaurante, salão. É só querer”, pontua.
Agora, o receio dos comerciantes é que, enquanto Rio Verde não se movimenta, cidades vizinhas ocupem o espaço que antes era referência regional. “Se não fizer no ano que vem, perdemos de vez a tradição", resume Talita.
Em conversa com o Lado B, o prefeito Réus Fornari (PP) reconheceu a força histórica da festa, mas disse que o retorno ainda não deve ocorrer.
“Este ano, pode ter certeza de que dificilmente haverá Carnaval. De vez em quando, eu recebo uma proposta de um grupo ou de outro, e a gente está analisando. Mas eu só vou fazer o Carnaval quando tiver certeza de que vamos fazer um Carnaval de verdade, para as pessoas brincarem com segurança e tranquilidade. Carnaval para bagunça, para risco, eu não quero mais”, disse.
O prefeito explicou ainda que a gestão trabalha para atrair turistas fazendo novos investimentos. Ele cita, por exemplo, a Expo Verde, a Festa da Cultura Pantaneira, o aniversário da cidade, Natal e a virada de ano.
“Nós estamos recuperando isso. Estamos fazendo todo um trabalho em cima de uma cultura pantaneira. Agora vamos fazer um espaço onde vamos homenagear o Manoel de Barros, o Almir Sater, com a réplica da casa do Manoel, com museu, sala em 3D para o pessoal viajar pelo Pantanal, toda uma estrutura. Também estamos trabalhando muito com o pessoal dos balneários para que eles possam se organizar melhor”, finaliza.
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