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Diversão

Uma feira de verdade, como Campo Grande está acostumada

Ângela Kempfer | 15/05/2012 10:04
Balcão tradicional, como nos tempos da feirona da Mato Grosso. (Fotos: João Garrigó)
Balcão tradicional, como nos tempos da feirona da Mato Grosso. (Fotos: João Garrigó)

De cara, a primeira barraca deixa evidente que a feira é daquelas verdadeiras, com um grande balcão onde o sobá e o churrasquinho são servidos aos clientes sentados lado a lado.

“É o jeito tradicional que a gente preservou porque feira é assim”, explica a proprietária Janete Peres, que também tem barraca na Feira Central. "Mas recebo mais elogios aqui", sorri.

Ao telefone, a menina de 4 anos fala ao pai que está em uma “feira diferente. Toda aberta”. Percebo que a impressão da garotinha é a de quem só conheceu um tipo de feira na vida, a da Esplanada Ferroviária.

“É a primeira vez que ela vem aqui. Sempre vamos à Feira Central. É engraçado mesmo ouvir que para ela o que é diferente é o tradicional”, diz a mãe de Ana Beatriz, a servidora pública Ana Tereza.

A saudade da “Feirona”, dos tempos de avenida Mato Grosso, muita gente só consegue matar na Orla Morena, toda quinta-feira. Ao ar livre, com um monte de barraquinhas de frutas e verduras, a feira do bairro Cabreúva é autêntica e reúne centenas de pessoas uma vez por semana.

“A gente não vem só para comer ou comprar muamba. A gente vem para ver as pessoas, fazer as compras de casa, respirar ar fresco. Sinto falta até daquela água que escoria pelas ruelas da feirona antiga, daquele caos”, diz a professora aposentada Suellen Carvalho, de 53 anos.

Francisco (de óculos) na banca de flores.
Francisco (de óculos) na banca de flores.

Ao contrário da padronização em alvenaria da principal feira da cidade, na Esplanada Ferroviária, na Orla Morena cada ponto tem seu jeito. Abridores de garrafas ficam pendurados na estrutura de ferro das barracas. Refrigerante tem 1 litro, ainda em garrafas de vidro. E você come ali, entre o vem e vai de pessoas.

Há também vendedores de CDs e DVDs piratas, bancas com produtos do Paraguai, mas é muito pouco em comparação a oferta de pastéis, churrasco, comida japonesa, doces e outros produtos artesanais.

Até banca de flores tem, mas não daquelas pequenininhas. O espaço é grande e vende de orquídeas a ervas. O dono, o aposentado Francisco, garante que não troca à Feira da Orla Morena nem pela força comercial da Feira Central. “Lá virou lugar turístico, não tem o jeito de feira. As pessoas gostam é daqui”.

Fagner Donizete se criou pelas feiras da cidade, o pai – dono de uma banca, cansou e hoje quem toca o negócio é o filho de 27 anos. Na Feira Central, ele é um dos poucos ainda a vender frutas.

As compras na base da bacia.
As compras na base da bacia.

O tempo foi mudando tudo. A “Feirona”, criada para comercializar frutas e verduras, hoje só tem bancas de badulaques e restaurantes, lembra Fagner. “Aqui todo mundo se sente à vontade. As pessoas chegam de chinelos, andam como se estivessem em casa”, comenta o rapaz.

Montada sobre o calçadão da Orla, o espaço é amplo e garante uma programação de horas para quem tiver disposição. Dá para fazer uma caminhada, comprar algo para o almoço do dia seguinte e descansar na arena, assistindo apresentações culturais de grupos de teatro, dança e músicos.

Dois casais têm uma noite agitada toda quinta-feira. Saem do Jardim Leblon de bicicleta com os filhos, aproveitam a ciclovia para curtir a feira da Orla. “É puxado, mas bem divertido”, conta Naiara, mãe de Murilo, de 3 anos.

Sentados para apresentação da peça João e Maria, os quatro comem cachorro quente com as crianças. “É um programa muito tranquilo e de graça”, lembra o pai Marcos, de 28 anos.

Além da feira de quinta, todas as terças também há apresentações culturais na Orla Morena, na altura do bairro Cabreúva. Hoje é dia do Grupo Teatral Fantasia, com a peça “Humor na terceira idade”, às 19h30.

Teatro de Arena lotado.
Teatro de Arena lotado.
Os amigos saem do Jardim Leblon de bicicleta para aproveitar a feira.
Os amigos saem do Jardim Leblon de bicicleta para aproveitar a feira.
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