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Faz Bem!

Você sabe o limite entre carinho e infantilização do idoso?

Saber o que isso significa faz com que você não torne a maturidade e as capacidades de um idoso incompatíveis com a vida adulta

Thailla Torres | 05/05/2020 06:45
Cuidados e carinhos são importantes, mas há limite para que não retirar a autonomia do idoso. (Foto: Pixabay)
Cuidados e carinhos são importantes, mas há limite para que não retirar a autonomia do idoso. (Foto: Pixabay)

O esquecimento a que muitos idosos são relegados é capaz de gerar uma dor profunda. Por isso, é natural e um ato de amor, que filhos e familiares tomem atitudes de resguardo e passem a ser cuidadores de seus idosos com a chegada da velhice. Mas isso não significa que a maturidade e as capacidades cognitivas de um idoso se tornem incompatíveis com a vida adulta, como se ele tivesse no mesmo nível de compreensão de uma criança. É nesse momento que o entendimento sobre o termo infantilização do idoso se faz necessário.

Usar expressões no diminutivo, falar apenas com as pessoas ao redor como se o idoso não estivesse presente, não falar sobre temas da atualidade (inclusive sobre o coronavírus) e desconsiderar a opinião e as decisões do idoso, por exemplo, são alguns dos principais pontos que envolvem o que se entende como infantilização do idoso.

Mesmo que você ainda não tenha encontrado exemplos como esse, esse tipo de situação ocorre em diversas famílias que com frequência tratam idosos como crianças, retirando sua autonomia. E isso é um mal que pode fazer com o que idoso se sinta diminuído e incapaz na velhice.

“Obviamente que alguns idosos acabam tendo uma diminuição na sua autonomia em algumas áreas, mas isso não significa que você precisa pensar por ele, falar por ele, ler por ele. Toda pessoa tem que ser tratada de acordo com a sua idade, respeitando suas limitações e fases de desenvolvimento”, explica o médico psiquiatra Kleber Vargas.

O limite entre carinho e infantilização - Pela ótica do especialista, a diferença entre infantilização e carinho vai depender muito de cada família, até de cada cultura. “A gente sabe que existem culturas que são mais afetuosas. No Brasil, normalmente há uma tendência de beijar mais, abraçar mais e as pessoas serem mais carinhosas, ou seja, há famílias que expressam mais os seus sentimentos. Mas de uma maneira simples o carinho tem o princípio de demonstrar um afeto e a infantilização é você tratar o adulto de uma maneira que não deveria ser tratada”.

Uma criança não tem tanta autonomia para decidir as coisas, quando se trata de um idoso com demência, por exemplo, sabe-se que será necessário que filhos ou cuidadores tomem algumas decisões para evitar situações que coloque sua vida em risco, como dirigir e sair de casa desacompanhado, por exemplo.

“É preciso encontrar maneira respeitosa de acordo como você trataria qualquer adulto, respeitando sua privacidade, sua autonomia existente, suas decisões e vontades. Não há receita do idoso, mas maneiras de observar com atenção cada situação em que o indivíduo se encontra. É importante respeitar o nível cultural e educacional dessa pessoa, usando palavras que a façam entender”, exemplifica o psiquiatra.

Em quase 20 anos de atendimento, Kleber diz que não vê com tanta frequência pacientes sendo tratados por seus familiares e cuidadores de maneira inadequada, mas compreende que existe um momento na vida que os papéis se invertem, mas as relações devem permanecer. “Não é todo filho que vai ter essa alteração drástica de tratamento, mas ela existe. E é importante saber que em determinado momento na vida você vai precisar tomar o papel de cuidar do pai ou da mãe, todos os nós vamos ter menos força, menos capacidade cognitiva, mas isso não significa perder toda autonomia”.

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