Casal faz a mesma receita de geleia de mocotó há 40 anos e abre loja
Dulce aprendeu receita com a mãe e até hoje faz doce que garantiu o sustento de toda a família
Um tacho fervendo no fogo à lenha, muita força no braço e uma receita de mãe. Foi assim que dona Dulce Sabino, de 72 anos, e o marido José Aparecido dos Santos, de 71, começaram uma história doce que já dura 40 anos em Campo Grande. Há quatro décadas, a geleia de mocotó do ‘Vô Zé’ garantiu o sustento de casa e a criação dos três filhos, que acompanharam de perto o negócio crescer pouco a pouco.
A história começa lá atrás, quando Dulce ainda era menina em Xavantina, região onde hoje fica Santa Rita do Pardo. “Minha mãe, dona Maria, era quem fazia. Eu cresci ajudando ela”, lembra Dulce.
A receita nasceu para atender os desejos do pai, Benedito, que trabalhava na fazenda e sempre tinha desejo de comer a geleia de mocotó. “Ela fazia, mas era um trabalhão bater aquilo na mão. Juntava eu, meu pai, meu irmão e minha mãe para bater. Era tudo muito artesanal”, conta ela.
Quando Dulce se casou com José, a receita virou sustento. Depois que o marido precisou parar com o caminhão boiadeiro, veio a sugestão. “Eu conversei com ele e falei pra a vente fazer pra vender. Depois que comecei, não parei mais”, revela.
José lembra com bom humor das dificuldades no início. “Quando começamos a bater, de repente começou a endurecer aquilo e quem disse que batia? Eu achava que era muito forte, mas quando começava a endurecer, não dava conta”, confessa.
No começo, tudo era feito manualmente, no tacho a lenha. Eles chegavam a fazer 150 kg do doce por semana. “Era um sofrimento. Pra entregar o carro ficava mais estragado do que andava. A gente levava as geleias nas mochilas, barra de 17 kg cada uma”, lembra a esposa.
Para vender, a família ia para as feiras e também vendia para os feirantes, que iam buscar em casa. O produto foi ganhando espaço e chegou ao Mercadão Municipal. “O pessoal começou a ver o produto e gostar. E até hoje a gente está no Mercadão”, detalha José.
A geleia foi o sustento para criar os três filhos, todos formados e encaminhados na vida. Dulce se emociona ao falar do legado. “Eu me sinto feliz, porque lembro da minha mãe, do meu pai, e a gente fica feliz. Uma coisa que eu ajudava minha mãe quando eu era criança e hoje é a nossa vida”, afirma.
Com o tempo, vieram as melhorias. Já não é mais preciso colocar o braço para jogo porque as batedeiras fazem o serviço da produção que chega a 120 kg de geleia por dia. Todo o processo leva um dia, entre a extração do mocotó, fervura com açúcar e leite e a finalização das barras.
A filha, Jany Sabino, de 46 anos, abraçou o negócio. Na memória, ela carrega lembranças das madrugadas na produção. “Acordava de madrugada, mexendo no tacho, embalando, e sempre perto da minha mãe. Era uma bagunça muito gostosa”, relata.
Hoje, a geleia é vendida em diferentes tamanhos, 50 g, 260 g, 400 g e 1 kg. Nesta semana, a família dará outro importante passo no negócio, a abertura de uma loja física para a venda das geléias de mocotó no Bairro Jardim Leblon. Agora, a ‘Casa do Zé’, vai garantir que os doces cheguem a mais gente.
“É um orgulho muito grande pra mim ver a história que meus pais criaram e poder ajudar a continuar esse legado. É uma responsabilidade”, finaliza a filha.
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