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Sabor

Em feirinha de terça, pacu ganha versão defumada com lenha de árvores frutíferas

Apesar do método antigo de preservar alimento, a venda do pescado sob defumação é inédita por aqui

Danielle Valentim | 31/07/2019 09:11
Pequeno produtor lembra do sucesso da SBPC, que foi seu recorde de vendas. (Foto: Marina Pacheco)
Pequeno produtor lembra do sucesso da SBPC, que foi seu recorde de vendas. (Foto: Marina Pacheco)

Novidade na culinária é sempre bem-vinda e um método bastante comum da cozinha norte-americana vira mania por aqui: a defumação de peixes. Pioneiro na prática, Eduardo Pascoal adaptou um forno de pães e garante oferecer um produto livre de substancias artificias cancerígenas já que usa lenha da poda de laranjeiras e goiabeiras.

Apesar do método antigo para preservação de alimentos, quando a geladeira estava longe de ser inventada, a venda do pescado sob defumação é inédita por aqui. Eduardo pesquisou e se qualificou pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

Ele chegou ao Projeto Semente na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) há dois meses. “Comecei pelo embutido de salaminho, mas o professor mostrou no curso que dava para defumar o peixe também e resolvi testar. Assim que deu certo eu e minha esposa começamos a procurar um lugar que eu poderia vender. Aí entramos em contato com a professora Mirian”, conta.

Produtos são expostos na feirinha agroecológica do Projeto Semente às terças-feiras. (Foto: Marina Pacheco)
Produtos são expostos na feirinha agroecológica do Projeto Semente às terças-feiras. (Foto: Marina Pacheco)

Os peixes são embalados à vácuo, vendidos na feirinha agroecológica do Projeto Semente, todas as terças-feiras. Permanecem no plástico, para que as pessoas avaliem o produto. “Os clientes gostam de sentir a textura, que permanece a mesma do pescado fresco”, frisa.

O salaminho italiano sai um por R$ 20 e dois por R$ 30. Já o pacu, depende do tamanho fica entre R$ 40 e R$ 60.

“A carne do salame eu compro diretamente dos frigoríficos por conta do selo sanitário e o peixe nos mercados. Já comprei de agricultores familiares, mas o trabalho é dobrado devido à limpeza do pescado. As vezes o cliente reclama do preço do salaminho, mas garanto que que os outros são com fumaça líquida que dá cor e cheiro. Esse que eu vendo é totalmente artesanal”, explica.

O processo é totalmente artesanal e é feito na casa de Eduardo, no Bairro Paulo Coelho Machado. Assim que o peixe é escamado passa pelos procedimentos de retirada das espinhas e tempero. Após isso, o pescado passa 12 horas no defumador – uma estufa de pão adaptada - e sai no ponto próprio para consumo.

Processo é totalmente artesanal e é feito na casa de Eduardo, no Bairro Paulo Coelho Machado.  (Foto: Arquivo Pessoal)
Processo é totalmente artesanal e é feito na casa de Eduardo, no Bairro Paulo Coelho Machado. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para quem tem curiosidade no resultado é válido esclarecer que a carne do peixe continua leve e o saborosa. “O diferencial é a lenha utilizada, que são podas das laranjeiras e goiabeiras. Tem toda a questão da temperatura. Você tem que manter um calor que não seque o peixe. É tudo no tempo correto”, explica.

Quando Eduardo começou a oferecer o produto vendia de oito a dez peças, atualmente chega a levar 25 peças para a feira. O pequeno produtor lembra do sucesso da SBPC, que foi seu recorde de vendas.

“Com a feira eu vendi em dois dias 60 unidades de peixe defumado. Com todas as embalagens a vácuo, meu peixe chegou à Bahia, Rio de Janeiro, Pará e muitos outros lugares”, finaliza.

Mirian Aveiro é a coordenadora da Incubadora Tecnológica de Cooperativas da UFMS e idealizadora do projeto Semente que já soma oito anos de existência.

“A feira foi uma demanda dos próprios produtores assistidos pela incubadora para escoar a produção", diz Mirian. (Foto: Marina Pacheco)
“A feira foi uma demanda dos próprios produtores assistidos pela incubadora para escoar a produção", diz Mirian. (Foto: Marina Pacheco)

“A feira foi uma demanda dos próprios produtores assistidos pela incubadora para escoar a produção. Então intermediei junto a UFMS uma proposta que foi aceita pela pró-reitoria de extensão, já que a Universidade só tinha eventos e não tinha nada permanente”, conta.

A feira não trabalha com a questão orgânica - que é uma certificação de sistema de produção -, mas com produtos de base ecológica. A feira conta com produtores de Campo Grande, Terenos, Aquidauana, Bandeirantes e Jaraguari.

“Nós trabalhamos com a família, com o respeito as crianças, não só ao “não uso do agrotóxico”, mas todo o envolvimento de relação que construímos aqui, sem concorrência e com a interação da academia com a demanda que vem de fora para dentro da Universidade”, esclarece.

O projeto acaba de ganhar um espaço dentro do Campus, que será um “mercado escola”. A estrutura está em fase de construção, mas a feirinha de terça deve continuar no corredor central.

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