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Lado Rural

Em MS, 90% de florestas plantadas pertencem a grandes investidores

Longo prazo e alto custo de implantação fazem proprietário rural optar pelo arrendamento

José Roberto dos Santos | 14/02/2023 14:25
Madeira produto de colheita de eucalipto em MS; mercado encontra-se altamente comprador. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo Campo Grande News)
Madeira produto de colheita de eucalipto em MS; mercado encontra-se altamente comprador. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo Campo Grande News)

O cultivo de florestas plantadas em Mato Grosso do Sul está concentrado hoje em cerca de 1,3 milhão de hectares, distribuídos em 71 municípios. A maior parte da área plantada pertence a grandes fundos de investidores, em torno de 90%, que arrendam a terra em parceria com as indústrias. As estimativas são da Reflore-MS (Associação Sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas).

A maior concentração de áreas está na Costa Leste de Mato Grosso do Sul. Três Lagoas é o município que apresenta maior área plantada, respondendo por 23,4%, seguido de Ribas do Rio Pardo e Água Clara, com 19 e 11,7%, respectivamente, segundo o Boletim Florestas Plantadas, divulgado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS). "Nessas áreas mais da metade da área plantada é em forma de arrendamento", calcula Júnior Ramires, presidente da entidade.

Outro detalhe que chama a atenção da entidade, é que as novas gerações é que estão preferindo abandonar a pecuária tradicional e optar pelo arrendamento das terras.

Segundo ele, o longo prazo e o custo do investimento acabam favorecendo que grandes grupos de investidores assumam o negócio. "Há um pouco de florestas produzidas em parceria entre indústrias e o produtor rural e outra parte cultivada no sistema silvipastoril e utilizada pela pecuária".

Rentabilidade e planejamento

"Eu vou plantar uns eucalipto / Que é pra ver se eu fico rico e você se apaixonar / Eu vou fazê um planejamento / Pensando no investimento pra mais tarde nóis casar". (O refrão é da música "Eucalipto", da dupla Jads e Jadson)

Ramires garante que a atividade hoje tem uma rentabilidade razoável. "O preço melhorou, mas os custos acompanharam essa alta". Sobre a música citada em tom de brincadeira durante a entrevista à coluna Lado Rural, diz ele, o mais certo da letra é quando a dupla fala em 'fazê um planejamento'. "A grande pergunta que precisa ser feita ao futuro produtor de florestas é: vai plantar para qual finalidade?"

Júnior Ramires, presidente da Reflore-MS: "A palavra-chave da silvicultura é planejamento". (Foto: José Roberto dos Santos)
Júnior Ramires, presidente da Reflore-MS: "A palavra-chave da silvicultura é planejamento". (Foto: José Roberto dos Santos)

Além da celulose, outros destinos da madeira plantada é o mercado da lenha, carvão, madeira para tratamento e parte para construção civil. Quando se fala em plantar para celulose é preciso observar o raio econômico da produção em relação à presença da indústria, senão o custo de transporte inviabiliza a entrega.

Dá para ficar rico plantando eucalipto? Hoje, na régua da Reflore-MS, o investimento para cada hectare de eucalipto plantada é de R$ 15 mil, para um retorno de R$ 30 mil/ha em 7 anos, no primeiro ciclo. "Então, quem quer entrar na atividade tem de estar preparado para esperar até o segundo ciclo, mais 7 anos, para ter um melhor retorno garantido, uma vez que não haverá mais o custo de implantação do projeto e esse custo cai para R$ 2 mil por hectare", avalia Ramires.

Em um projeto bem estruturado, não importa para qual finalidade – celulose, carvão, lenha ou madeira para tratamento – hoje o produtor não terá problema para vender, o que não acontecia há 5 anos.

Madeira em alta

No mês de novembro, a madeira de eucalipto comercializada na modalidade árvore em pé com casca, tendo como base o eixo Campo Grande a Três Lagoas,  apresentou alta de 13,2% no preço médio, fechando em R$ 96,25 o metro estéreo, que correspondente praticamente a um metro cúbico. Assim como a madeira de eucalipto clonal, a madeira de eucalipto citriodora, utilizada principalmente para tratamento de madeira, vem mantendo uma boa valorização no mercado.

Quadro mostra principais destinos para os produtos florestais de MS; a China lidera as importações. (Arte: Sistema Famasul)
Quadro mostra principais destinos para os produtos florestais de MS; a China lidera as importações. (Arte: Sistema Famasul)

Celulose lidera exportação do setor

Considerando o faturamento, a celulose foi o produto florestal mais exportado por Mato Grosso do Sul, no ano de 2022 com participação de 98,9%.O segundo lugar ficou para madeira com 0,70% e papel com 0,41%. O total das exportações florestais chegou a US$ 1,540 bilhão, valor 1,12% maior que os US$ 1,508 milhão exportados no ano anterior. Os números são do boletim do Sistema Famasul, de fevereiro deste ano.

A China foi o principal destino das exportações dos produtos florestais de Mato Grosso do Sul em 2022, respondendo por 49,3% do faturamento. O segundo posto foi ocupado pelos Estados Unidos, com 13,6%, seguido pelos Países Baixos com 8,2%. Ao longo de 2022 os produtos florestais locais foram exportados para 48 países, geraram uma receita de 1,540 bilhão de dólares para um volume exportado de 4,497 milhões de toneladas.

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