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Lado Rural

Embrapa lança batata “Braschips”, criada sob medida para a indústria de chips

Nova cultivar BRS F21 tem alta matéria seca, baixo teor de açúcares e resistência ao vírus PVY

Por José Cruz | 09/12/2025 10:15
Embrapa lança batata “Braschips”, criada sob medida para a indústria de chips
Textura firme, sabor característico, polpa amarela-clara e o formato ovalado dos tubérculos são características da nova batata que atendem necessidades da indústria - Foto: Paulo Lanzetta

Nova cultivar BRS F21 tem alta matéria seca, baixo teor de açúcares e resistência ao vírus PVY, ampliando produtividade e reduzindo perdas no processamento

RESUMO

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A Embrapa apresentou a BRS F21, nova cultivar de batata desenvolvida especialmente para a indústria de chips e batata-palha. Apelidada de "Braschips", a variedade possui alta matéria seca, baixo teor de açúcares e resistência ao vírus PVY, características que garantem produtos mais crocantes e claros após a fritura. Resultado de mais de dez anos de pesquisa, a cultivar apresenta boa produtividade e estabilidade nas principais regiões produtoras do país, especialmente no Triângulo Mineiro. A batata possui textura firme, polpa amarela-clara e formato ovalado, com baixa ocorrência de defeitos que causam descarte industrial.

A Embrapa apresentou a BRS F21, nova cultivar de batata desenvolvida para atender diretamente a indústria de chips e batata-palha. Apelidada de “Braschips”, a variedade combina alto rendimento industrial, textura firme e baixa caramelização na fritura — características decisivas para produtos mais sequinhos, claros e crocantes.

Fruto de mais de dez anos de pesquisa, a cultivar reúne atributos que interessam à cadeia produtiva: boa produtividade, resistência a doenças e estabilidade de desempenho nas principais regiões produtoras do País, especialmente no Triângulo Mineiro, maior polo de abastecimento das agroindústrias.

Criada para fritar bem

De acordo com o pesquisador Giovani Olegário, da Embrapa Hortaliças (DF), a “Braschips” tem duas combinações que a indústria busca há décadas:

  • Alta matéria seca, que reduz água no tubérculo e aumenta o rendimento na fritura;

  • Baixo teor de açúcares, evitando o escurecimento e garantindo chips mais claros e uniformes.

A batata também tem textura firme, polpa amarela-clara, formato ovalado e baixa ocorrência de manchas internas e rachaduras — defeitos que elevam o descarte industrial.

Nos testes preliminares, a BRS F21 foi aprovada tanto para chips quanto para batata-palha. Agora, avança para avaliações em maior escala com produtores que fornecem matéria-prima à indústria.

Lançamento no campo

A nova cultivar será apresentada oficialmente no Dia de Campo promovido pela Embrapa no dia 9 de dezembro, em Araucária (PR). Além da Braschips, o evento mostrará outros clones e cultivares em desenvolvimento, com resultados de desempenho em condições de campo.

Mais produtividade a menor custo

A Embrapa destaca que a BRS F21 tem potencial para superar cultivares concorrentes em produtividade e estabilidade, inclusive em regiões tropicais e subtropicais. O ciclo de produção um pouco mais longo favorece maior acúmulo de amido — exigência da indústria de fritura.

A dessecação cerca de dez dias antes da colheita é apontada como etapa essencial para garantir chips claros. O monitoramento de matéria seca e cor durante esse período determina o ponto ideal de retirada da lavoura.

Resistência a doenças e menos perdas

Um dos diferenciais da nova cultivar é a resistência ao vírus PVY, considerado o maior problema fitossanitário da bataticultura no Brasil. A doença provoca mosaico, amarelecimento e queda na produtividade. Como é transmitida por tubérculos, também compromete a qualidade das sementes.

A BRS F21 também apresentou bom nível de resistência à requeima e à pinta preta, doenças comuns nas regiões Sul e Sudeste.

Portfólio ampliado

A Braschips se soma às cultivares lançadas pela Embrapa na última década, como:

  • BRS F63 (Camila) – consumo fresco e pratos gourmet;

  • BRS F183 (Potira) – palitos pré-fritos congelados;

  • BRS F50 (Cecília) – adaptada ao cultivo orgânico;

  • BRS Gaia – versátil, indicada para fritura e cozimento.

O programa de melhoramento genético contempla desde cultivares para consumo in natura até aquelas desenvolvidas sob medida para a indústria. O objetivo é ampliar a oferta de materiais adaptados às condições tropicais brasileiras, reduzindo dependência de variedades importadas e garantindo matéria-prima de qualidade ao longo do ano.