ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
DEZEMBRO, SEGUNDA  15    CAMPO GRANDE 30º

Lado Rural

MS vira referência nacional na recuperação de pastagens degradadas

Estado aposta em crédito verde, tecnologia e manejo de baixo carbono

Por José Cruz | 15/12/2025 10:20
MS vira referência nacional na recuperação de pastagens degradadas
Segundo o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação observada em MS é resultado, principalmente, de práticas antigas da pecuária extensiva. (Foto Saul Schramm)

Com 4,7 milhões de hectares passíveis de recuperação, Estado aposta em crédito verde, ciência e políticas permanentes para produzir mais com sustentabilidade.  Mato Grosso do Sul se consolidou como referência nacional na recuperação de pastagens degradadas, uma das prioridades estratégicas do Estado para garantir competitividade, sustentabilidade e segurança alimentar.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Mato Grosso do Sul tornou-se referência nacional na recuperação de pastagens degradadas, com 4,7 milhões de hectares passíveis de recuperação. O estado implementou políticas públicas estruturantes, crédito sustentável e inovação tecnológica para promover o manejo responsável do solo e da água.O estado lidera o ranking nacional em áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, totalizando 3,6 milhões de hectares. Entre 2020 e 2024, foram investidos R$ 812 milhões em 771 projetos através do FCO Verde, além de R$ 7,6 milhões em certificação e monitoramento de carbono na produção de soja e milho.

A combinação entre políticas públicas estruturantes, crédito sustentável e inovação tecnológica colocou o território sul-mato-grossense entre as lideranças brasileiras em manejo responsável do solo e da água.

“Estamos mostrando ao Brasil que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e tecnologia”, afirmou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), ao traçar um panorama da política estadual para o setor.

Com cerca de 4,7 milhões de hectares de pastagens degradadas passíveis de recuperação, o Governo do Estado transformou um desafio histórico da pecuária extensiva em oportunidade dentro da nova economia verde, tratando o tema como política de Estado.

Da degradação à produtividade

Estudos de instituições como LAPIG e MapBiomas indicam que Mato Grosso do Sul está entre os estados com maior extensão de áreas classificadas com baixo vigor de pastagem. Parte significativa dessas áreas está no Pantanal, onde a dinâmica natural e a presença de vegetação nativa não caracterizam degradação causada pela ação humana — dado considerado essencial para orientar políticas públicas e evitar distorções.

Segundo o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), a degradação observada em MS é resultado, principalmente, de práticas antigas da pecuária extensiva, com baixa taxa de lotação, pouco manejo e uso limitado de adubação. O desgaste do solo e a queda de produtividade exigiram uma resposta robusta, que hoje se consolida em programas permanentes.

Programas que sustentam a mudança

O avanço da recuperação das pastagens é sustentado por um conjunto de políticas públicas estaduais voltadas ao uso eficiente do solo e da água:

  • Prosolo: programa de restauração de áreas afetadas por erosão, com práticas conservacionistas, recuperação da fertilidade do solo e melhoria de estradas vicinais;

  • MS Irriga: voltado à ampliação da irrigação sustentável e ao uso racional da água para intensificação produtiva;

  • Plano ABC+ MS: promove sistemas integrados como ILPF, plantio direto, uso de bioinsumos e manejo de resíduos;

  • Precoce MS: incentiva o manejo eficiente e a pecuária de baixo carbono;

  • FCO Verde: linha de crédito específica para recuperação produtiva e projetos sustentáveis. Entre 2020 e 2024, foram R$ 812 milhões destinados a 771 projetos.

“Quando governo, produtores e instituições de pesquisa trabalham juntos, conseguimos acelerar a transição para uma agropecuária moderna, de baixa emissão de carbono e com alto desempenho”, reforçou Verruck.

Credibilidade ambiental e mercados globais

Além da recuperação produtiva, Mato Grosso do Sul avança na consolidação de credibilidade ambiental, requisito cada vez mais exigido pelos mercados internacionais. A Semadesc e o Fundems estão investindo R$ 7,6 milhões em certificação e monitoramento de carbono na soja e no milho.

Na pecuária, o Estado alcançou em 2025 o status de área livre de febre aftosa sem vacinação e prepara a implantação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início previsto para 2026 e cobertura total até 2032.

Também está em desenvolvimento o Selo Verde, que vai integrar dados ambientais e produtivos, garantindo transparência socioambiental às cadeias da carne e da soja.

Liderança em integração e inovação

Mato Grosso do Sul é líder nacional em áreas com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), somando mais de 3,6 milhões de hectares. Esses sistemas contribuem para diversificação de renda, melhoria da fertilidade do solo e redução da pressão por abertura de novas áreas.

O Estado também está entre os cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos, criado em 2022. Paralelamente, projetos de confinamento sustentável e intensificação de pastagens elevam a produtividade e reforçam o bem-estar animal.

Assistência técnica no campo

Em parceria com Agraer, Senar e instituições federais, o Estado investe em capacitação de produtores para adoção de práticas conservacionistas e de baixo carbono. Entre os destaques estão os projetos Carbono ATeG, que auxilia na mensuração e redução de emissões de gases de efeito estufa, e o ABC Cerrado, com treinamentos em ILPF, plantio direto e florestas plantadas.

“Nossa meta é chegar ao produtor com assistência técnica de qualidade e acesso a crédito sustentável, garantindo que cada propriedade tenha condições de produzir mais e conservar mais”, concluiu Verruck.