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Meio Ambiente

Anta que caiu em piscina deve ficar 4 meses no Cras antes de ser solta

Luciana Brazil | 01/08/2012 10:22
Dentro de um recinto, trancado com grades, a anta segue em recuperação. (Fotos:Luciana Brazil)
Dentro de um recinto, trancado com grades, a anta segue em recuperação. (Fotos:Luciana Brazil)

Apesar do tratamento diário recebido no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), a anta resgatada na última sexta-feira (27), no bairro Chácara dos Poderes, em Campo Grande, deverá permanecer por pelo menos quatro meses no centro de reabilitação.

De acordo com o médico veterinário Álvaro Cavalcanti, o animal está com as patas feridas, com machucados pelo rosto e a cicatrização é lenta. Ele ainda explica que a ferida na pata incomoda e causa muita dor. “Ela se debateu muito tentando sair da piscina e machucou as patas”.

Depois de recuperada, a anta deverá ser solta na região entre as cidades de Jaraguari, Ribas do Rio Pardo ou Água Clara. A área de soltura, segundo Cavacanti, é ideal, já que o local apresenta comida e água em abundância, além de ter outras antas. “É uma área de cerca de 30 km entre as três cidades”.

Na sexta-feira, ao chegar ao Cras, a anta recebeu remédios tranquilizantes, já que tremia e estava assustada, conforme explicou Cavalcanti. No sábado, o animal foi anestesiado para uma avaliação mais profunda, onde foi possível constatar que grande parte do casco das patas estavam dilacerados. “As lesões foram grandes e o lugar onde está machucado tem cicatrização lenta. As camadas de gel que ficam entre o osso e as lamínulas do casco foram prejudicadas”, completou.

Segundo o veterinário, com as patas machucadas o animal não consegue se locomover e ainda conclui que a “anta está 100% debilitada porque está impedida de andar”.

A medicação está sendo ministrada na alimentação, dissipada em frutas. “Colocamos o remédio no meio da banana, da goiaba, ou de outra fruta, para ela comer. Ela vai emagrecer porque está debilitada. Não damos ração porque já houve relato de prolapso do reto”.

O veterinário conclui que serão gastos cerca de R$ 2 mil com medicação para o tratamento da anta, no período de quatro meses. “Além dos custos indiretos como alimentação, luz, água”, explica.

A anta foi encontrada na piscina de uma chácara abandonada pelo caseiro de uma propriedade vizinha. Bombeiros e policiais militares ambientais fizeram o resgate do animal.

O maior mamífero da América do Sul come até 14 kg de comida por dia.
O maior mamífero da América do Sul come até 14 kg de comida por dia.
A anta albina se destaca entre as outras e pesa 250 kg.
A anta albina se destaca entre as outras e pesa 250 kg.

Cras: Quatro antas estão hoje no centro de reabilitação, sendo uma delas albina. Os animais que chegam ao local são vítimas de histórias parecidas. “Ou a mãe é atropelada e morre ou elas mesmas são vítimas de atropelamento”, explicou o veterinário Cavalcanti.

Três antas deverão ser soltas em breve, próximo a área de Ribas do Rio Pardo e Bandeirantes. “A albina, que é fêmea, é a única que não será solta, mas as outras três, duas fêmeas e um macho, serão levados para regiões de onde vieram”.

No Cras, as antas ficam em um recinto de aproximadamente 500 metros quadrados, com um lago, já que também são bons nadadores. “Inclusive, se a anta não nadasse tão bem, aquela que caiu na piscina teria morrido”, lembrou Cavalcanti.

A anta, o maior mamífero da América do Sul, pode percorrer cerca de 15 km, no máximo, diariamente. Sua alimentação é baseada em folhas secas, troncos de árvores, pequenos brotos na beira dos lagos, além de frutas e legumes e raízes como batatas.

O animal tem hábitos noturnos e costuma se movimentar entre o entardecer até o nascer do sol. Uma anta pode pesar até 250 kg e come cerca de 14 kg de comida por dia.

Programa de presevação: Desde 2007, o Programa de Proteção e Prevenção da Anta Brasileira no Estado de Mato Grosso do Sul é mantido pela Fundapam (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária e Ambiente).

Hoje, três projetos são desenvolvidos dentro do programa de proteção, um deles é educacional. Ainda são desenvolvidos o projeto de Reprodução Monitorada e o de Monitoramento da Anta no Estado.

Cavalcanti lembra que em 2007, quando uma anta chegou queimada no centro de reabilitação, surgiu a idéia de criar um programa.

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