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Meio Ambiente

Bioparque já conseguiu reproduzir 2 espécies criticamente ameaçadas de extinção

Cascudo-viola e axolote sobrevivem graças à pesquisa em local que é mais que cartão-postal

Por Inara Silva | 14/08/2025 08:39
Bioparque já conseguiu reproduzir 2 espécies criticamente ameaçadas de extinção
Mergulhador faz a manutenção do vidro no Bioparque (Foto: Henrique Kawaminami)

O Bioparque Pantanal, em Campo Grande, tornou-se um centro de referência em pesquisa, reprodução e conservação de espécies de água doce. Atualmente, o local monitora a reprodução de 89 tipos de animais aquáticos, incluindo dois criticamente ameaçados de extinção. A meta é que, até dezembro, mais 20 espécies iniciem seu ciclo reprodutivo no local.

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O Bioparque Pantanal, em Campo Grande, alcançou um marco significativo ao monitorar a reprodução de 89 espécies de animais aquáticos, incluindo duas criticamente ameaçadas de extinção: o cascudo-viola e o axolote mexicano. O local planeja expandir esse número com mais 20 espécies até dezembro. Desde sua inauguração em 2022, o complexo ampliou seu acervo de 230 para 468 espécies de peixes, tornando-se o maior acervo de peixes do Pantanal do mundo. O projeto visa futuramente repovoar rios da região e contribuir com a bioeconomia local através do desenvolvimento de protocolos de reprodução sustentável.

O trabalho é liderado pelo biólogo e curador do Bioparque, Heriberto Gomes Júnior, que ressalta a importância de documentar o ciclo de vida de cada espécie, do ovo à fase adulta. Segundo ele, cada animal é catalogado e monitorado, gerando um conhecimento valioso que contribui para o desenvolvimento de protocolos de manejo e de reprodução.

“Registrar a reprodução de cada espécie nos ajuda a entender seus hábitos e trabalhar na sua conservação”, afirma o biólogo.

Bioparque já conseguiu reproduzir 2 espécies criticamente ameaçadas de extinção
Biológo e curador do Bioparque, Heriberto Gomes Júnior (Foto: Henrique Kawaminami)

Animais ameaçados

Segundo o curador, entre as principais contribuições dos estudos do CCPN (Centro de Conservação e Reprodução de Peixes Neotropicais) está a reprodução bem-sucedida de duas espécies criticamente ameaçadas de extinção: o cascudo-viola, de Mato Grosso do Sul, e do axolote, do México.

Com reprodução inédita fora dos rios, o cascudo-viola é uma esperança para a conservação e o repovoamento do rio Coxim, no Pantanal, onde a espécie é nativa e restrita. A região tem sido impactada por hidrelétrica, o que gera risco para a vida destes peixes.

Já o axolote teve seus primeiros exemplares no Bioparque vindos de apreensão de tráfico de animais. Anfíbio, ele é um tipo de salamandra que tem sido ameaçado devido à destruição ambiental nas proximidades da Cidade do México. Hoje, seus exemplares reproduzidos no Bioparque estão disponíveis nas galerias de visitação, como parte das ações de educação ambiental.

Bioparque já conseguiu reproduzir 2 espécies criticamente ameaçadas de extinção
Biólogo e curador do Bioparque, Heriberto Gomes Júnior. (Foto: Henrique Kawaminami)

Expansão e pesquisa científica

O biólogo afirma que, desde sua inauguração, em 2022, o Bioparque expandiu seu acervo de 230 para 468 espécies de peixes, sendo 175 do Pantanal, o que o torna dono do maior acervo de peixes do Pantanal do mundo.

Essa ampliação é resultado de expedições científicas da equipe pelos rios do Estado, focadas na Bacia do Alto Paraguai nos últimos três anos. No ano passado, foi realizada a primeira expedição na Bacia do Rio Paraná.

Heriberto Gomes Júnior explica que a equipe segue até um dos rios pré-definidos e, por meio de mergulho ou rede, faz a captura. Ao encontrar novas espécies ou peixes ameaçados, os animais são levados para uma quarentena de observação em um dos 150 aquários disponíveis no CCPN. Após a ambientação, são transferidos para os tanques do circuito de visitação ou seguem para contribuir com novos protocolos de reprodução.

Repovoar rios

Bioparque já conseguiu reproduzir 2 espécies criticamente ameaçadas de extinção
Axolote albino à frente dos demais exemplares da mesma espécie (foto: Henrique Kawaminami )

O objetivo final de todo esse esforço, segundo o curador, será a reintrodução de muitas dessas espécies para repovoar os rios do Estado, principalmente em locais em que há ameaça de extinção.

Heriberto comenta que esta meta é a longo prazo, pois o cascudo-viola, por exemplo, um sucesso de reprodução, só poderá ser destinado à soltura em um período de cinco a 10 anos.

O biólogo alerta que a própria soltura deverá ser feita com cuidado para não prejudicar a população natural de onde será inserida. É preciso fazer controle de DNA para garantir que o peixe tenha diversidade genética que não impacte o local.

Bioparque já conseguiu reproduzir 2 espécies criticamente ameaçadas de extinção
Frascos com filhotinhos de pial em fase de estudos. (Foto: Henrique Kawaminami )

Contribuição para a bioeconomia e sustentabilidade

Para o curador, o conhecimento adquirido no Bioparque é fundamental para a bioeconomia e a sustentabilidade. Os protocolos de reprodução, por exemplo, podem ser utilizados por aquicultores, permitindo a produção e venda de peixes de forma sustentável, reduzindo o impacto sobre a pesca extrativista.

Além disso, ele esclarece que o trabalho do centro de pesquisa é crucial em projetos de impacto ambiental, como a construção de barragens. Nessas situações, pesquisadores podem coletar e conservar espécies da área afetada antes que o empreendimento seja concluído, garantindo a preservação da biodiversidade local.

Parcerias com universidades

O Bioparque também colabora com 20 projetos científicos em parceria com universidades como UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), UFPA (Universidade Federal do Pará) e UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).