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Meio Ambiente

Para Edilaine e a brigada do Amolar, amor à terra vale mais que o descanso

Brigadista e a família enfrentam incêndios florestais na região remota do Pantanal

Por Inara Silva | 20/10/2025 06:28
Para Edilaine e a brigada do Amolar, amor à terra vale mais que o descanso
Edilaine Arruda com a equipe da Brigada Comunitária do Amolar (Foto: Arquivo Pessoal)

O dia começa intenso na casa de Edilaine Nogales de Arruda, 30 anos, pantaneira da Serra do Amolar. Às 6h40, ela já está ao lado do filho de 12 anos, esperando o “barquinho escola” que o leva à aula. Logo em seguida, Edilaine se dedica às atividades que sustentam a família. Pescadora profissional, ela também atua na apicultura e pequenos trabalhos na comunidade, incluindo serviços na pousada do pai.

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Edilaine Nogales de Arruda, pantaneira da Serra do Amolar, divide seu tempo entre a família, pesca profissional, apicultura e serviços comunitários. Moradora de uma região acessível apenas por barco, ela integra a Brigada Comunitária do Amolar, grupo voluntário que combate incêndios na área. Como brigadista, enfrenta condições extremas de trabalho, percorrendo até 14 quilômetros diários em terrenos íngremes com equipamentos pesados. Apesar dos riscos à saúde e das sequelas causadas pela inalação de fumaça, Edilaine persiste na missão de proteger o que considera o "bioma mais lindo de se ver".

“Com tantos afazeres, nem vejo o tempo passar”, diz a pantaneira.

A cidade mais próxima, Corumbá, só é visitada uma vez por ano, o acesso é possível apenas de barco. Para Edilaine, a Serra do Amolar é o “bioma mais lindo de se ver”: são 80 km de extensão, a mil metros de altitude, com rica biodiversidade e grande potencial turístico.

Mas a rotina tranquila da família tem sido interrompida pelos incêndios que atingem a região. Em 2020, ano em que as queimadas foram intensas na região, Edilaine atuou como combatente sem experiência, enfrentando medo e sequelas de saúde devido à falta de equipamentos e treinamento.

Para Edilaine e a brigada do Amolar, amor à terra vale mais que o descanso
Edilaine Arrruda e a irmão atuam no combate aos incêndios. (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, ela faz parte da Brigada Comunitária do Amolar, composta por oito voluntários, sendo quatro deles de sua própria família: pai, esposo, irmã e ela, todos formados como brigadistas. A motivação para o trabalho voluntário é o que Edilaine define como “amor ao nosso lugar”.

A vida na Serra é intensa, mas não totalmente isolada. Com o uso da internet, ela providencia a compra do que precisa, que vai de combustível a suprimentos que chegam via freteira, evitando a longa viagem até a cidade.

Combate - Porém, quando o fogo surge, o combate é feito em condições extremas. Edilaine conta que os brigadistas caminham até 14km por dia, com materiais pesados nas costas, carregados por trilhas íngremes.

Às vezes, temos que carregar materiais nas costas por distâncias longas e chegamos já exaustos para o combate”, relata a pantaneira ao ressaltar que a equipe precisa de um veículo terrestre, de um barco maior e de uma motosserra para abrir aceiros. O risco à saúde é constante.

Sequelas - Em 2020, a falta de equipamentos levou muitos brigadistas a passar mal por inalação de fumaça. Segundo ela, hoje, com a proteção fornecida em parceria com a Ecoa (Ecologia e Ação), a situação melhorou, mas o esforço tem consequência.

No dia da entrevista, Edilaine precisou se afastar do combate devido a dores nas costas e nos pulmões. Enquanto os familiares seguiram para o combate, ela ficou em casa e cuidou das refeições de todos. A assistência médica oficial é rara, e a automedicação é um recurso necessário para voltar à linha de frente.

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