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Meio Ambiente

Expedição internacional vai explorar cavernas desconhecidas de MS

Anahi Gurgel | 12/08/2017 09:02
Pesquisadores realizam exploração de caverna no município de Bonito, pelo Projeto Potiicoara. (Foto: Divulgação)
Pesquisadores realizam exploração de caverna no município de Bonito, pelo Projeto Potiicoara. (Foto: Divulgação)

Uma equipe de pesquisadores do Brasil, Alemanha, Rússia e Portugal iniciou, nesta semana, uma expedição inédita para pesquisar cavernas inexploradas no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, no oeste de Mato Grosso do Sul.

O grupo de 10 pessoas, partiu de Campo Grande para o município de Bonito, distante cerca de 257 km, na segunda-feira (06). De lá, seguiu para o parque nacional, onde realizará a pesquisa das cavidades naturais subterrâneas até dia 28.

Integram o time membros do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), um espeleólogo russo, outro português e três alemães, sendo um deles vice-presidente da Federação Européia de Espeleologia. Eles passarão os 22 dias acampados no parque, num trabalho completamente voluntário.

Lívia, ao centro, e outros pesquisadores reunidos no município de Bonito para programar atividades da expedição. (Foto: Divulgação/Projeto Potiicoara)
Lívia, ao centro, e outros pesquisadores reunidos no município de Bonito para programar atividades da expedição. (Foto: Divulgação/Projeto Potiicoara)

A proposta da “Expedição Internacional da Serra da Bodoquena 2017” surgiu por uma “inquietude” da pesquisadora campo-grandense Lívia Medeiros Cordeiro, 34, especialista em fauna de caverna e vice-presidente da SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia).

“Ao longo dessa minha caminhada, realizando um trabalho focado na bioespeleologia, tenho percebido com preocupação a rápida mudança da paisagem na natureza de Mato Grosso do Sul. Por isso, pretendo pesquisar a existência de cavernas nessas áreas”, explica a pesquisadora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

“Só é possível conservar uma caverna a partir do momento de que há provas documentadas de sua existência. Esse trabalho busca definir a identidade, o “RG” das cavidades”, diz.

O mapeamento tem a intenção de traçar dados como coordenadas, extensão, profundidade e a distância que é possível caminhar dentro das cavernas .

Nessa primeira expedição, não serão exploradas áreas subaquáticas do parque. O objetivo é realizar esse tipo de trabalho todos os anos, para descobrir a cada vez novas cavernas.

"No estado, estima-se que existam muitas cavernas desconhecidas, seja pelo difícil acesso, seja pela limitação técnica, pois não são muitas as pessoas com formação adequada para fazer esse tipo de exploração com segurança”, explica.

A expedição tem o propósito também de alavancar o conhecimento na área, por meio do intercâmbio de experiência entre pesquisadores de todo o mundo, além de estimular a formação de novos espeleólogos.

Exploração em caverna realizada pelos pesquisadores do projeto Potiicoara. (Foto: Divulgação?Projeto Potiicoara)
Exploração em caverna realizada pelos pesquisadores do projeto Potiicoara. (Foto: Divulgação?Projeto Potiicoara)

A pesquisadora conta que a atividade é muito restrita no Brasil pois, além de conhecimento sobre cavernas, é preciso ter experiência em atividades como rapel, escalada e mergulho.

Hoje, 90% do conhecimento que se tem sobre cavernas no mundo vem de espeleólogos esportistas, ou seja, técnicos que já prativam atividades como escalada e surf e se especializaram em explorar cavernas, pelo amor ao esporte de aventura e seus desafios. 

Cavernas sul-matogrossenses- Estão cadastradas na SBE, atualmente, 112 cavernas na Serra da Bodoquena. Mas, informalmente, estima-se que esse número ultrapasse as 300 cavidades.

O Parque Nacional da Serra da Bodoquena possui 76,4 mil hectares com muitas montanhas de rochas calcárias, campos alagados e cerrados. Contempla os municípios de Bonito, Jardim e Bodoquena.

A expedição é um desdobramento do projeto desenvolvido desde 2015 por Lívia, que é bióloga, mestre em ecologia de conservação e doutora em zoologia. A iniciativa é financiada pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).

Trata-se de um estudo sobre animais de cavernas, como o camarão Potiicoara, uma espécie rara, encontrada na Gruta do Lago Azul.

"Acreditávamos que encontraríamos essa espécie somente ali, mas há relatos dela em cavernas no Mato Grosso. Essa expedição vai contribuir também para esse estudo em particular, para descobrir a conexão subterrânea dessas cavidades. Os resultados podem trazer à tona muitas informações sobre a história da rica fauna brasileira, que pode ainda ter muitos mistérios e espécies cientificamente desconhecidas", acredita.

Confira, na galeria abaixo, algumas imagens da pesquisa e de animais que foram encontrados na caverna de Bonito (MS). Os registros foram realizados pela equipe de pesquisadores do projeto Potiicoara. 

Confira a galeria de imagens:

  • O pequeno Potiicoaara, espécie rara encontrada na Gruta do Lago Azul.
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