ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, DOMINGO  28    CAMPO GRANDE 31º

Meio Ambiente

Projeto quer corredor pantaneiro para conectar Brasil, Paraguai e Argentina

Ambientalistas querem conectar terras alagadas da Argentina, do Paraguai e do Brasil pra manter biodiversidade

Por Gabriela Couto | 17/03/2024 11:33
Imagem aérea do Parque Nacional Iberá, no Pantanal argentino, durante por do sol; bioma é a maior área alagável do mundo (Foto: Tompkins Conservation)
Imagem aérea do Parque Nacional Iberá, no Pantanal argentino, durante por do sol; bioma é a maior área alagável do mundo (Foto: Tompkins Conservation)

Ambientalistas que são referência mundial em filantropia ambiental estão unindo esforços para conseguir criar um corredor de biodiversidade na América do Sul.  O objetivo é conectar o Pantanal da Argentina, a partir do Parque Nacional Iberá, passando pelo Paraguai e chegando ao Brasil.

Unidos na ideia estão Kristine Tompkins, Tompkins Conservation, Sofía Heinonen, CEO da Rewilding Argentina, Teresa Bracher e seu marido, Candido Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco e a ONG Onçafari, comandada pelo empresário e ex-piloto de corridas Mario Haberfeld. A instituição tem base de estudos no Pantanal sul-mato-grossense, em Miranda, a 208 km de Campo Grande.

Quando Jatobazinho foi encontrado, no pátio da Escola Rural Jatobazinho, no Pantanal de Corumbá, estava pesavando apenas 35 kg (Foto: Onçafari)
Quando Jatobazinho foi encontrado, no pátio da Escola Rural Jatobazinho, no Pantanal de Corumbá, estava pesavando apenas 35 kg (Foto: Onçafari)

O grupo trabalha em ações de restauração de ecossistemas e reintrodução de espécies nativas extintas.

Exemplo de sucesso, o parque argentino, localizado na região da província de Corrientes, é a casa de 21 onças-pintadas de vida livre. O local chegou a ficar 70 anos sem registrar a presença desses felinos.

Jatobazinho ganhou peso e passou por reabilitação no recinto do Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, até ser solto na natureza (Foto: Onçafari)
Jatobazinho ganhou peso e passou por reabilitação no recinto do Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, até ser solto na natureza (Foto: Onçafari)

Dentre os moradores está ‘Jatobazinho’, o filhote de onça-pintada encontrado no pátio da Escola Rural Jatobazinho, no Pantanal de Corumbá, em agosto de 2018.

Magro e com sinais de desidratação severa, o macho que na época tinha cerca de 1 ano e meio foi resgatado, reabilitado e reintroduzido no Pantanal argentino.

“Foi tratado pela equipe do Onçafari, reaprendeu a caçar e foi levado para Iberá, onde cruzou com fêmeas vindas de outros lugares e teve filhotes. Recentemente um deles foi visto atravessando o rio em direção ao Paraguai”, relembra Sofía.

No entanto, a área de Iberá já se tornou insuficiente para as espécies que aumentaram sua população e precisam se dispersar.

“Temos que ligar o parque a outros lugares onde existam ecossistemas completos e funcionais como o Pantanal. Queremos ligar o Pantanal a Iberá ao longo do entorno do Rio Paraguai e ter lugares onde a vida selvagem possa se reproduzir. Então viemos conversar com a Teresa Bracher [filantropa, ambientalista e membro do conselho da ONG Onçafari] e com o Mario Haberfeld, [fundador e CEO do Onçafari]”, completou.

Jatobazinho: em Iberá, macho cruzou com fêmeas vindas de outros lugares e teve filhotes (Foto: Mario Nelson Cleto/Onçafari)
Jatobazinho: em Iberá, macho cruzou com fêmeas vindas de outros lugares e teve filhotes (Foto: Mario Nelson Cleto/Onçafari)

Como o parque argentino está localizado na parte sul da Bacia do Paraguai, a ideia é conectar com a parte norte, no Pantanal. “Estamos procurando uma forma de trabalharmos juntos e nos unirmos a ONGs paraguaias para conectar essas áreas protegidas, criando trampolins para que esses animais possam se mover de uma à outra sem serem mortos no caminho”, ressaltou.

O trabalho será fundamental para a conservação das espécies. “Todos esses grandes mamíferos estão em processo de extinção. Quando pensamos nos mamíferos espalhados pela Terra, 96% são gado e seres humanos. Apenas 4% são animais selvagens. Então todas as baleias, os elefantes e outros grandes mamíferos que vêm à mente representam apenas 4% dos mamíferos que restaram no planeta. Precisamos trazê-los de volta”, concluiu a CEO.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias