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Política

Além de consulta médica, até comida era trocada por voto

Beneficiados com o esquema de compra de votos eram vereadores e candidatos da base aliada do atual prefeito

Viviane Oliveira | 18/11/2021 12:23
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

As investigações da Polícia Federal na Operação Mercês, deflagrada em outubro deste ano para apurar participação de servidores públicos e membros do Poder Legislativo em fraude eleitoral, mostram que além de consulta médica, até marmitex foi trocado por voto nas eleições do ano passado, em Corumbá, distante 410 quilômetros de Campo Grande.

Quebra do sigilo telefônico e materiais apreendidos com um funcionário comissionado da prefeitura, durante ação da Polícia Federal, em novembro de 2020, revelaram o esquema organizado para compra de votos com recursos públicos. Na agenda encontrada com o funcionário, havia diversas anotações: nomes de pessoas, telefones e solicitação de “ajuda” como pedido de combustíveis, caixas de cerveja e tijolos para construção.

Os beneficiados com o esquema eram vereadores e candidatos da base aliada do atual prefeito, Marcelo Iunes (Podemos). Em uma das mensagens, trocadas entre o funcionário da prefeitura e um vereador, fica claro o acerto financeiro para compra de votos de pelo menos 26 pessoas, por R$ 50 cada.

Segundo a polícia, o funcionário agia a mando de candidatos (a maioria já ocupava cargo eletivo e eram candidatos à reeleição), realizando a compra de votos com dinheiro em espécie ou por meio de “favores”, principalmente com consultas médicas e a realização de exames dentro da rede pública de saúde do município. Veja uma das conversas entre o funcionário e uma eleitora abaixo.

Conversa entre o funcionário que teve o celular apreendido e uma eleitora. (Foto: Reprodução)
Conversa entre o funcionário que teve o celular apreendido e uma eleitora. (Foto: Reprodução)

Os diálogos revelam ainda a compra de votos em troca de marmitex para seis eleitores. A conversa é entre o funcionário comissionado, que teve o celular apreendido, e outro comissionado da prefeitura que trabalhava para um candidato a vereador aliado do prefeito. No áudio, ele chega a rir do preço pago pelo voto e coloca o próprio eleitor para enviar áudio cobrando o alimento.

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Segundo a Polícia Federal, o grupo usou a estrutura pública para negociar troca de favores, ou troca de benefícios, e assim conseguir apoio político para suas candidaturas nas eleições municipais. Outra forma ilegal de assegurar apoio político durante a campanha foi a contratação de pessoas sem prestar contas à Justiça Eleitoral, no chamado, “pagamento por fora”.

O documento, no qual o Campo Grande News teve acesso, segue em sigilo e, por isso, os nomes dos investigados não foram divulgados.

Operação - Durante a Operação Mercês, deflagrada no dia 19 do mês passado, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na cidade. A intenção era esclarecer a associação de servidores públicos e vereadores do município para a compra de votos. O termo “mercês” vem do latim e sintetiza o modo de funcionamento da prática eleitoreira baseada em clientelismo, esquema observado na investigação.

Em nota, a assessoria da Prefeitura de Corumbá informou que "nem o prefeito Marcelo Iunes e nem a Prefeitura de Corumbá foram comunicados oficialmente sobre o teor da investigação. O prefeito reafirmou que está a disposição da Justiça para qualquer esclarecimento que seja necessário e que nunca compactuou e nem teve conhecimento sobre compra de votos ou troca de favores visando vantagem eleitoral".

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