Contar volta ao bolsonarismo pelo PL, mas lideranças de MS ignoram filiação
Ex-deputado busca espaço no partido para disputar o Senado, mas estreia é marcada por isolamento

A volta de Renan Contar, o Capitão Contar ao reduto bolsonarista em Mato Grosso do Sul começou com um gesto simbólico e nada acolhedor. O ex-deputado estadual e candidato derrotado ao governo do Estado em 2022 se filiou nesta terça-feira (2) ao PL para disputar uma vaga ao Senado. O ato, em Brasília, reuniu a cúpula nacional do partido, mas passou longe de mobilizar as lideranças regionais que, embora comandem a máquina partidária em MS, não compareceram nem enviaram representantes para prestigiar o movimento político.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
O ex-deputado estadual Renan Contar oficializou sua filiação ao Partido Liberal (PL) em Brasília, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. A cerimônia, que ocorreu nesta terça-feira, não contou com a presença de lideranças do partido em Mato Grosso do Sul, evidenciando um distanciamento entre o político e o diretório regional. Durante o evento, que reuniu figuras importantes como o senador Flávio Bolsonaro e o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, Contar manifestou sua intenção de disputar o Senado e destacou a importância de fortalecer a presença da direita no Congresso Nacional, visando as eleições de 2026.
A ausência não foi discreta. O presidente do diretório estadual do PL, o ex-governador Reinaldo Azambuja, deu tanta importância ao evento que passou o dia pescando nos rios da Amazônia, deixando claro que, no tabuleiro local, Contar retorna ao bolsonarismo sem cerimônia, sem festa e sem abraço político.
- Leia Também
- Azambuja não vê disputa no PL e diz que Contar é aliado para reeleger Riedel
- "Nenhum problema com isso", diz Contar sobre disputa com Azambuja no PL
O gesto evidencia o tamanho do isolamento do capitão dentro do próprio campo que um dia o impulsionou. Em 2022, Contar canalizou o voto de direita e surfou na onda bolsonarista para chegar ao segundo turno pelo governo do Estado. Três anos depois, reaparece tentando reconstruir espaço, mas encontra portas fechadas e um partido sob controle de lideranças que não demonstraram interesse em recolocá-lo no jogo.
Nos bastidores, a avaliação é que Contar entra no PL como um nome a mais, e não como prioridade eleitoral. O silêncio das principais figuras do partido em Mato Grosso do Sul reforça que sua filiação pode ter repercussão em Brasília, mas não muda a correlação de forças no Estado. Contar tenta agora ocupar um espaço majoritário em 2026 num partido que, ao menos em MS, mostrou não estar disposto a abrir caminho para seu retorno.
Após o anúncio, Capitão Contar, apresentou seu retorno ao partido como parte de um movimento para consolidar o PL como principal força da direita no Brasil. Ele afirmou que o momento exige reação política para enfrentar o cenário nacional e construir maioria no Congresso.
Segundo Contar, o objetivo imediato é ampliar a bancada federal para disputar protagonismo nas pautas legislativas. “Sabemos que o Brasil não vai se recuperar sozinho e que neste momento é fundamental que os homens e mulheres de bem tenham coragem para agir. Nosso objetivo é claro: construir a maioria necessária no Congresso para defender a nossa Constituição e restabelecer o equilíbrio entre os poderes”, declarou.
O ex-deputado também fez referência ao cenário político nacional e às disputas entre Judiciário e Legislativo. Para ele, o país vive “abuso e interferência”, o que justificaria ampliar a representatividade de parlamentares alinhados ao discurso bolsonarista. “Diante do cenário de abusos e interferências, é fundamental ampliar a presença de parlamentares que defendem a liberdade, a justiça, a Constituição e o povo brasileiro”, disse.
Além disso, afirmou que o PL trabalhará para estruturar candidaturas para 2026 com foco no Congresso Nacional. “Estamos todos empenhados em construir pré-candidaturas fortes para a Câmara e o Senado, buscando fortalecer o Congresso”, afirmou.
Apesar da ausência de representantes sul-mato-grossenses, a cerimônia teve a presença do núcleo central do partido em Brasília e da ala bolsonarista do Congresso. Participaram o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, e o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto. Também estiveram presentes o senador Rogério Marinho (PL-RN), o líder da oposição na Câmara, deputado Coronel Zucco (PL-RS), o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o vice-presidente nacional da sigla, deputado Marcio Alvino (PL-SP).


