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Política

Em última rodada de tema livre, candidatos evitam ataques e focam em propostas

Ao contrário do primeiro bloco de perguntas livres, o terceiro bloco teve um clima morno, sem ataques pessoais

Por Jhefferson Gamarra | 03/10/2024 22:50
Poucos apoiadores dos candidatos acompanharam o debate ao lado de fora da emissora (Foto: Juliano Almeida)
Poucos apoiadores dos candidatos acompanharam o debate ao lado de fora da emissora (Foto: Juliano Almeida)

Na noite de quinta-feira (3), a TV Morena realizou um debate entre os candidatos à Prefeitura de Campo Grande: Adriane Lopes (PP), Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT), Luso Queiroz (PSOL) e Rose Modesto (União Brasil). A discussão do terceiro bloco dedicado às perguntas com tema livre, permitindo que os candidatos questionem uns aos outros sobre qualquer assunto relevante para a administração de Campo Grande.

Ao contrário do primeiro bloco de perguntas livres, o terceiro bloco teve um clima morno, onde todos candidatos discutiram propostas e apontaram problemas da cidade, evitando ataques pessoais.

Candidata à reeleição Adriane Lopes (PP) (Foto: Juliano Almeida)
Candidata à reeleição Adriane Lopes (PP) (Foto: Juliano Almeida)

Na primeira pergunta, a modernização da gestão municipal foi um dos principais temas abordados. A atual prefeita, Adriane Lopes, iniciou questionando Luso de Queiroz sobre suas propostas para reduzir a burocracia e modernizar os serviços públicos. Adriane destacou seus esforços na introdução de tecnologia e inovação na administração municipal, afirmando que está digitalizando processos e facilitando a vida dos cidadãos por meio de sistemas eletrônicos.

Luso, por sua vez, criticou a atual administração, alegando que a burocracia beneficia apenas os grandes empresários e prejudica os trabalhadores e pequenos comerciantes. Ele defendeu a implementação de soluções tecnológicas, como aplicativos para agendamentos na área da saúde e telemedicina, para tornar os serviços mais acessíveis.

Adriane reafirmou seu compromisso com a eficiência e resultados, mencionando parcerias com a iniciativa privada para trazer inovações à prefeitura. Luso respondeu acusando a gestão atual de ser ineficaz desde a década de 1990 e prometeu desburocratizar a administração, ressaltando a necessidade de apoiar a agricultura familiar e os pequenos empreendedores.

Candidata do União Brasil, Rose Modesto (Foto: Juliano Almeida)
Candidata do União Brasil, Rose Modesto (Foto: Juliano Almeida)

Em seguida, Rose Modesto questionou Adriane Lopes sobre problemas de gestão, especificamente a falta de medicamentos, incluindo dipirona, nos postos de saúde, e a situação da educação especial em Campo Grande. Rose criticou a atual administração, afirmando que o slogan de Adriane, "sem medo de fazer o certo", não condiz com a realidade enfrentada pelos cidadãos, que sentem a ausência de suporte nas áreas da saúde e educação.

Adriane defendeu sua gestão, afirmando que herdou problemas da administração anterior e que, atualmente, 91% dos medicamentos estão disponíveis nas unidades de saúde. Ela enfatizou sua busca por soluções inovadoras para os problemas da cidade e tentou desviar a discussão para suas propostas, alegando que Rose estava mais interessada em ataques pessoais do que em debater políticas.

Na réplica, Rose acusou Adriane de estar desconectada da realidade e de não ter responsabilidade sobre os problemas mencionados, ressaltando que Adriane esteve na gestão anterior e criticando a sua relação com o ex-prefeito Marquinhos Trad. Além disso, Rose fez referência à sua própria afiliação partidária, tentando desestabilizar a credibilidade de Adriane.

Luso de Queiros do PSol durante debate (Foto: Juliano Almeida)
Luso de Queiros do PSol durante debate (Foto: Juliano Almeida)

A terceira pergunta foi feita por Luso de Queiroz e questionou Beto Pereira sobre as promessas do governo do Estado em relação à meta de carbono zero, apontando a realidade das queimadas em Mato Grosso do Sul, que, segundo ele, é a maior da história sob a gestão do PSDB. Luso criticou a capacidade do governo de alcançar essa meta diante da produção contínua de gases poluentes e enfatizou a necessidade de medidas preventivas em vez de apenas combate aos incêndios.

Beto Pereira defendeu a atuação do governo, argumentando que não se deve culpar a administração estadual pelas queimadas e destacando os investimentos em equipamentos para o Corpo de Bombeiros, como aviões e veículos novos, para combater os incêndios. Ele ressaltou que o combate a incêndios é caro, e a ênfase deve ser na prevenção.

Luso, por outro lado, sugeriu o uso de tecnologias, como drones e satélites, para monitorar e punir aqueles que iniciam queimadas ilegais, criticando a falta de uso dessas ferramentas. Beto respondeu convidando Luso a conhecer a central de monitoramento do Estado, onde, segundo ele, já estão sendo utilizadas imagens de satélite para o monitoramento adequado das queimadas.

A discussão se desviou para questões burocráticas, com Beto questionando Luso sobre os prazos para a emissão de alvarás e licenças ambientais, sugerindo que essas questões também deveriam ser foco do debate. O embate evidenciou a tensão entre os candidatos, com Luso criticando a ineficácia do governo e Beto defendendo suas ações e o foco em resolver os problemas de Campo Grande.

Beto Pereira do PSDB foi o quarto a perguntar (Foto: Juliano Almeida)
Beto Pereira do PSDB foi o quarto a perguntar (Foto: Juliano Almeida)

Beto Pereira foi o quarto a perguntar e questionou Adriane Lopes sobre a proposta de informatização das farmácias do município, destacando a falta de tecnologia e controle de medicamentos na Capital. Ele pediu esclarecimentos sobre como essa digitalização funcionaria, enfatizando que muitos pequenos estabelecimentos já utilizam sistemas digitais para controle de estoque, enquanto a prefeitura não se beneficiou de programas gratuitos oferecidos pelo Ministério da Saúde.

Adriane Lopes respondeu destacando as inovações que implementou, como a compra de mais de 2.400 computadores e a proposta de entrega de medicamentos na casa dos usuários do SUS, começando por idosos e pessoas com deficiência. Ela afirmou que sua gestão já está mudando a realidade da saúde em Campo Grande, com a construção de um hospital municipal e mutirões para eliminar filas de exames e consultas. Adriane se defendeu, dizendo que assumiu a prefeitura em uma situação financeira difícil, mas que estava organizando as finanças e promovendo transformações visíveis na cidade.

Beto insistiu que a falta de medicamentos se deve à má gestão, mesmo com recursos disponíveis. Ele questionou a credibilidade das promessas de Adriane e reforçou que a digitalização e o controle de estoque são práticas comuns em farmácias.

Camila Jara (PT) encerrou as perguntas do terceiro bloco (Foto: Juliano Almeida)
Camila Jara (PT) encerrou as perguntas do terceiro bloco (Foto: Juliano Almeida)

Adriane finalizou reafirmando seu compromisso com a transformação da saúde na cidade e sua disposição para continuar trabalhando em prol da população, ressaltando que dois anos não são suficientes para resolver todos os problemas, mas que com mais tempo, as mudanças prometidas serão concretizadas. Ela enfatizou que está "sem medo de fazer o certo" e que a entrega de medicamentos em casa é uma das suas prioridades.

A pergunta final foi feita por Camila Jara que levantou questões sobre a gestão atual da saúde em Campo Grande, especialmente em relação à entrega de medicamentos e suprimentos para mães de crianças com deficiência. Ela afirmou que há dois anos essas mães não recebem a dieta necessária, resultando na perda de 12 milhões de reais do Ministério da Saúde por falhas administrativas da gestão de Adriane Lopes. Camila questionou como a atual prefeita conseguiria resolver os problemas de saúde, dado esse histórico de perdas.

Beto Pereira corroborou as afirmações de Camila, criticando a gestão de Adriane e destacando a dificuldade que as mães enfrentam, inclusive mencionando um protesto realizado por elas em agosto. Ele enfatizou que a má gestão resulta em um impacto direto nas famílias, que estão judicializando a entrega de medicamentos e suplementos alimentares. Beto se comprometeu a acabar com essa judicialização, prometendo um controle mais rigoroso sobre a gestão de medicamentos nas unidades de saúde e assegurando seriedade e transparência no uso do dinheiro público.

Camila reiterou a gravidade da situação, afirmando que a falta de suprimentos como fraldas é uma questão de falta de humanidade e irresponsabilidade da gestão. Ela propôs a criação de um centro de acolhimento e uma rede de atenção psicossocial para apoiar essas mães, utilizando tecnologias já implementadas em outras cidades. Camila destacou a importância de tratar a saúde como prioridade e não permitir que as mães tenham que "mendigar" por necessidades básicas.

Beto respondeu que, com planejamento e ordenação, é possível realizar ações mais econômicas e efetivas. Ele concordou com Camila sobre a importância da compaixão em relação às mães atípicas, afirmando que cuidar delas e garantir os direitos das crianças é fundamental para o bem-estar da cidade.

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