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Política

Ex-secretário Mário Sérgio Lorenzetto estreia coluna no Campo Grande News

. | 10/09/2013 11:56
Mário Sérgio Lorenzetto estreia dia 16 de setembro no Campo Grande News.
Mário Sérgio Lorenzetto estreia dia 16 de setembro no Campo Grande News.

Secretário de Fazenda por 14 anos na prefeitura e no governo de Mato Grosso do Sul, Mário Sérgio Lorenzetto estreia na próxima semana coluna sobre Economia no Campo Grande News.

O espaço aberto no maior portal de notícias do Estado servirá para análises aprofundadas do cenário, apresentação de casos de sucesso e também de avaliações sobre fracassos no setor.

A partir do dia 16 de setembro, o “Em pauta” levará ao leitor assuntos que normalmente não são destaque no jornalismo regional. Lorenzetto pretende apresentar ações de responsabilidade social, indicar práticas saudáveis e lucrativas a serem copiadas pelo governo ou pela iniciativa privada.

A proposta é de uma coluna sem paixões políticas, administrativas ou ideológicas, mas com tom crítico. No lançamento, o próprio Lorenzetto fala sobre o que espera da coluna em entrevista ao Em Pauta:

Em Pauta – Por que fazer uma coluna diária de economia em Mato Grosso do Sul? Quais foram suas percepções sobre o que era ofertado até hoje pela imprensa local e mesmo a nacional em relação ano nosso Estado?

Lorenzetto – Existe um espaço no jornalismo local, nos cadernos de economia, que se reflete pela ausência de um trabalho com tempo de estudo maior e mais aprofundado. A agilidade e a tecnicidade exigida pelos jornais impedem os jornalistas de maiores aprofundamentos. Este é o diferencial que proponho. Aprofundar mais as questões. Procurar fugir da pasteurização que está colocada nos jornais. Criticar e elogiar, independente de posições políticas, administrativas ou ideológicas. Vou sempre clamar pela modernidade. Procurar empresas exemplares no trato com seus funcionários, as que promovem a inserção e valorização da mulher, aquelas que não cometem nenhum tipo de preconceito. Ao mesmo tempo darei nome, número e endereço dos órgãos e empresas que são obsoletos que cometem algum desvio de importância.

Em Pauta – Quais serão os assuntos focados em sua coluna?

Lorenzetto – A modernidade! Este será o tema mais caro em meu trabalho. Vivemos em um Estado periférico com grandes dificuldades de perder seu lado provinciano e atrasado. Vou colaborar de todas as formas para mostrar que já existem práticas saudáveis e lucrativas a serem copiadas pelos governantes e pelas empresas.

Em Pauta – É possível tratar de economia doméstica e macro-economia e manter coerência?

Lorenzetto – Sempre preferencie a macro-economia! Por outro lado,gosto e acho importante trabalhar com notícias que auxiliem o dia-a-dia do indivíduo. A avó do Einstein tinha razão. Quando ele a visitou certa vez, recebeu o pedido de consertar a geladeira. Ele disse que não sabia. Ela afirmou que então ele não era um grande cientista. Ambos estavam certos. O grande pensamento, emanado especialmente das universidades, deve ser contemplado bem como o conhecimento das pequenas coisas do cotidiano. Não sei como consertar geladeira, mas sei como não deixar os bancos burlarem seus clientes, como aproveitar os prêmios de cartões de crédito e outras saberes tidos como pequenos, mas que ajudam muito no viver o dia-a-dia, mas a macro-economia sempre terá papel de destaque.

Em Pauta – As pessoas em geral creem que economia é um assunto difícil, dominado por poucos e de de irrelevante importância cotidiana. Como a coluna pretende mudar essa visão?

Lorenzetto – Usando um linguajar onde o tecnicismo terá espaço insignificante. Na Secretaria de Fazenda do governo de Mato Grosso do Sul, pedia aos assessores que explicitassem em linguagem coloquial o que estava dito em cada norma legal que emitíamos. A quase totalidade dos funcionários não entendia e os empresários muito menos. Sempre lutei muito contra o hermetismo que procura transformar os conhecimentos em algo que somente alguns abençoados podem adquirir. É mentira, em qualquer área do conhecimento humano o hermetismo está presente e pode, com um pouco de esforço, ser quebrado. O médico tem condições de explicar ao paciente o que está acontecendo com seu corpo. O engenheiro tem condições de ensinar ao dono da casa porque não deve ser colocado um pilar no meio da sala. Assim é na economia. O hermetismo só existe quando desejamos.

Em Pauta – Estamos em um país onde a maioria não sabe lidar com os ganhos e desconhece mecanismos de planejamento do futuro. Como é possível contribuir por meio da coluna para transformar essa postura e auxiliar na reflexão a longo prazo da economia?

Lorenzetto – Tentaremos expor o que é melhor ou pelo menos não tão ruim a fazer com o dinheiro disponível. Isso é relativamente fácil. O problema grande é o que fazer com o contrário - com as dívidas.

Em Pauta – A palavra tributo é uma quase incógnita e a maioria dos contribuintes nem sabe de sua condição. Como serão as orientações para simplificar o entendimento sobre assuntos como esse que atingem a todos, mesmo os "desavisados"?

Lorenzetto – A minha posição é clara e a mantenho há mais de 10 anos! Paguem seus tributos. Eduquem-se e os organizem como se fosse a conta da água, da luz, do celular. Ninguém vive sem eles. Aos críticos dos impostos, mesmo para os mais endinheirados sempre digo: pensem em como lhes seria caro se não existissem bombeiros. Vocês teriam de ter uma brigada contra incêndio dentro de tua empresa. Teriam de mandar seus filhos para o exterior para fazer faculdade, pois as particulares não são melhores que as federais. Não usam posto de saúde? Meus parabéns, estão fora de um péssimo local de assistência à saúde, mas os funcionários de tua empresa e de tua residência estão no posto. Imaginem se não tivéssemos impostos onde eles estariam? A questão, então, é cobrar a boa qualidade dos serviços e obras entregues pelos governantes.

Em Pauta – Nosso Estado devido à sua posição geográfica, apresenta dificuldades para atrair indústrias e gerar empregos. Considerando a sua experiência como titular da Secretaria de Finanças da Prefeitura de Campo Grande e da Secretaria de Fazenda do governo de Mato Grosso do Sul, a afirmação é verdadeira? Quais os caminhos para transformar a realidade atual, incentivar a vinda de investidores, modernizar o sistema produtivo e gerar empregos de remuneração adequada?

Lorenzetto – A Secretaria de Produção tem as chaves e o conhecimento para continuarmos o crescimento que está posto e muitos não estão vendo. Basta parar de correr atrás de quimera, do Eldorado, de mitos, gastar energia e recursos naquilo que mesmo difícil é factível. Há pouquíssima propaganda do enorme salto dado nos últimos anos. Ainda creem que somos um Estado onde o boi e soja são dominantes. Ledo engano. A indústria avançou enormente nos últimos anos e dominou quase totalmente nossa economia. Infelizmente, as notícias não aparecem. A nossa cultura não acompanhou o ritmo da industrialização e menos ainda a educação. As indústrias têm enorme dificuldade de contratar mão-de-obra local somente por causa dos pretendentes ao cargo de operário não terem conhecimentos mínimos de matemática. Peguem Três Lagoas, nosso pólo industrial de excelência. Até pouco tempo, só existia um peque no comércio, algumas fazendas de pecuária, a Câmara de Vereadores, a prefeitura e uma ínfima rede de serviços. Todos os funcionários estavam acostumados a fingir que a mãe adoeceu, o pai está com bronquite, o filho com febre e pequenas mentiras similares. Havia o consentimento explícito desses patrões. Esses funcionários não tinham de estudar mais nada. Com a industrialização esse tipo de vida mudou - ninguém adoece de mentirinha, os salários são superiores, o comprometimento exigido é muito maior, as condições de trabalho são diferenciadas. Tudo mudou! A mesma transformação está ocorrendo em uma quantidade imensa de municípios e não contaram.

Em pauta – Quando a coluna entra no ar e como o leitor pode colaborar?

Lorenzetto – Na segunda-feira, dia 16 de setembro. Aos interessados em colaborar ou mesmo apontar suas principais dúvidas relacionadas à economia está disponível o e-mail: empauta@news.com.br. Até lá!

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