Maioria da bancada federal de MS aprova "socorro" do governo contra tarifaço
Presidente Lula anunciou linha de crédito subsidiada e adiamento da cobrança de impostos para mitigar taxação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou um pacote de R$ 30 bilhões em créditos para empresas afetadas pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos. A medida recebeu avaliações divergentes de deputados e senadores de Mato Grosso do Sul, enquanto aliados elogiam a rapidez da resposta e o compromisso com a economia nacional, opositores a consideram paliativa e criticam a condução da política externa brasileira.
RESUMO
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O pacote de R$ 30 bilhões em créditos anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para empresas afetadas pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos recebeu apoio da maioria da bancada federal de Mato Grosso do Sul. Parlamentares governistas destacaram a rapidez da resposta e o compromisso com a economia nacional. Deputados da oposição, no entanto, classificaram a medida como paliativa e criticaram a condução da política externa brasileira. O setor produtivo sul-mato-grossense, especialmente exportadores de carne bovina, aves e pescados, será beneficiado pela iniciativa, que inclui também a compra de produtos perecíveis para programas sociais.
Em defesa do pacote, a deputada Camila Jara (PT) afirmou que a taxa de 50% imposta pelos EUA é “resultado da sabotagem” que a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria fazendo com o Brasil.
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A parlamentar destacou que, além do crédito, o governo comprará produtos perecíveis para programas sociais, o que beneficiará empresas sul-mato-grossenses, apesar do agronegócio do Estado já estar resguardado pelas tratativas comerciais estabelecidas com a China.
“As principais empresas afetadas no estado, como as exportadoras de carne bovina, aves, pescados, entre tantas outras, vão continuar ativas no mercado com o apoio dessa medida federal. Essa resposta rápida do Governo Federal mostra a soberania do Brasil. Mostra também a força do nosso país e a preocupação do governo em apoiar todos os setores”, afirmou.
O deputado Vander Loubet (PT) disse que a medida demonstra “compromisso absoluto” de Lula com empresas e empregos no país, e criticou parlamentares que, segundo ele, apoiam Donald Trump e os interesses dos Estados Unidos, deixando o país de “escanteio”.
“Esse auxílio chega para reduzir os impactos do tarifaço do Trump sobre a produção nacional. Isso é muito importante para proteger as empresas e os empregos no Brasil. E esse auxílio se soma a todo um esforço comercial e diplomático que o governo Lula tem feito com outros países para ampliar os mercados consumidores dos nossos produtos e diminuir a dependência do mercado dos Estados Unidos”, afirmou.
Também favorável, o deputado Dagoberto Nogueira (PSDB) disse que vê as medidas como uma ação para socorrer os empresários em uma situação emergencial, até que sejam abertos novos mercados. “Na hora que ele ajuda os empresários, ele logicamente está preservando os empregos, que é a coisa mais importante”, disse.
Para o deputado Geraldo Resende (PSDB), o crédito representa “um avanço importante”, mas deve ser liberado rapidamente e com juros justos, beneficiando especialmente pequenos e médios produtores. Ele alertou para impactos indiretos no SUS (Sistema Único de Saúde), caso aumente o custo de insumos médicos importados. “O cenário exige serenidade, responsabilidade e união na defesa dos interesses nacionais”, disse.
Do mesmo partido que Geraldo, Beto Pereira (PSDB) adotou um tom mais crítico, e avalia que as medidas emergenciais são importantes, mas pontua que "o mais relevante é que o governo atue de forma mais eficiente e ágil na construção do diálogo e na abertura de novos mercados”.
O senador Nelsinho Trad (PSD) avaliou que o crédito pode manter em operação exportadores afetados pelo tarifaço, sobretudo os pequenos. Entretanto, o parlamentar reforçou que o Brasil precisa se dedicar às negociações diplomáticas para reverter as tarifas e ampliar mercados alternativos.
“Mato Grosso do Sul depende fortemente de setores como carne bovina e não podemos nos limitar a medidas paliativas”, afirmou, citando que tem atuado na Comissão de Relações Exteriores e no Parlamento do Mercosul para viabilizar acordos comerciais com o mercado internacional.
Na oposição quase que total, o deputado Luiz Ovando (PL) afirmou que a iniciativa é “uma faca de dois gumes”, pois, apesar de aliviar a situação momentaneamente, implica endividamento para o empresariado e aumento do déficit público. “Nós temos que ter opção e diversificação de venda. Lula tem feito uma ação que isola o país. A diplomacia brasileira foi abandonada e o governo age com vassalismo”, declarou. Para ele, recursos para os setores atingidos “já deveriam estar acontecendo há muito tempo” e não se pode “brigar com a maior economia do mundo”.
Também crítico, o deputado Rodolfo Nogueira (PL) chamou o pacote de “remendo tímido” e atribuiu as tarifas à postura “ideologizada e amadora” do presidente Lula. “O setor produtivo não precisa de paliativos que maquiam o prejuízo, mas de negociações firmes, segurança jurídica e previsibilidade para manter competitividade e acesso estável ao mercado internacional”, disse.
O deputado Marcos Pollon (PL) e as senadoras Tereza Cristina (PP) e Soraya Thronicke (Podemos) não responderam à reportagem, mas o espaço segue aberto para manifestação.
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