Senador boliviano foi atendido por médico e chorou durante estadia em Corumbá
Próximo ao quarto que abrigou o exilado político Jânio Quadros, ex-presidente do Brasil, o senador boliviano Roger Pinto, 53 anos, recebeu atendimento médico e conversou com o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte (PT), durante a passagem pelo hotel Santa Mônica.
No último sábado, após 21h30 de viagem de carro de La Paz (capital da Bolívia) à fronteira do Brasil, o político boliviano deixou para trás mais de 450 dias de confinamento em um quarto na embaixada brasileira, onde tinha status de asilado político.
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“Agi por uma questão humanitária”, afirma Paulo Duarte, que levou um amigo médico para examinar o senador. Segundo o prefeito, Corumbá sempre auxilia os moradores do país vizinho. “Dessa vez, calhou de ser uma pessoa com representatividade nacional, que geraria essa situação toda”, diz Duarte. O prefeito lembra que a cidade presta auxílio na Saúde e tem 700 alunos de origem boliviana na rede municipal de ensino.
Duarte conta que o senador estava abatido e, por diversas vezes, chorou a falar de sua situação. “Conversei longamente com ele. Se emocionou várias vezes, chegou a chorar. Contando que está longe da mulher há mais de um ano. Depressivo, com taquicardia”, relata.
O diálogo foi travado na noite de sábado, antes de Pinto seguir viagem até Brasília. Do ministro Eduardo Saboia, Paulo Duarte ouviu que o senador estava confinado em um quarto minúsculo.
Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012. Sem citar nomes, Duarte conta que foi solicitado para descobrir se o senador estava em algum hospital da cidade. “Não vou entrar na questão diplomática, foi uma ajuda humanitária”, salienta o prefeito.
O senador é acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia. Em junho, o político foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano, que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado, calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
A fuga dele para o Brasil derrubou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e abriu uma crise diplomática. Oficialmente, o senador de oposição só poderia deixar a embaixada mediante salvo-conduto expedido pelo governo boliviano.