ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 23º

Política

TCE aprova contas do Estado, mas faz oito ressalvas e cinco recomendações

Josemil Arruda | 28/05/2014 17:11
Marisa diz que Estado terá de investir, além dos 12%, mais R$ 224 milhões este ano na saúde (Foto: Cleber Gellio)
Marisa diz que Estado terá de investir, além dos 12%, mais R$ 224 milhões este ano na saúde (Foto: Cleber Gellio)

O Tribunal de Contas (TCE) aprovou nesta tarde de quarta-feira, por unanimidade, parecer prévio favorável às contas do governo de André Puccinelli (PMDB) no exercício de 2013, porém com oito ressalvas e cinco recomendações. A principal recomendação refere-se à aplicação de mais R$ 224 milhões além do mínimo constitucional de 12% na saúde pública em 2014, como compensação por investimento a menor (8,44%) no ano passado.

Outra recomendação relevante é a de que o governo do Estado promova a realização de novos concursos para professores, em razão de ter fechado o ano de 2013 com o magistério da Rede Estadual de Ensino ser constituído 52,58% de temporários, o que equivaleria a cerca de 9 mil contratados.

Na avaliação feita pela relatora, conselheira Marisa Serrano, o governo do Estado aplicou menos que o mínimo constitucional exigido em saúde por ter considerado atividades meio no montante das despesas, com fundamento da Lei do Rateio, chegando a investir 12,5%. Observou, porém, que essa legislação estadual está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF), através de Ação de Declaração de Inconstitucionalidade, e que o art. 25 da Lei Complementar 141 não aceita usar o rateio do gasto com a máquina administrativa para atribuir despesas à saúde pública, nos mesmos moldes que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

A assessoria do Governo do Estado garante, contudo, que a administração de André Puccinelli está certa de que “cumpre o preceito constitucional” que determina aplicação de 12% de impostos e transferências na saúde. Argumenta que a Lei do Rateio está em vigor, assegurando que despesas meio sejam também levadas em conta.

Quanto aos concursos para professores, a assessoria da imprensa do Governo enfatizou o esforço que vem sendo feito nesse sentido, inclusive com a contratação de 311 no ano passado. O Estado estaria fazendo concursos sucessivos para diminuir o número de temporários, inclusive a partir de negociações com a Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems).

Marisa destacou ainda que, embora acima do mínimo legal de 25%, o governo acabou investindo menos do que propalou. “Apesar de o Balanço apresentado consignar a realização de 36,77 % com aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino, entendo que o aplicado efetivamente representa 28,11%, em razão do expurgo do valor lançado por força da Lei Estadual 2.261/2001 (Lei do Rateio), tendo em vista que esta não é contemplada no art. 70 da Lei de Diretrizes e Base da Educação”, afirmou ela no relatório.

Outras recomendações – Fruto de ressalvas quanto à aprovação das contas do governo do Estado, as recomendações exortam o Poder Executivo a promover mudanças na execução orçamentária. Das oito ressalvas feitas, cinco se traduziram em recomendações.

Além das feitas para aplicação de verba em saúde e contratação de professores, o Tribunal de Contas recomendou: 1) aplicação de 0,5% do orçamento no desenvolvimento de ciência e tecnologia, via Fundect, já que teria sido investido 0,12% no ano passado; 2) adoção de mecanismos para melhorar o recebimento da dívida ativa; e 3) efetivação de gastos em saúde através do Fundo Estadual de Saúde e não de outras atividades administrativas, que não são atividade-fim.

Pela aprovação – A conselheira Marisa Serrano informou que as consta do governador André Puccinelli foram apresentadas tempestivamente e que os balanços atenderam às normas da contabilidade pública. Após as considerações sobre as ressalvas, recomendações e inconsistências, que, segundo ela, não seriam suficientes para emitir parecer pela rejeição das contas, a relatora propôs a aprovação da prestação de contas.

Também pugnou, com igual aprovação do plenário do Tribunal de Contas, pela realização de monitoramento da execução orçamentária de 2014 para se verificar o atendimento ou não das recomendações e envio do parecer às demais autoridades fiscalizadoras, como Ministério Público e Tribunal de Contas da União.

Ao final da votação, durante entrevista coletiva, Marisa Serrano informou que desde meados do ano passado uma comissão especial de acompanhamento, ineditamente, começou a fazer a verificação concomitante da execução orçamentária de 2013. Foram realizadas 10 inspeções “in loco”, em razão do não-envio de documentos ou informações solicitadas, inclusive nas secretarias de Saúde e de Segurança Pública, Procuradoria Geral do Estado e Hospital Regional Rosa Pedrossian.

Indagada sobre o motivo de uma fiscalização mais dura na área de saúde, a relatora respondeu: “Não é só saúde. Estamos fiscalizando todas as áreas. Mas o Tribunal de Contas da União vem acompanhando mais de perto a área de saúde porque há uma grande demanda nesse setor. Pesquisa do CNI mostra que 58% dos brasileiros tem queixas sobre a área de saúde”.

Clique aqui para ver o relatório

Nos siga no Google Notícias