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Política

Vereador corre para aprovar “escola civil” com polícia ditando regra na educação

Proposta prevê participação da Secretaria de Segurança na gestão pedagógica

Por Maristela Brunetto e Mylena Fraiha | 05/09/2025 12:22
Vereador corre para aprovar “escola civil” com polícia ditando regra na educação
Alunos na chegada à escola pública: por ordem e disciplina, vereador quer segurança participando da gestão (Foto: Arquivo/ Henrique Kawaminami)

Uma proposta que põe a Secretaria de Segurança e Defesa Social diretamente envolvida com a Secretaria de Educação de Campo Grande para iniciativas na rotina dos estabelecimentos públicos de ensino mobiliza vereadores e representantes da educação. A ideia foi apresentada em fevereiro pelo vereador André Salineiro (PL), estava na Comissão de Educação da Câmara, mas entrou no debate da Casa ontem, após o parlamentar obter regime de urgência para tramitação direto no plenário.

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O vereador André Salineiro (PL) propôs a criação da Escola Civil Metropolitana em Campo Grande, projeto que prevê a participação direta da Secretaria de Segurança e Defesa Social na gestão escolar. A iniciativa inclui práticas como hasteamento diário da bandeira e foco em valores cívicos, patrióticos e morais. A proposta enfrenta resistência de profissionais da educação. O vereador Juari Lopes (PSDB), professor da rede municipal, e Gilvano Bronzoni, presidente da Associação Campo-Grandense de Professores, defendem que a gestão escolar deve permanecer sob responsabilidade dos educadores, sem interferência da área de segurança.

Ele, que conduzia a sessão como presidente ontem, informou que queria a urgência para a cidade ser pioneira na criação da Escola Civil Metropolitana. Salineiro disse que ficou “encantado” com a ideia desse modelo de escola e buscou a tramitação rápida porque tomou conhecimento que Chapecó (PR) avançava em iniciativa semelhante.

Salineiro reconheceu que não buscou profissionais da educação para discutir mudanças na pedagogia e inclusão de abordagens, porque previa resistência. Ele contou que falou com o secretário municipal de Educação, Lucas Bittencourt, e a prefeita Adriane Lopes (PP). O parlamentar diz que não defende mudanças na educação, mas na disciplina.

O projeto prevê que a escola civil tenha temas como valores cívicos, patrióticos, éticos e morais para o aprendizado, incluindo o respeito a leis, direitos e deveres e ideais da família. Conforme o texto, um dos objetivos com essa mudança de gestão seria avançar em parâmetros de segurança pública, envolvendo a comunidade.

Para enaltecer o civismo, a escola civil teria hasteamento diário da bandeira, com ênfase da relevância da atividade. Na mensagem que acompanhou o projeto, no começo do ano, o vereador citou que incluir “valores como respeito, responsabilidade, comprometimento e autocontrole constitui-se importante medida para alunos que vêm de contextos mais vulneráveis, ajudando-os a desenvolver uma mentalidade mais estruturada.”

O envolvimento direto da Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social surgiu com emenda apresentada após, prevendo que a pasta seria parceira da Educação na definição das atividades “a serem realizadas nas unidades de ensino.”

A participação da pasta da Segurança envolveria também tarefas relacionadas à formação, metodologia para acompanhar as escolas e diretrizes pedagógicas e gerenciamento das escolas.

As mudanças por emenda também previram a criação de uma comissão envolvendo as duas secretarias para troca de “informações pedagógicas, educacionais e sociais” e “propor ajustes e melhorias contínuas na integração entre segurança pública cidadã e educação”.

Educação é com professores – Integrante da Rede Municipal de Ensino, o vereador Juari Lopes (PSDB) diz não ver sentido na participação da segurança pública na gestão escolar. “Eu, enquanto professor, não concordo”. Presidente da Comissão Permanente de Educação e Desporto, ele se pôs ao debate em ritmo de urgência e diz que o tema será discutido na semana que vem, reunindo o autor do projeto e representantes de professores.

Salineiro argumenta que sua iniciativa não tem conotação ideológica, mas uma questão de ordem e disciplina, diante do liberalismo que existe. Ele defende que aluno que segue a ordem, aprende mais.

Presidente da ACP (Associação Campo-Grandense de Professores), Gilvano Bronzoni, diz reconhecer a importância de cada área do serviço público para a comunidade, “mas a escola é papel do professor".

Ele defendeu que os servidores sejam ouvidos em debates de projetos de lei que envolvam suas áreas de trabalho. No caso específico da criação da escola civil republicada, disse que era preciso “também expor o lado da categoria em questões que podem mudar os rumos da educação de Campo Grande.” Por fim, argumentou que a entidade tenta “isolar” as “rixas ideológicas” das políticas educacionais.