Filhos aprenderam mecânica do zero para tocar oficina herdada do pai libanês
Negócio começou em 1991, quando o Uno e o Gol dominavam as ruas e resiste até hoje na mesma rua
No ano em que o Gol da Volkswagen e o Uno da Fiat despontavam como carros líderes em vendas, e ainda rodavam muitos Monzas da Chevrolet nas ruas, Semi Salomão Saigali decidiu erguer uma pequena oficina mecânica na Rua Antônio Maria Coelho, em Campo Grande.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A oficina Auto Centro Saigali, fundada em 1991 pelo libanês Semi Salomão Saigali em Campo Grande, nasceu do desejo de criar um negócio familiar para seus filhos Ricardo e Marcelo. O estabelecimento, localizado na Rua Antônio Maria Coelho, cresceu de uma pequena estrutura para uma empresa com 12 funcionários. Ao longo de 34 anos, a oficina conquistou credibilidade no mercado, tornando-se credenciada de uma seguradora. Os irmãos Saigali mantêm o legado de honestidade herdado do pai e planejam expandir os serviços para incluir a manutenção de carros elétricos, adaptando-se às mudanças do setor automotivo.
O ano era 1991. O filho de pais libaneses havia chegado muito antes na cidade, levando a vida como “changueiro” de ferrovia, um faz-tudo, além de comprar e revender qualquer produto que tivesse demanda.
Trabalhou também no Exército por mais de 20 anos. Com as economias, começou a comprar imóveis como investimento. O terreno onde montou a oficina foi adquirido em 1954, quando havia pouco mais do que brejos ao redor do endereço.
Filhos como impulso
Semi queria ter uma empresa onde pudesse trabalhar com os dois filhos e que ficasse de herança para a família, por isso pensou na oficina. Os irmãos Ricardo e Marcelo Saigali tinham 18 e 16 anos quando começaram a aprender, na prática, sobre mecânica.

Hoje com 55 anos, Ricardo lembra que o início foi de desbravamento. “Meu pai se lançou no escuro. Ninguém sabia de nada, começamos do nada, do zero”, conta.
Já havia concorrência naquele tempo. “Só que aí fomos trabalhando, galgando um nome e credibilidade aos poucos e nos destacando,” continua o filho mais velho. Ele reconhece que a localização, por ter se tornado reduto de moradores de classe alta e de grandes comércios, foi um fator importante para o crescimento e consolidação do negócio.
Ricardo e Marcelo também têm uma irmã que preferiu não trabalhar na empresa, seguindo carreira no Direito depois. A mãe dos três morreu, mas é lembrada com carinho pelos anos de dedicação à família. Semi deixou de ir à oficina conforme foi envelhecendo, e agora está com 87 anos.
Honestidade
Chamada Auto Centro Saigali, a empresa é tocada pelos irmãos e tem 12 funcionários. Há pouco mais de 10 anos, virou oficina credenciada de uma seguradora e viu o fluxo de clientes aumentar em cerca de 30%, segundo Marcelo.

Fora a pandemia de covid-19, houve outros tempos de crise nos 34 anos que a oficina está aberta. O primogênito de Semi resume que foram fases contornadas com o mesmo empenho no trabalho de sempre.
O que não faltam por aí são histórias de mecânicos que enganam o cliente e superfaturam o trabalho. Ricardo defende que não é o caso da Saigali porque o pai sempre foi exemplo de honestidade e que ela é um legado para os filhos ainda mais importante que a própria empresa familiar.
Ele nos ensinou transparência em absolutamente tudo: no fazer o que é necessário, no serviço, no contato com o cliente. Assim você ganha confiança. Essa honestidade veio de berço e devemos ao nosso pai, sem dúvidas", diz Ricardo.
Novas mecânicas
O sócio mais velho entre os irmãos também conta que trabalhar com mecânica de veículos era bem mais fácil. A evolução dos sistemas complicou esse tipo de trabalho.

"Ficou muito mais complexo. A modernidade exige mais dedicação, tem que ter mais instrumentos para trabalhar, aparelhos, estudo. Antigamente era muito mais fácil. As coisas se atualizam e você tem que se atualizar junto", afirma.
Uma das metas, agora, é se especializar também em carros elétricos. "É um nicho que não tem como não ter em vista", fala Marcelo.
Os irmãos têm filhos, mas ainda não pensam na sucessão da empresa. "Isso a Deus pertence. A gente tem que fazer o nosso trabalho. Precisa ter o gosto da pessoa aqui", finaliza Ricardo.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.


