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Economia

Cultivo de maracujá doce contribui para aumento de renda na agricultura familiar

Variedades apresentadas tiveram bom desenvolvimento em pequenas propriedades rurais em Campo Grande e Três Lagoas

Gabriel Neris | 20/04/2018 15:49
Novidades foram apresentadas durante evento realizado em Dourados (Foto: Agraer/Divulgação)
Novidades foram apresentadas durante evento realizado em Dourados (Foto: Agraer/Divulgação)

O pesquisador Fábio Faleiros, da Embrapa Cerrados (DF), levou para Dourados – a 233 km de Campo Grande – a cultivar de maracujá doce durante o Tecnofam (Tecnologias e Conhecimentos para Agricultura Familiar), uma opção de renda dentro da agricultura familiar lançada recentemente.

“Essa cultivar é fruto do melhoramento genético ao longo de mais de 15 anos de estudos. Ela vem de uma espécie nativa [Passiflora alata] do Brasil já cultivada para comercialização na década de 1970. A nova cultivar, além do sabor agradável, tem alta produtividade e maior tolerância a pragas”, destaca o pesquisador.

O trabalho despertou a atenção da engenheira agrônoma e pesquisadora da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Aline Mohamud. “Está tendo muito questionamento por parte dos agricultores familiares de Mato Grosso do Sul sobre essa nova cultivar”, disse.

Ela afirma que algumas das variedades apresentadas tiveram bom desenvolvimento em pequenas propriedades rurais em Campo Grande e Três Lagoas. “Pela Cepaer [Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer], eu e a pesquisadora Olita Sallati já testamos as cultivares Rubi do Cerrado, Gigante Amarelo e Sol do Cerrado que, inclusive, estavam entre as variedades expostas na Tecnofam”.

Cada cultivar foi apresentada aos agricultores familiares também com o objetivo de mostrar que é possível o plantio de forma consorciada. “Cultivar o maracujá-azedo e o doce em uma mesma área não tem problema algum. Cada planta deverá ter o seu espaldamento, porém, se o produtor rural quiser ter as duas variedades é algo bem possível”, enfatizou o pesquisador.

Ele explica que a flor de maracujá doce abre das 8h às 12h, enquanto a do azedo abre das 14h às 17h, uma diferença de horário que permite ao produtor se programar sobre os cuidados de cada cultivar. “Duas e três pessoas conseguem polinizar manualmente um hectare sem nenhum problema. Em áreas próximas as matas têm como contar com a ajuda de polinizadores naturais como as abelhas”, completa.

O maior desafio está na formação da clientela em relação ao maracujá doce. “O agricultor familiar vai gastar um tempo maior para encontrar comercialização. Daí a ideia de começar com pequenas áreas e tendo maracujá azedo como outra fonte de renda. Entretanto, o lucro do maracujá doce é mais atrativo podendo chegar a quatro vezes mais que o maracujá”. Segundo ele, no Distrito Federal, por exemplo, o preço pode chegar a R$ 10, enquanto o maracujá custa em torno de R$ 3.

O custo na formação de área não foge da realidade de qualquer investimento para fins comerciais dentro da agricultura familiar. A céu aberto, o produtor familiar terá um gasto em torno de R$ 20 mil o hectare. Já em uma estufa de cerca de 300 a 400 m² o custo deverá ser de R$ 5 a 6 mil reais dependendo dos materiais escolhidos para a instalação.

Tanto o maracujá doce do tipo Mel do Cerrado como Pérola do Cerrado são indicadas para uso na fruticultura ornamental, com utilização das flores, frutos e da própria planta no paisagismo de grandes áreas como cercas e pérgulas.

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