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Saúde e Bem-Estar

Chip contraceptivo liberado pelo SUS já é usado em MS; veja como funciona

O contraceptivo age no organismo por até 3 anos e libera etonogestrel

Por Izabela Cavalcanti | 07/07/2025 11:58
Chip contraceptivo liberado pelo SUS já é usado em MS; veja como funciona
Caixa de Implanon contendo aplicador e um implante de 4 cm (Foto: Divulgação/SES)

O método contraceptivo Implanon já é utilizado na rede pública de Mato Grosso do Sul, de forma restrita, por meio do Protocolo Estadual de Atenção à Saúde Reprodutiva. Mas, agora, o implante passará a ser ofertado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) de uma forma mais ampla, segundo o Ministério da Saúde.

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O SUS (Sistema Único de Saúde) ampliará a oferta do implante contraceptivo Implanon, método já utilizado em Mato Grosso do Sul por meio de protocolo estadual. O Implanon, com duração de até três anos, libera o hormônio etonogestrel, inibindo a ovulação e impedindo a chegada dos espermatozoides ao ovário. Junta-se aos métodos já disponibilizados pelo SUS, como DIU, preservativos, anticoncepcionais orais e injetáveis, laqueadura e vasectomia. O Implanon destaca-se por sua alta eficácia, superando inclusive a laqueadura, e pela praticidade, sendo inserido sob a pele do braço em procedimento rápido com anestesia local. Embora possa causar efeitos colaterais como amenorreia, dor nas mamas, oleosidade na pele e acne, a ginecologista Jéssica Ferzelli ressalta que a ocorrência varia conforme o organismo. O governo federal investirá R$ 245 milhões para distribuir 1,8 milhão de implantes até 2026, visando ampliar o acesso à contracepção e reduzir gestações indesejadas. Em Mato Grosso do Sul, a implementação seguirá critérios de elegibilidade, priorizando adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade.

Segundo o Governo Federal, o objetivo é ampliar o acesso a métodos contraceptivos eficazes e prevenir gestações não planejadas. A expectativa é distribuir 1,8 milhão de implantes até 2026, sendo 500 mil apenas neste ano. O investimento total será de R$ 245 milhões. Atualmente, o produto custa entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.

O contraceptivo age no organismo por até 3 anos e libera etonogestrel, hormônio que inibe a ovulação e impede que os espermatozoides cheguem ao ovário.

Atualmente, o SUS disponibiliza como métodos contraceptivos: DIU (Dispositivos Intrauterinos) de cobre; preservativos externo e interno;  anticoncepcional oral combinado; pílula oral de progestagênio; injetáveis hormonais mensal e trimestral; laqueadura tubária bilateral e vasectomia. O DIU é o único de longa duração, que pode durar até 10 anos, dependendo do tipo.

A diferença é que o DIU apresenta um desconforto maior por ser inserido no útero e é mais demorado para implantar, dependendo da sensibilidade da mulher.  Já o Implanon é inserido sob a pele do braço e dura menos de 1 minuto para a inserção.

A ginecologista e obstétrica Jéssica Ferzelli explica como funciona o chip. “É um dispositivo que fica implantado no braço da mulher, ele libera hormônio diariamente. A cada 3 anos, a gente precisa fazer a retirada desse Implanon que está no braço e colocar um novo. Tanto o procedimento de colocar como o procedimento de retirar, é feito sob anestesia local, é literalmente só uma picadinha e uma ardidinha no braço, a inserção leva segundos e a retirada pode ser um pouquinho mais demorada”, pontuou.

Ainda de acordo com a profissional, este método contraceptivo tem se mostrado ser o mais eficaz para prevenir a gravidez.

“A gente tem uma tabela em que compara a eficácia em prevenir gestação de todos os métodos contraceptivos, e hoje, o Implanon está em primeiro lugar, é inclusive mais eficaz que a laqueadura, e também é muito escolhido pelo público jovem pela facilidade de uso, porque o que a gente vê bastante nas adolescentes é o esquecimento de utilizar o anticoncepcional, e com o implante no braço, libera esse hormônio todos os dias numa dose padrão”, explicou.

Chip contraceptivo liberado pelo SUS já é usado em MS; veja como funciona

Desvantagens – A ginecologista ainda ressalta que existem efeitos colaterais, mas que depende de cada corpo. Ao longo do tempo, a tendência é que a mulher tenha a ausência da menstruação.

“A tendência do Implanon é que a mulher entre em amenorreia ao longo dos meses após o período de adaptação, que é a ausência da menstruação. Existem pacientes que ficam os 3 anos do uso sem menstruar.”

As queixas podem ser dor nas mamas, oleosidade na pele e no cabelo, aumento de acne e irregularidade menstrual.

“O corpo de cada mulher reage de uma forma, esses são os possíveis efeitos colaterais que acontecem em uma parcela pequena da população que faz uso desse método”, finalizou.

Algumas mulheres ainda demonstram resistência em descobrir outras formas de prevenir a gravidez.

A autônoma Samira Campos, de 28 anos, está gestante de 39 semanas, e afirmou que não tem nenhum interesse em utilizar algum método contraceptivo após sua filha nascer.

“Já usei camisinha, não usei medicação. Não penso em outro método, eu vou fazer laqueadura. Já estou decidida”, pontuou.

A florista Luana França, de 25 anos, usa o DIU há 4 anos e não pensa em mudar. “Já ouviu falar do chip, mas já tenho DIU, prefiro, porque não esquece. Tomei anticoncepcional por muito tempo”, comentou.

Chip contraceptivo liberado pelo SUS já é usado em MS; veja como funciona
Luana em frente ao posto de saúde, com a filha no colo (Foto: Izabela Cavalcanti)

Auxiliar de manutenção, Maria Fernanda, de 24 anos, toma anticoncepcional e ficou interessada no novo método que será liberado pelo SUS, mesmo ainda não sabendo como será.

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Maria Fernanda, aguardando atendimento no posto de saúde do Coronel Antonino (Foto: Izabela Cavalcanti)

“Eu uso anticoncepcional. Eu acho que esse pode ser bom, porque não precisa se preocupar tanto. Quando liberar, eu penso em ir ver como é, com um pouco de medo, mas penso em ver”, disse.

Implanon em MS - Em Mato Grosso do Sul, entre 2023 e 2024, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) distribuiu 23.012 unidades de DIUs e e implantes subdérmicos, por meio da Assistência Farmacêutica Estadual e da área técnica de Saúde da Mulher, que faz parte da implementação do Protocolo Estadual de Atenção à Saúde Reprodutiva – Uso de Contracepção Reversível de Longa Duração, lançado em 2020.

No Estado, o protocolo prioriza o atendimento de adolescentes, mulheres em situação de vulnerabilidade, com comorbidades ou que estejam em condições específicas, como o pós-parto e o pós-aborto imediato.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que o Governo Federal tem um prazo de até 180 dias para realizar o envio do dispositivo aos municípios. Os critérios de elegibilidade para o Implanon é ter a partir de 18 anos até 40 anos, com critérios clínicos, como vulnerabilidade social ou presença de comorbidades.

No ano passado, em Campo Grande, foram realizadas 1.105 inserções de DIUs de cobre apenas na APS (Atenção Primária à Saúde) do município.

Atualmente, das 74 USFs (Unidades de Saúde da Família) da APS de Campo Grande, 26 unidades contam com profissionais capacitados para a inserção do DIU. Nas demais, onde ainda não há esse profissional de referência, as mulheres são encaminhadas a unidades especializadas ou que já realizam o procedimento.

A Sesau orienta que toda mulher interessada em conhecer melhor os métodos contraceptivos ou realizar a inserção do DIU procure a unidade de saúde mais próxima de sua residência para receber orientações da equipe multiprofissional e, se for o caso, realizar o agendamento do procedimento.

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