Abrem-se as cortinas, surgem samurais e sobás: a C.G nipônica
Campo Grande, em meados do século passado, era uma ilha de libaneses envolta por japoneses. Acabo de saber, através da memória do senhor Bonifácio Higa, que esta era uma cidade exemplar, como nunca outra existiu em qualquer rincão deste país. À medida que os japoneses por aqui chegavam, formavam colônias. Existiram nada menos de 22 de domínios exclusivos dos descendentes do Sol Nascente. Em cada uma delas, foram construídas escolas. Seus professores, eram todos ex-alunos desses educandários. Era uma condição moral. Aquele que aprendeu, tinha a obrigação de passar seus conhecimentos para as crianças que iam nascendo. Essa é uma história que precisa ser contada. É um arquétipo citadino.
Japonês vai ao cinema.
Caminhões levando os chacareiros nipônicos estacionavam na rua D.Aquino, entre a 14 se Julho e a Calógeras. Era lá que se localizava o cinema Santa Helena. Todas as sextas-feiras, às 20 horas, as sessões exclusivas para japoneses, se repetiam. Quem criou esse belo costume foi o senhor Fukuji Tomiyoshi, que ia a São Paulo alugar películas japonesas. Em 1.956, o cinema campo-grandense, encheu-se de samurais.
O sobá atrás da cortina.
O sobá aporta em Campo Grande no bar de Eiso Tomoyose. Era vendido apenas para japoneses amigos. Chega à feira central através da família Katuren, como um prato destinado apenas aos outros japoneses que trabalhavam na feira. Comiam escondidos, atrás de uma cortina no fundo das barracas. Não se sabe quem foi o primeiro brasileiro a descortinar o show do sobá. Mas existiu um personagem tupiniquim desconhecido que criou o costume do campo-grandense em “devorar” pratos e mais pratos de sobá.
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