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Campo-grandense faz relato da retomada do turismo na Europa

Paulo Nonato de Souza | 22/06/2021 08:12
Roberto Marques, o Robertinho Cabelereiro, de frente para o teleferico, um dos atratitivos turísticos em Lisboa (Foto: Arquivo pessoal)
Roberto Marques, o Robertinho Cabelereiro, de frente para o teleferico, um dos atratitivos turísticos em Lisboa (Foto: Arquivo pessoal)

A vida está voltando à normalidade, ainda que devagar, e já é possível cruzar algumas fronteiras da Europa, mas nada que se compare ao que era antes da pandemia, porque as restrições governamentais seguem rígidas para conter o contágio da Covid-19. É o que conta o campo-grandense por adoção, e bela-vistense de nascimento, o cabeleireiro Roberto Marques, que vive em Portugal desde 2014.

“Por aqui tivemos um rigoroso confinamento (em Portugal não se usa o termo lockdown). Nas ruas apenas a polícia com multas de 100 euros (R$ 597,21 na cotação desta segunda-feira) a 500 euros (R$ 2.988,27) para quem descumprisse a lei, enfim, ficamos em casa confinados mesmo, mas seja em Portugal ou aí em Campo Grande a consciência das pessoas é fundamental. Aqui também você cruza com pessoas sem máscara e algumas, porque já estão vacinadas acham que já podem relaxar”, relatou.

De perfil inquieto e irreverente, Roberto Marques está morando há 8 anos em Lisboa e tem seu salão de beleza no elegante bairro Parque das Nações, lugar de grande concentração de turistas de várias partes do mundo, atraídos por seus espaços verdes e construções como o Oceanário, Teleférico, Pavilhão do Conhecimento, Teatro Camões, a Ponte Vasco da Gama, bares e restaurantes à beira do rio Tejo.

“Em relação ao que era antes da pandemia o turismo está muito devagar. Nesse momento vem turistas americanos, italianos e espanhóis, mas os ingleses que são aqueles que vem em maior numero estão proibidos de entrar em Portugal, mesmo com testes negativos, e o Reino Unido não reconhece Portugal como um país verde de acesso sem Covid”, disse Roberto Marques, popularmente conhecido em Campo Grande como Robertinho Cabeleireiro.

Depois de longo período de confinamento e quase nenhuma opção de lazer, Roberto Marques conta que conseguiu viajar para Madrid e Barcelona, na Espanha, e agora no mês de julho irá a França. “Para os residentes as idas e vindas aqui na Europa estão tranquilas desde que você siga as restrições sanitárias de cada país. Em algumas cidades da Europa o turismo está funcionando. Por exemplo, já podemos viajar para a França, Espanha e Itália. O Reino Unido está fechado porque lá foi decretado confinamento por conta de uma variante do vírus”, comentou ele.

Entre as exigência nos aeroportos, estações de trem e demais lugares de embarque e desembarque estão um formulário online informando o endereço de hospedagem e quais locais esteve nos últimos dias antes da viagem e exame negativo de PCR feito 48 horas antes. O resultado gera um QR Code que precisa ser apresentado no momento do embarque comprovando a ausência do vírus.

Viajar para o Brasil, por enquanto nem pensar. Há restrições de voos procedentes de aeroportos brasileiros e também no sentido contrário. “A abertura para turistas brasileiros ainda não aconteceu, os voos para o Brasil estão limitados para quem tem residência em Portugal, e isso com exigência de teste negativo para o ir e vir, ou seja, são os procedimentos para que você possa viajar”.

Tirando onda de turista em Sines, cidade onde nasceu o navegador Vasco da Gama, a 160 km de Lisboa (Foto: Arquivo pessoal)
Tirando onda de turista em Sines, cidade onde nasceu o navegador Vasco da Gama, a 160 km de Lisboa (Foto: Arquivo pessoal)

Verão sem turistas – Portugal já aplicou ao menos a primeira dose em cerca de 4,6 milhões de pessoas, o equivalente a 45% da população de 10 milhões de habitantes, e os portugueses completamente vacinados são 2,4 milhões, 23,7% do país. O verão europeu, que começou nesta segunda-feira, 21, tradicionalmente é a época do ano em que o país recebe mais visitantes, especialmente Lisboa e as regiões de praias, e com o avanço da imunização na Europa havia grande expectativa do setor turístico.

Já há alguns dias o clima tem sido de muito calor no país, e neste último final de semana os termômetros atingiram a casa de 35 graus. “Mas os turistas sumiram. Em Lisboa você até encontra alguns na região da Baixa-Chiado (importante centro comercial), que é um lugar bastante procurado, e tem apresentado um fluxo grande de turistas, mas muito longe do que era antes da pandemia”, frisou Roberto Marques.

Verão de 35 graus e poucos turistas por conta da pandemia. Em tempos normais, lugares como a Praça do Comércio, junto ao rio Tejo, sempre fervem de visitantes (Foto: Arquivo pessoal)
Verão de 35 graus e poucos turistas por conta da pandemia. Em tempos normais, lugares como a Praça do Comércio, junto ao rio Tejo, sempre fervem de visitantes (Foto: Arquivo pessoal)

Saldo da final da Champions – Roberto Marques avalia que a final da Champions League 2021 entre dois clubes ingleses, o Manchester City e o Chelsea, no dia 29 de maio no Estádio do Dragão, na Cidade do Porto, teve impacto negativo na campanha de Portugal contra a Covid-19.

O jogo teve milhares de torcedores ingleses no estádio (segundo a UEFA foram 14.110 pessoas), cenas de desrespeito dos torcedores às medidas de restrição e depois disso o governo português baixou novas medidas restritivas para tentar proteger o país de uma alta no número de casos de contágio.

“Muitos turistas ingleses estavam programados a curtir as praias da região do Algarve depois da final da Champions e tiveram que antecipar a volta deles para o Reino Unido porque as autoridades portuguesas passaram a exigir quarentena”, contou Roberto Marques.

Até a famosa Rua Augusta, ladeada de lojas, muitas delas de marcas internacionais, está sofrendo com a falta de turistas (Foto: Arquivo pessoal)
Até a famosa Rua Augusta, ladeada de lojas, muitas delas de marcas internacionais, está sofrendo com a falta de turistas (Foto: Arquivo pessoal)

O Estado de Calamidade foi decretado no dia 10 deste mês e irá vigorar até o próximo dia 27. Restaurantes, bares, cafés e pastelarias devem encerrar as atividades à 1h da manhã, com entrada até meia-noite, lotação de 50% da capacidade e lugares marcados pelas regras de distanciamento.

Em Lisboa e Vale do Tejo, região também conhecida como Estremadura e Ribatejo, foi decretada quarentena entre 13h (17h no horário de Brasília) de sábado e 6h (10h da manhã no horário de Brasília) de segunda-feira. Envolve uma área com 2,9 milhões de habitantes, 30% da população portuguesa. Pelas regras, depois do horário quem estiver fora da região terá a entrada bloqueada.

“No restante da semana o comércio em geral só pode ficar aberto até às 22 horas, mas aqui em Portugal normalmente os bares e restaurantes já fecham a meia noite. A diferença é que agora só pode funcionar até às 22 horas”.

Alta de casos no público jovem – Roberto Marques contou que em Portugal a alta de casos de Covid-19, após a retomada do turismo, foi registrada principalmente na faixa etária entre 18 anos e 30 anos.

“É o pessoal mais jovem que as vezes acaba não dando tanta importância nos cuidados prioritários, como uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento. Para preocupar ainda mais, agora é época de férias na Europa, os jovens se encontram, fazem aglomerações e isso fez aumentar o número de casos”, disse Roberto.

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