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Amadurecimento, poder e patologia

Marta Ferreira | 16/02/2012 16:20

Uma das tentações humanas é a sede de poder. Sabe-se que tal tendência tem suas raízes no início da vida psíquica onde, devido às limitações da percepção da criança, ela não distingue o que é ela, do que é o mundo externo a ela. Assim, em nossos primórdios, todos percebemos nossa mãe, seu seio e colo, como partes de nós mesmos. Nesse momento, a“fúria” da criança frente a um atraso da mamada, é uma fúria com ela mesma, pois, para ela, o “outro” ainda não existe. Com o crescimento, nos damos conta de haver um outro mundo que não somos nós, que há “outros” que ora nos atendem e ora nos frustram.

Tais frustrações nos educam, nos ensinam a controlar nossas raivas e nos conformarmos com o fato de que o mundo não nos pertence e que não o controlamos. Essa caminhada faz parte do que chamamos “amadurecimento” do sujeito e todos percebemos que há pessoas mais ou menos amadurecidas que outras e, portanto, mais ou menos conformadas com o fato de não dominarem ou controlarem o seu meio ambiente, como se fosse ele um pedaço do seu próprio corpo.

Quanto menos amadurecida, então, maior será a sede de poder, a fúria e a intolerância desse sujeito diante da diferença, da contrariedade. A maior parte deles acaba marginalizada, após oprimir algumas pessoas, principalmente em seu meio familiar. Outros, mais talentosos, tornam-se pregadores, lideres, quando então tentam diminuir a diferença entre o que há em suas cabeças e a dos outros. E há os mais furiosos que, simplesmente, encontram justificativas para eliminarem os diferentes, os herejes, o judeu, seja nas fogueiras medievais, seja nos campos de concentração nazistas, comunistas, etc.

No século passado, com respingos neste milênio, essas ideologias totalitárias ofereceram oportunidades ideais aos que imaginam que o mundo deva funcionar como pedaços de si mesmos, portanto, sem divergências. Outro fator de apego ao poder abusivo é sua função compensatória, pois o germe da imaturidade está no sentimento de desamparo, desvalimento, vivido pelos futuros “donos do mundo”, em sua infância. Por isso leitor, “Democratização, controle social da imprensa” é o doce nome com que volta bater à tona a tentativa dos imaturos em eliminarem a diferença, a pluralidade de opinião.

Reviram os olhos de prazer com a invasão e depredação de propriedades legítimas e produtivas, seja para expansão de aldeias ou de assentamentos afavelados, porque, nesse momento, se sentem superiores àqueles então humilhados pela impotência de seus direitos e tomados por sentimentos de desamparo. São práticas, leitor, que dão sensação de poder aos manipuladores, porque vêem e projetam no outro, o desamparo infantil que viveram e os assola ao longo da vida.

E como o macaco esperto que usa o gato para roubar biscoito do fogo, ainda gozam ao manipularem pessoas simples para atingirem seus objetivos ocultos. Quem nos desmente?

(*)Valfrido M. Chaves Psicanalista, Pós Graduado em Política e Estratégia(Adesg /UCDB)

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